Treinadores discordam sobre nova rivalidade entre Chute Boxe e Fighting Nerds

Conhecido como o 'País do Futebol', o Brasil criou uma cultura esportiva na qual as rivalidades entre equipes eram bastante valorizadas e, até mesmo, incentivadas - inclusive em modalidades individuais. Isso também pôde ser visto no MMA, onde desde os primórdios, rixas entre artes marciais ou academias diferentes - como jiu-jitsu vs luta livre e Chute Boxe vs Brazilian Top Team - elevaram o nível de competição e o interesse do público. Hoje, depois de um longo período de 'calmaria', o cenário nacional do mundo das lutas parece dar as boas-vindas a um novo momento de antagonismo entre times - ainda que os líderes dos dois lados divirjam sobre esta potencial rivalidade.

Pupilo do mestre Rudimar Fedrigo, Diego Lima é um dos responsáveis por transformar Charles Do Bronx em campeão do UFC. Além do grande expoente de sua academia, o líder da 'Chute Boxe Diego Lima', localizada em São Paulo (SP), também ajudou na construção da carreira de diversos lutadores com passagens por grandes eventos, como o Ultimate, sendo amplamente reconhecido como um dos melhores treinadores do Brasil há alguns anos.

Também oriundo da trocação, Pablo Sucupira e sua equipe, a 'Fighting Nerds', tomaram de assalto o MMA mundial em pouco tempo de existência. Com uma proposta diferente, o treinador e seus pupilos - entre eles, Caio Borralho, Jean Silva, Maurício Ruffy e Carlos Prates - busca no estudo, dos oponentes ou de carreira, um diferencial para os demais concorrentes. Com ótimos resultados, a academia - também baseada em São Paulo - foi escolhida como a melhor do ano de 2024 no 'Oscar do MMA'.

Com ambas no topo, era de se esperar que os confrontos entre representantes das duas equipes no UFC se tornasse comum. No último sábado (26), o primeiro deles foi disputado, entre o irlandês Ian Machado Garry, da Chute Boxe, e o 'Nerd' Carlos Prates - e vencido pelo primeiro. Mas antes mesmo de duelarem no octógono mais famoso do mundo, o clima entre os membros dos dois times e seus simpatizantes esquentou, dando sinais de uma possível nova grande rivalidade entre academias brasileiras, como ocorreu entre a carioca Brazilian Top Team e a curitibana Chute Boxe, no início dos anos 2000 - uma comparação descabida na opinião de Diego Lima, em entrevista exclusiva à Ag Fight.

"Com todo respeito, não existe rivalidade nenhuma. Muitas pessoas comentaram: 'Chute Boxe e BTT'. Eu acho que quem viveu a época sabe o que era aquela rivalidade. Existe uma coisa muito diferente entre uma rivalidade e uma competição, entre você ter um rival e ter um adversário, acho que são coisas totalmente diferentes. As redes sociais ganharam um rumo cada vez maior, antigamente não tinham as redes sociais como são hoje. Antigamente existia uma rivalidade, nada foi planejado, nada foi marcado, nada foi feito já pensando em rede social, em promoção... Muito pelo contrário, nós vivemos uma rivalidade absurda entre Chute Boxe e BTT, de verdade, vivemos a rivalidade do jiu-jitsu com a luta livre no Rio de Janeiro, que foi uma coisa absurda também. Agora querer comparar com uma rivalidade... Eu imagino o Minotauro e o Wanderlei assistindo esse vídeo agora, eles vão dar risada (risos)", despistou o líder da Chute Boxe SP.

Para corroborar seu pensamento, o treinador da filial da Chute Boxe na capital paulista deu como exemplo seu bom relacionamento com um dos principais nomes da 'Fighting Nerds', o peso-pena (66 kg) do UFC Jean Silva. Lima, inclusive, não esconde que torce pelo sucesso do lutador da equipe rival, desde que o mesmo não seja escalado para enfrentar um de seus pupilos.

"O que existe hoje é uma competição. A última luta do Jean Silva, por exemplo, eu torci por ele, eu gosto dele, nós nos tratamos muito bem. Tenho um respeito e uma admiração muito grande por ele, e eu torci por ele. Eu não chamo de rivalidade, chamo de competição saudável entre equipes. Eu, sinceramente, acho que a palavra rivalidade é muito mais para ser usada por um marketing nas redes sociais. Eu ouvi muito: 'Que legal, a nova BTT e Chute Boxe'. Galera, desculpa, quem fala isso é porque não tem nem noção do que era aquilo. E hoje, como as redes sociais estão muito fortes, tudo as pessoas querem mostrar nas redes sociais, querem usar para se vender, para promover, querem usar para fazer marketing - o que não está errado! Eu acho muito legal também", ponderou.

Rivalidade aprovada pela Fighting Nerds

Por outro lado, Pablo Sucupira não vê a possível rivalidade com a Chute Boxe Diego Lima como um problema, pelo contrário. Também em bate-papo exclusivo com a reportagem da Ag Fight, o comandante da Fighting Nerds abriu as portas para o espírito de competição entre os dois times paulistas e seus representantes. Mais do que o benefício esportivo, o treinador entende que a disputa entre as duas gigantes do MMA nacional pode trazer ainda mais visibilidade para a modalidade no 'País do Futebol', assim como já ocorreu no passado.

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"Eu acho que faz parte essa rivalidade, que algumas lendas, alguns boatos rolem, acho que enriquece o jogo, enriquece o MMA. Fazia tempo que não tinham duas equipes brasileiras que eram faladas, que vão disputar para ver quem é a melhor equipe do MMA nacional - eu estou animado para essa disputa, estou feliz com isso. Gosto muito do Diego Lima, gosto muito da Chute Boxe. Por muito tempo fui fã da equipe dele, e sou até hoje. Tenho a honra de poder dizer que hoje somos rivais - talvez a principal rivalidade do MMA brasileiro. Que seja leal, que seja verdadeira, mas que exista. Que a gente rivalize para ver quem vai ganhar as lutas, quem vai ser o maior expoente e, com isso, que o Brasil cresça no MMA mundial. Essa disputa com a Chute Boxe vai elevar o MMA nacional, vai elevar o esporte, vai trazer mais visibilidade, mais patrocínio, mais condições para os lutadores. E trazer (de volta) o tempo de ouro do MMA, do Vale Tudo", apostou Sucupira.

No primeiro embate entre Chute Boxe São Paulo e Fighting Nerds no octógono do UFC, a equipe liderada por Diego Lima, com a vitória por pontos de Ian Machado Garry sobre Carlos Prates na luta principal do UFC Kansas City, no último sábado. Agora, resta saber quem levará a melhor nos - inevitáveis - próximos combates entre representantes dos dois times.

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