Oscar 2025: Fernanda Torres na disputa de uma edição já histórica
Por: Ana Claudia Paixão - via Miscelana
O Oscar 2025 já é histórico antes mesmo de ter acontecido. A festa de 02 de março será acompanhada por uma calorosa torcida brasileira por estar representado tanto por Walter Salles Jr. assim como por Fernanda Torres, em categorias de prestígio. Melhor ainda? Com chances de ganhar.
Artistas não gostam da comparação, mas há muito que o Oscar é equiparado a "ganhar uma Copa do Mundo", mesmo que a premiação - que está a dois anos de seu centenário - seja sobre a Indústria Cinematográfica americana. Aliás, esse é um elemento que não deve perder de vista porque é uma festa americana antes de mais nada, mas Hollywood é liberal e tem se esforçado para ser mais inclusiva. Se está conseguindo, são outros 500 e de novo, esse também é um elemento a ser lembrado porque ele "ajuda" Fernanda.

Transformando o Oscar em uma plataforma "maior", há um momento no qual o mérito artístico deixar de ter força porque Cinema nos Estados Unidos, acima de qualquer outro país, é um negócio antes de ser Arte. No Brasil, contar uma história em audiovisual demanda comprometimento de alma porque os recursos são combinados de várias fontes, em escalas infinitamente menores. Apenas uma paixão pela Arte motiva arriscar e com isso, o reconhecimento mundial de Ainda Estou Aqui é gigantesco.
Nos anúncios dos Indicados ao Oscar em 2025 o que se nota é quase uma "renovação" onde há rostos conhecidos, mas, em geral, são talentos ainda menos decifrados pelo grande público. Há muitos que nunca foram indicados antes, em especial na mais disputada de todas as categorias que é a de Melhor Atriz.
Karla Sofía Gascón, a primeira atriz trans indicada a um Oscar, É uma atriz espanhola que é estrela no México. Adorei seu trabalho em Emilia Perez, mas não a vejo entre as favoritas. Mickey Madison está no meu filme favorito, Anora, que é lindo, mas ela é a jovem iniciante das cinco, a indicação já é o prêmio. Cynthia Erivo é a veterana na categoria por já ter sido indicada antes, está perfeita em Wicked, mas ainda não é sua vez.
Chegamos à Demi Moore. Com uma carreira ativa há mais de 40 anos, Demi esteve à frente de grandes bilheterias e filmes de Oscar, mas ela mesma, como lembrou no Golden Globes, não era considerada talentosa o suficiente. Poderíamos argumentar que o fato de estar indicada em todas as premiações a fortalece como possível vencedora no Oscar, mas a indicação por si só também pode ser um prêmio. Ela quer mais, mas Demi sempre teve o apelido de "gimme more" (me dá mais) em um trocadilho com seu nome. Ela está incrível em A Substância e é sorte da torcida de Fernanda que seja um filme pequeno e de terror porque assim é mais limitante do que incentivo. Há o argumento de que Demi é a estrela que faz o grande retorno da temporada 2025, mas eu torço por Fernanda Torres.
Fernanda, para nós brasileiros, é gigante. Sempre foi. Filha de duas lendas, com apenas 20 anos venceu em Cannes como Melhor Atriz, em 1986, por Eu Sei Que Vou Te Amar. A partir daí, construiu um mundo de personagens dramáticas e cômicas inesquecíveis, tanto no cinema, na TV como no teatro. Sua atuação em Ainda Estou Aqui tem um peso maior para nós que temos como comparar com tudo que fez e afirmar com todas as letras que é uma atuação merecedora de Oscar. Sem ufanismo (mas com ufanismo).
No dia 2 de março, o Dolby Theatre será palco de um encontro de histórias, sonhos e talentos. E, independentemente do resultado, o fato de estarmos ali já diz muito sobre a força de nossa arte. Fernanda está vindo com tudo, e nós estaremos torcendo com o coração na mão.

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