Yara Fantoni

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Opinião

Fernanda Torres e o dilema da 'casaca virada' no futebol

Na vida e na arte, Fernanda Torres sempre soube como dividir corações e interpretar papéis marcantes. Seja no futebol ou no cinema, suas escolhas revelam uma autenticidade que transcende fronteiras e tabus. Porém, vou falar do futebol que é a minha praia favorita e retomar a história da brasileira que fez história para concorrer ao Oscar de Melhor Atriz pelo papel de Eunice Paiva no filme "Ainda estou aqui", motivo de muito orgulho para o Brasil.

A indicada ao Oscar Fernanda Torres em 'Ainda Estou Aqui'
A indicada ao Oscar Fernanda Torres em 'Ainda Estou Aqui' Imagem: Reprodução/Sony Pictures Brasil

Mas voltando ao futebol, a Fernanda Torres teve que lidar com a fama do "vira casaca", comum nas brincadeiras entre amigos e familiares que mudam de time. Nascida torcedora do Fluminense, Torres, ao longo da vida, ela passou a torcer também pelo Flamengo. Mas, como ela mesma nunca escondeu, sua identificação com os dois clubes é uma marca que reflete a pluralidade de uma mulher que vive intensamente todas as suas paixões.

Em 2008, durante a final da Libertadores entre Fluminense e LDU, Fernanda reafirmou sua conexão com o tricolor carioca. Naquela ocasião, ela disse que sua família inteira, incluindo os filhos, era apaixonada pelo time das Laranjeiras, e não faria sentido torcer contra ele. O depoimento sincero evidencia o equilíbrio entre suas escolhas pessoais e as paixões que herdou. E ela pôde soltar o grito de campeã em 2023, imagino que nessa hora o coração dividido deixou o lado Tricolor manifestar à vontade.

Essa habilidade de transitar entre mundos também se reflete em sua carreira como atriz. Fernanda Torres não é apenas filha da icônica Fernanda Montenegro - ela construiu seu próprio legado e, agora, em 2025, está vivendo um dos momentos mais memoráveis de sua trajetória. O filme dirigido por Walter Salles, que também concorre nas categorias de Melhor Filme e Melhor Filme Internacional, é uma narrativa poderosa sobre a vida de Eunice, viúva do ex-deputado Rubens Paiva, vítima da ditadura militar. A performance de Fernanda recebeu elogios de críticos internacionais, alçando-a à categoria das maiores atrizes de sua geração. Em janeiro deste ano, ela já havia conquistado o Globo de Ouro de Melhor Atriz em Filme de Drama, consolidando sua presença em premiações globais.

Aos 59 anos, Fernanda Torres segue os passos de sua mãe, que também foi indicada ao Oscar em 1999 por "Central do Brasil". A simetria entre as carreiras das duas é emocionante, mas não surpreendente. Assim como Fernanda Montenegro abriu caminhos para o cinema brasileiro no exterior, Fernanda Torres reafirma a força do talento nacional em uma indústria dominada por padrões hollywoodianos.

A cerimônia do Oscar está marcada para o dia 2 de março, e o Brasil espera ansiosamente pela noite em que Fernanda, mais uma vez, levará o nome do país ao palco das maiores premiações do cinema. Seja no futebol ou na sétima arte, Fernanda Torres prova que é possível unir paixão, dedicação e autenticidade, conquistando corações e prêmios pelo mundo.

No fim, só sei que eu, flamenguistas, tricolores e todas as outras torcidas estarão apoiando para que Fernanda e o cinema brasileiro conquistem todos os prêmios possíveis.

Opinião

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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