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Vitor Guedes

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Péssimo Japão 0 x 1 Costa Rica lembra melhores momentos da infância

Keylor Navas pratica a defesa após pressão de Daichi Kamada; a bola foi maltratada na vitória da Costa Rica - picture alliance/dpa/picture alliance via Getty I
Keylor Navas pratica a defesa após pressão de Daichi Kamada; a bola foi maltratada na vitória da Costa Rica Imagem: picture alliance/dpa/picture alliance via Getty I

Colunista do UOL

27/11/2022 08h54Atualizada em 27/11/2022 08h55

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Parabéns à Costa Rica! Se não fez nada para ganhar, o frango de Gonda, no chute de Fuller (a única finalização costarriquenha no Qatar em duas partidas) foi um castigo merecido a covardia pragmática e preguiçosa nipônica!

As palavras acima são muito mais do que a análise do jogo mequetrefe merece. Mudemos de prosa:

Nascido em 1977, cresci, feliz da vida, nos anos 80 jogando bola nas ruas paulistanas, com maior frequência na rua Santa Gertrudes (Chácara Santo Antônio, Tatuapé, ZL) e na avenida Damasceno Vieira (Vila Mascote, Vila Santa Catarina, ZS). Nas férias de janeiro, os jogos rolavam nas areias da Vila Tupy (Praia Grande, a ZL com mar) e, em qualquer logradouro (sempre público), a regra, à Arnaldo Cezar Coelho, era clara. E invariável sobre o tempo do jogo: "dez minutos ou dois gols; se, após os 10 minutos, estiver 0 a 0, saem os dois times e entram dois de fora". Não tinha acréscimo, que, num golpe à lógica, era chamado de desconto. Tempo esgotado, a partida acabava assim que a bola ia para a lateral. Resumo da ópera: a gente tinha que atacar e fazer um gol porque quem ganhava continuava.

No entanto, a regra valia para a primeira partida do (interminável) dia. Em seguida, o empate favorecia quem já estava no "campo", no caso, na rua ou na areia. Os gols eram demarcados, preferencialmente, por pedras; ou, na impossibilidade, com sandálias de dedo daquelas que dizia-se, com licença poética (e mentirosa), que não arrancavam as tiras. E a coisa mais comum era o time a ser batido fazer cera, chutar a bola longe, especialmente nos "campos" em ladeiras, para não ter jogo.

Hoje sou um tiozão de 45 anos, a minha São Paulo, para o bem e para o mal, infelizmente, mais para o mal, não tem nada a ver com as lembranças da minha infância e pré-adolescência, meu filho (13 anos) joga bola em campos (mais soçaites artificiais do que em gramados) privados, mas o chatíssimo Japão x Costa Rica me fez viajar no tempo e voltar aos divertidos tempos de criança.

Quero deixar claro, no entanto, que os jogos, ou melhor, clássicos, da minha rua contra a rua de baixo eram muito melhores, mais disputados e com nível técnico incomparavelmente superior. Especialmente quando as minas da vizinhança apareciam para torcer e funcionavam como um doping psicológico.

Registrada a diferença abissal de nível técnico, a semelhança foi a postura japonesa. Time a ser batido após entrar em campo na partida após virar para cima da Alemanha, o Japão cozinhou muito mais do que 10 minutos e passou o primeiro tempo inteirinho enrolando numa estratégia covarde e pragmática, ainda que, paradoxalmente, arriscada já que o próximo desafiante da "rua Qatar" será a Espanha. A Costa Rica? Coitada, ainda grogue pelo 7 a 0 que levou da Espanha, sabia que não tinha bola para desafiar o Japão e, pois, não ser derrotada logo de cara e suportar o maior tempo sem levar gol era a única tática possível. E, mesmo sem acreditar em mais do que isso, acabou premiada com o gol de Fuller

Esperava muito mais de Japão 0 x 1 Costa Rica porque o Japão mostrou ser capaz de muito mais. Mas o velho e surrado ditado "cada jogo é um jogo" tem validade vitalícia no futebol. Pela virada sensacional do Japão sobre a Alemanha (2 a 1) e pela sova homérica (7 a 0) que a Costa Rica levou da Espanha, era de se imaginar os nipônicos se impondo desde o início para fazerem o placar e encaminharem a classificação. Definitivamente, não foi o que aconteceu. Quem madrugou para acompanhar o jogo (7h no horário da ZL) e não tinha a obrigação de analisar o jogo para o UOL, como este colunista, voltou a dormir já no primeiro tempo porque foi um tédio absoluto que, até o gol, aos 36 do segundo tempo, não foi interrompido por nenhum lance fortuito.

Como voltar a sonhar não era uma possibilidade, lembrei das peladas. E o Japão tentaria deixar os 10 minutos passar esperando pelo próximo adversário. Às vezes, naquela época, a covardia também era castigada.

Está tendo Copa! Daí a dizer que, em todos os jogos, está tendo futebol vai uma distância da rua Damasceno Vieira, na Vila Santa Catarina, a Doha, no Qatar.

A última rodada do Grupo E é quinta-feira (1º/12), às 16h: Japão x Espanha e Costa Rica x Alemanha.

Leia as colunas dos jogos da Copa do Mundo do Qatar:

Argentina 2 x 0 México

França 2 x 1 Dinamarca

Polônia 2 x 0 Arábia Saudita

Tunísia 0 x 1 Austrália

Inglaterra 0 x 0 Estados Unidos

Holanda 1 x 1 Equador

Qatar 1 x 3 Senegal

País de Gales 0 x 2 Irã

Brasil 2 x 0 Sérvia

Portugal 3 x 2 Gana

Uruguai 0 x 0 Coreia do Sul

Suíça 1 x 0 Camarões

Bélgica 1 x 0 Canadá

Espanha 7 x 0 Costa Rica

Alemanha 1 x 2 Japão

Croácia 0 x 0 Marrocos

França 4 x 1 Austrália

México 0 x 0 Polônia

Dinamarca 0 x 0 Tunísia

Argentina 1 x 2 Arábia Saudita

Estados Unidos 1 x 1 País de Gales

Senegal 0 x 2 Holanda

Inglaterra 6 x 2 Irã

Qatar 0 x 2 Equador

Análises e projeções de Basílio e Vitor Guedes da primeira fase do Mundial do Qatar

Grupo A: veja AQUI as análises do Basa e do Vitão.

Grupo B: veja AQUI as análises do Basa e do Vitão.

Grupo C: veja AQUI as análises do Basa e do Vitão.

Grupo D: veja AQUI as análises do Basa e do Vitão.

Grupo E: veja AQUI as análises do Basa e do Vitão.

Grupo F: veja AQUI as análises do Basa e do Vitão.

Grupo G: veja AQUI as análises do Basa e do Vitão.

Grupo H: veja AQUI as análises do Basa e do Vitão.

Eu sou o Vitor Guedes e tenho um nome a zelar. E zelar, claro, vem de ZL! É nóis no UOL!

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Palpites do Basílio e do Vitor Guedes para a 1ª rodada da fase de grupos da Copa

AQUI a análise da seleção inglesa feita por Paulo Andrade, Bernardo Ramos, Rafael Oliveira, Rodrigo Coutinho e eu.

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