Metrô, bonde e até 'uber' gratuitos: como é o transporte público em Miami

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"É divertido de olhar e é divertido de andar", dizia o repórter de TV em 1986 anunciando o transporte de Miami que ficou conhecido como um dos primeiros veículos totalmente automatizados do mundo: o Metromover, uma espécie de trem em trilhos elevados.
Avisos que mesclavam a voz humana com voz computadorizada para gravar o famoso áudio please stand clear of the doors (fique longe das portas) eram novidade e dizia-se que chamariam mais a atenção do que uma voz humana.
Quase 40 anos depois, entrar em veículos leves sobre trilhos sem motoristas já faz parte da rotina em Las Vegas, Dubai, Londres e muitos outros grandes centros urbanos e nem impacta mais. Mas o sistema de Miami ainda faz brilhar os olhos.

No país não exatamente conhecido pela eficiência em mobilidade, o Metromover ganhou desde 2002 um diferencial e tanto: é gratuito. Cobrindo três voltas diferentes e 21 estações distribuídas ao longo de 7 km de linha pelo Downtown Miami e pela região financeira da Brickell, ele não é o único transporte gratuito de Miami.
A cidade conta ainda com o trolley, o "bondinho" em estilo antigo que roda por áreas adoradas pelos turistas como Wynwood, Little Havana, Coconut Grove e Brickell.

E, desde 2023, tanto moradores quanto turistas vêm usando até carro por aplicativo gratuito: o Freebee. Trata-se de um shuttle elétrico, para até cinco pessoas, que circula por áreas como Aventura, South Beach, Coral Gables, Brickell, Downtown, entre outras. Os passageiros podem embarcar em um dos pontos de parada, no sinal vermelho, ou reservar uma viagem pelo aplicativo.

Mais opções
Enquanto na cidade-irmã Orlando é impossível sair do aeroporto sem carro, em Miami até para ir do aeroporto ao centro tem jeito. Dá para deixar separado só US$ 2,25 para usar o Metrorail, o trem elevado que forma mais um dos sistemas de transporte da cidade.
São só duas linhas, a laranja e a verde, que param a cada uma milha (1,6 km) entre Palmetto e Dadeland. Para ir ao Downtown, por exemplo, basta descer na Government Center e então pegar o gratuito Metromover.

Como manda a regra de uma boa integração, a Government Center está bem em frente à MiamiCentral Station, de onde partem mais opções de transporte. A estação é de 1896 e não tem nem cara nem jeito das estações centrais de grandes capitais europeias onde as colunas monumentais e os relógios centenários costumam ganhar destaque no ambiente.
A estação central de Miami foi toda remodelada e reinaugurada em 2018 com painéis luminosos, pisos brilhantes, lojas e bar, mais parecida com uma área de aeroporto moderno do que com uma estação de trem.
Ela funciona como um hub, e ali param mais algumas alternativas de transportes: uma é o trem Tri-Rail, que leva para as cidades vizinhas Fort Lauderdale e West Palm Beach de um jeito econômico — por US$ 5 e US$ 8,75 o trecho, respectivamente.

Outra é o Brightline, o trem novato que já chegou arrasando. Desde 2018 o Brightline liga Miami a Fort Lauderdale e West Palm Beach (e desde 2023 faz a rota entre Miami e Orlando) com um baita conforto, mas também por um preço mais alto — no Brightline o bilhete mais barato entre Miami e West Palm Beach custa US$ 20. Formam a mordomia poltronas de couro, wi-fi, bandejas feitas para apoiar o notebook e o celular, banheiros com tecnologia touchless e espera em poltronas quase como as de salas vip dos aeroportos.
Limitações
Apesar do trolley e do metromover gratuitos,do trem comum e das linhas de ônibus, a cobertura do transporte público ainda é limitada. Na espalhada cidade, é só querer ir um pouco para a direita ou um pouco para a esquerda, que a coisa complica.
Os números provam: de acordo com a pesquisa INRIX Global Traffic Scorecard, o trânsito de Miami aumentou 30% de 2021 a 2022, fazendo dela a oitava cidade mais congestionada do planeta.

Outros dados recentes também confirmam que a oferta de transporte público ainda é pouca. Os motoristas de Miami passam 105 horas por ano no trânsito, representando o quinto maior tempo no estudo feito em 2024 pela plataforma Forbes Advisor em 47 das mais populosas cidades norte-americanas.
Além disso, de acordo com dados do trânsito do condado de Miami-Dade, cerca de 5% das pessoas em Miami têm usado o transporte público em dias da semana.
O condado de Miami-Dade está trabalhando para mudar esse cenário e tem um plano de expansão, o SMART. Para 2025 estão previstos, por exemplo, cinco corredores expressos de ônibus. E está nos planos ainda uma extensão do Metrorail, com mais oito estações e 32 km de linha, que deve ser inaugurada em um futuro um pouco distante: em 2037.
Enquanto isso, os turistas podem continuar aproveitando o transporte nas áreas turísticas e o baixo preço para ir de um lado para o outro em Miami em tempos de dólar alto.
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