Cássio Scapin estreia nos palcos com texto do dramaturgo Terry Johnson
Por: Flávia Viana
Em um hotel na Nova York de 1953 se passa o hipotético encontro entre quatro famosas lendas norte-americanas - a estrela de cinema Marilyn Monroe, Albert Einsten, cientista criador da Teoria da Relatividade (que levou à criação da Bomba H e, consequentemente, à Bomba Atômica), Joe DiMaggio, renomado jogador de beisebol e marido de Marylin, e o infame senador Joe McCarthy. Encontro que poderia acontecer hoje, trocando os personagens originais por seus pares na atualidade.

Este é o enredo da peça Insignificância, texto do dramaturgo e diretor de teatro, cinema e televisão inglês Terry Johnson, lançado em livro em 1983, na qual os atores Cássio Scapin, Amanda Acosta, Marcos Veras e Norival Rizzo assumem os papéis do Professor, da atriz, do jogador de beisebol e do senador, que estreia em outubro no Teatro FAAP, em São Paulo, sob a direção de Victor Garcia Peralta.
Este encontro singular destaca uma das questões mais discutidas na mídia contemporânea: as consequências da fama, tanto na vida pessoal de renomadas celebridades, em relação às concessões necessárias para alcançá-la ou preservá-la, quanto à sua exploração para objetivos políticos. Através das perspectivas de figuras que simbolizam alguns dos maiores fenômenos de popularidade do século XX, o autor reflete sobre as maneiras de lidar com a fama (ou com a perda dela): a rejeição por parte do cientista, a aceitação hesitante, personificada no mito sexual que Marilyn continua a representar, e a decepção quando a fama se dissipa, refletida no personagem do jogador.
Outro componente se une ao enredo: a política, representada pelo macartismo no contexto da Guerra Fria, quando o senador McCarthy capitaneou uma verdadeira "caça às bruxas" nos EUA, com o objetivo de criminalizar o comunismo e seus adeptos, cerceando as liberdades políticas.
A montagem brasileira tem tradução de Gregório Duvivier e reedita a parceria entre o produtor Rodrigo Velloni e o autor, após a montagem, em 2016, do espetáculo Histeria, com direção de Jô Soares, que recebeu o prêmio Arte Qualidade Brasil de Melhor Produção/2017. Os figurinos de Fábio Namatame, o visagismo de Claudinei Hidalgo e as perucas de Feliciano San Roman são ingredientes essências na montagem, captando e personificando as celebridades "emprestadas" ao texto.
Mais de 40 anos nos separam da escrita de Insignificância, e outros 70 da época em que se passa o enredo, mas as situações e os personagens continuam muito atuais. A estrela de cinema hoje seria musa das mídias sociais. O jogador de beisebol, para nós, brasileiros, seria o jogador de futebol, com milhões de seguidores e sem muita noção. O senador poderia estar sentado no plenário brasileiro, dizendo e fazendo o mesmo que o escroque do texto de Johnson. O único que, se estivesse ainda entre nós, estaria trazendo contribuições à sociedade seria o cientista.
O espetáculo é realizado através da Lei de Incentivo à Cultura Lei Rouanet, Ministério da Cultura e Governo Federal União e Reconstrução, e do ProAC, Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas.

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