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Marcel Rizzo

REPORTAGEM

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Conmebol espera apoio dos EUA para candidatura sul-americana à Copa de 2030

Argentina, Uruguai, Chile e Paraguai lançaram a candidatura para Copa do Mundo de 2030 na sede da AFA, em Buenos Aires - Divulgação/AFA
Argentina, Uruguai, Chile e Paraguai lançaram a candidatura para Copa do Mundo de 2030 na sede da AFA, em Buenos Aires Imagem: Divulgação/AFA

Colunista do UOL

08/02/2023 11h32

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A Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) negocia o apoio da Concacaf, entidade que reúne os países das Américas do Norte e Central e do Caribe, para a candidatura conjunta de Argentina, Uruguai, Chile e Paraguai como sede da Copa do Mundo de 2030. Espera-se que os 41 votos que a Concacaf terá no Congresso da Fifa em março de 2024 sejam dos sul-americanos. Os EUA são os principais incentivadores da parceria.

Na semana passada, as duas confederações anunciaram acordo para a realização de competições em conjunto, entre elas a Copa América de seleções, que será em 2024 nos EUA, e um torneio de clubes. Em meio a essas tratativas entrou o apoio da Concacaf à candidatura sul-americana, lançada oficialmente nesta terça-feira e que tem como principal mote o fato de a Copa completar 100 anos em 2030 e ter estreado justamente no Uruguai.

A reaproximação de Conmebol e Concacaf, rompidas desde 2016 depois de problemas financeiros na Copa América realizada em conjunto também nos EUA, foi articulada por Gianni Infantino, presidente da Fifa, em meio às viagens do cartola para conseguir apoio à sua reeleição. Infantino não terá rival na eleição marcada para o próximo dia 16 de março.

A manobra de Infantino, apurou a coluna, fez parte da estratégia de neutralizar a Uefa (União Europeia de Futebol) para a eleição. Os europeus hoje fazem oposição à Fifa, mesmo que leve, e têm acordos comerciais assinados com a Conmebol — as entidades abriram em 2022 um escritório em conjunto em Londres. Ao reaproximar Conmebol e Concacaf, esta aliada da Fifa, Infantino evitou um possível apoio dos sul-americanos aos europeus em março.

Hoje o principal concorrente da América do Sul para a candidatura à Copa de 2030 é justamente o projeto europeu que conta com Espanha, Portugal e, mais recentemente, a Ucrânia. Apesar de geograficamente ser estranha essa composição de sedes, já que Madri e Kiev, por exemplo, estão distantes mais de 2,8 mil km, a inclusão dos ucranianos foi uma jogada da Uefa considerada interessante dentro da Fifa por incluir o país que está em guerra contra a Rússia e tem a simpatia de boa parte da opinião pública mundial.

Sabendo disso, os sul-americanos aceitaram se realinhar com a Concacaf, organizar torneios conjuntos e a Copa América de 2024 nos EUA, que servirá como evento-teste para a Copa do Mundo de 2026 na América do Norte — Canadá e México também receberão jogos. Com apenas dez filiados, e portanto dez votos, a Conmebol precisa de apoio de ao menos outras duas confederações para ter uma candidatura competitiva, já que a Uefa tem 55 associações filiadas.

Além da Concacaf, a Conmebol tenta o apoio da África, que tem 56 votos. A ideia é oferecer suporte para uma candidatura do continente à Copa do Mundo de 2034 — que tem a China como fortíssima pré-candidata. A África realizou apenas uma Copa do Mundo até hoje, em 2010, na África do Sul e tem Marrocos e Egito como opções naturais para 2034.

Há um movimento da federação da Arábia Saudita em tentar se candidatar para ter a Copa de 2030. O país hoje é um dos principais aliados da direção da Fifa (foram os sauditas, por exemplo, que protocolaram no Conselho a ideia de mudar a periodicidade da Copa do Mundo para dois anos), mas o fato de o Mundial de 2022 ter sido no Oriente Médio (no Qatar) enfraquece o projeto de um país da região apenas oito anos depois.