A falta de senso crítico quando o assunto é Neymar
Segundo apuração do colega Lucas Musetti, Neymar tem um acordo salarial com o Santos e seu retorno dependeria "apenas" da liberação do Al-Hilal, por meio de um empréstimo ou da rescisão de seu contrato com os árabes. Depois de embolsar centenas de milhões praticamente sem pisar em campo, o atacante ainda busca essa concessão de seus atuais empregadores.
Como tudo que envolve o "menino Ney", falta senso crítico. E muito.
De repente, parece razoável que ele largue um time em que mal atuou para embolsar mais uma fortuna de um clube sem dinheiro, por uns seis meses. Parece razoável que este clube — o Santos, o Santos de Pelé, um dos quatro grandes do estado mais rico do país — não tenha outra saída que não Neymar. Parece razoável esperar que o futebol brasileiro se beneficiará tremendamente de um atleta que jogou 20 partidas nos últimos dois anos. Parece razoável tratar como ídolo inconteste um homem de atitudes profundamente questionáveis. Parece razoável querer Neymar. Desejar Neymar. Aplaudir Neymar.
Seja o Neymar imaginário, o do videogame, praticamente perfeito. Seja o Neymar da vida real, mais comprometido com o dinheiro e a fama (não julgo) do que com o campo. Seja qual for o seu Neymar, parece razoável acreditar nele como o salvador da pátria.
Do Peixe, parece ser mesmo. Como disse um grande amigo santista: "Pode ser a redenção do clube. Algo parecido com a volta do Ronaldo. É uma bosta? É. Tem outro jeito? Não tem! A depender dos dirigentes, o time morre."
Vivemos em tempos nos quais parece razoável, também, um jogador valer mais do que o clube que o formou. Ainda que este seja o clube do maior jogador da história da humanidade. Vivemos em tempos nos quais não estranha a notícia de que parte do atual acordo envolva a formação de uma SAF comandada por Neymar Pai.
Danem-se os números, as atitudes fora de campo, o passado recente, os fatos, o exemplo para as gerações futuras.
Parece razoável vender a alma. E torcer para o negócio valer a pena.
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Opinião
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