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Casal e filha fazem mochilão pelas Américas: "Com bebê é mais divertido"

A família na Stawamus Chief, montanha no Canadá - Arquivo pessoal
A família na Stawamus Chief, montanha no Canadá Imagem: Arquivo pessoal

Rebecca Vettore

Colaboração para Nossa

01/08/2022 04h00

Quem pensa que viajar com criança é um pesadelo, precisa conhecer esse casal. Mochilar sempre foi uma das grandes paixões de Milly Godwin (@wildtravelchild), uma parteira inglesa de 30 anos, e Stu, um engenheiro australiano de 33. Enquanto viajavam apenas como um casal, o Sudeste Asiático estava entre uma das regiões preferidas, mas a América do Sul sempre esteve na lista de desejos.

Por isso, quando começaram a pensar em ter um filho, decidiram que a mudança não faria com que eles parassem de conhecer novos destinos, mas nunca tiveram ilusões de que seria fácil mochilar com um bebê.

Mesmo diante das possíveis dificuldades, combinaram que iam usar as respectivas licenças materna e paterna de um ano para visitar países das Américas.

À espera da estrada

Durante a gravidez, o casal planejava começar a viajar quando a pequena Poppy tivesse seis semanas, mas o plano acabou mudando por alguns acontecimentos.

Como Poppy estava sentada, o parto precisou ser cesariana, requerendo mais repouso de Milly.

Casal e bebê na Escadaria Selarón, no Rio de Janeiro, o primeiro destino do mochilão - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Casal e bebê na Escadaria Selarón, no Rio de Janeiro, o primeiro destino do mochilão
Imagem: Arquivo pessoal

Depois que a bebê nasceu, Stu começou a sentir fortes dores de cabeça. Com a piora do quadro, vieram vômitos e tonturas. O engenheiro fez uma tomografia cerebral que revelou um tumor no cérebro. Uma cirurgia de urgência foi realizada e a data de início da viagem para a América do Sul foi adiada.

Com a plena recuperação, a família iniciou a primeira viagem da Poppy quando ela tinha apenas seis meses.

Viajando pelas Américas

Juntos há sete anos, os dois pegaram o salário da licença maternidade de Milly e guardaram um pouco de dinheiro para começarem a viajar com Poppy.

Com Stu vivendo seu ano sabático do trabalho, a família começou a se aventurar em fevereiro deste ano. A primeira parada da aventura foi no Rio de Janeiro. No mês seguinte, foi a vez de conhecerem Buenos Aires, Patagonia, Bariloche e Geleira Perito Moreno, na Argentina.

"Nunca tínhamos vindo ao Brasil antes, mas havíamos escutado ótimas coisas sobre o país. Ficamos uma semana no Rio e foi o melhor lugar para começar a viajar. Obviamente é uma cultura diferente. Ficamos impressionados com as cores e a beleza da cidade", disse Milly.

Nós amamos o Rio, tem lindas praias, florestas, montanhas e ótimas comidas."

Em seguida, foram para Lima (Peru) e Equador, últimos destinos da América do Sul, e iniciaram o roteiro pela América Central visitando praias da Costa Rica, uma ilha do Panamá e um vulcão da Guatemala em abril.

"Na Costa Rica, vimos iguanas e macacos. Na Guatemala, exploramos a história antiga e, no México, vimos lindos lagos azul-turquesa — levamos Poppy no oceano e ela gostou muito de nadar —, e vimos cavalos-marinhos em Belize", relembra Milly.

Miully e Poppy em Caye Caulker, Belize - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Miully e Poppy em Caye Caulker, Belize
Imagem: Arquivo pessoal

Em junho, chegaram aos EUA, passando por San Francisco (Califórnia) e Oregon. Em julho, acabaram a aventura pelas Américas, visitando Colúmbia Britânica e Vancouver no Canadá.

"Dirigimos de Los Angeles até o Canadá. Pegamos a estrada costeira que passava pelas praias, acampamos no meio do caminho, e não tínhamos internet ou telefone, e isso foi bem relaxante. Pudemos ver o oceano por todo lado, o que foi muito legal."

Bebê à bordo

Quando a parteira relembra a melhor experiência da viagem, acaba elencando logo três: levar a bebê Poppy para conhecer o oceano, acampar com ela e levá-la na floresta.

"Foi um momento mágico explorar o mundo com ela. Nós aprendemos que viajando com um bebê, precisamos ir devagar e ser flexíveis. Por isso tentamos não reservar nada com antecedência, porque se ficássemos muito cansados, poderíamos ficar em algum lugar por mais tempo.

É com certeza mais devagar viajar com um bebê, mas é mais divertido."

Stu e Poppy em Whistler, Colúmbia Britânica, Canadá - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Stu e Poppy em Whistler, Colúmbia Britânica, Canadá
Imagem: Arquivo pessoal

Entre os maiores desafios enfrentados durante as viagens, Milly destaca a privação de sono — seu bebê, assim como muitos outros, não dormia muito bem à noite.

"Mas acho que provavelmente estaríamos tão exaustos se estivéssemos em casa, porque ela não dormia. O outro desafio era estar com Poppy em um ônibus por muitas horas. Ela não gostava e ficamos muito estressados. Por isso, limitamos as nossas viagens para não durarem muito tempo."

Apesar disso, Milly conta que Poppy era muito tranquila e amava ter atenção dos pais o tempo todo, e foi ótimo vê-la crescendo e se desenvolvendo nas viagens. "Ela ficou bem sociável por causa das viagens, sempre balbuciando com os moradores locais e as crianças. Todos que encontrávamos, vinham falar 'oi Poppy'."

Mãe e filha no Mercado Nº 1 de Surquillo, no Peru - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Mãe e filha no Mercado Nº 1 de Surquillo, no Peru
Imagem: Arquivo pessoal

Apesar da aventura pelas Américas ter acabado, a família ainda fará algumas viagens pela Europa, antes de acabar a licença maternidade em setembro.

Aconselho a todos os novos pais a considerarem usar a licença-parental para viajar. Os bebês podem voar de graça e são muito portáteis, tudo o que você precisa é de um sling", aconselha Milly.