Redes sociais mataram o BBB, mas o reality ainda tem salvação

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Qualquer formato que perdure muitos anos na TV sofre inegavelmente um desgaste. No ar desde 2002, o BBB é um bom exemplo disso. O programa teve que inventar novas dinâmicas e ousar na escolha do elenco para instigar a curiosidade do público e mantê-lo conectado à atração.
Embora a longevidade seja um grande inimigo do BBB, o passar dos anos não causou o estrago que as redes sociais fizeram no reality show. Peças importantes para turbinar a repercussão do jogo, X (antigo Twitter), Instagram e TikTok trouxeram duas consequências negativas para o BBB e que impactam diretamente os rumos da competição.
O desdobramento mais óbvio que a internet provocou no programa é a interferência na votação. As máfias das torcidas se organizam para fazer mutirões a fim de manter no BBB seu participante preferido. O problema dessa prática é que ela não favorece o jogo e mantém muitas "plantas" no programa, como é o caso de Danielle Hypólito, Delma e Maike na atual temporada. Nem a instituição do voto único tem ajudado a contornar esse problema.
A segunda interferência causada pelas redes sociais no BBB é vista no comportamento dos participantes. De olho numa possível carreira como influencer, a maioria dos confinados opta pela apatia e evita conflitos com receio do cancelamento, o que mina todos os esforços da produção para movimentar o programa. Se os escolhidos para o BBB juntassem lé com cré perceberiam que essa postura é ineficiente e burra, pois os ex-BBBs que conseguiram mais destaque após o reality show foram justamente aqueles que não tiveram medo de se expor e de ser autêntico, como Bia do Brás e Fernanda Bande, do BBB 24.
Como bem apontou Chico Barney em sua coluna na última semana, a salvação do BBB passa pela mudança da votação. Ou o voto único por CPF se torna a única forma de eliminar os participantes do programa ou ele passa a ter peso 2 enquanto o voto da torcida tem peso 1.
Mas só essa transformação não é o suficiente para resgatar o reality show. Outro ponto precisa ser melhorado: as provas do líder, do anjo e do bate-volta merecem ser repensadas para ficarem mais dinâmicas e emocionantes. Uma saída para isso é diminuir o número de participantes que realizam esses desafios. Além de indicar um concorrente para o paredão, o líder da semana deveria fazer uma pré-seleção de quem poderá disputar a próxima prova do líder e a prova do anjo. Esses nomes eleitos pelo líder poderiam ir para uma votação popular e apenas parte deles realiza o desafio. Essa alteração seria um modo de engajar a torcida de outra maneira, já que eles perdem importância na eliminação.
Além disso, após todo "Sincerão", o público poderia votar para punir os BBBs que sabonetaram durante a dinâmica. Os castigos poderiam ser os mais variados possíveis: desde ficar uma semana no "Tá com Nada" até ser impedido de participar das festas do programa ou ir parar no temido "Quarto Branco".
Outra medida necessária para salvar o "BBB" é inserir uma cláusula no contrato que impeça que os confinados contratem coaches para saber como se comportar diante de conflitos, como fez o ator Diogo Almeida antes de entrar para o BBB 25. Em um formato que pressupõe que as pessoas sejam verdadeiras é inadmissível que alguém se prepare previamente para interpretar um personagem diante das câmeras.
Ainda não temos detalhes sobre como será o BBB 26, mas esperamos que a primeira edição que terá 100% de Rodrigo Dourado traga modificações profundas para espantar a monotonia que foi a grande marca da atual temporada.
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