Por que Abel Ferreira se irrita com críticas na Libertadores?

O Palmeiras conquistou uma vitória maiúscula ontem, nos 3.600 metros de La Paz. Além dos 9 pontos e da liderança isolada do grupo, tornou-se o primeiro clube brasileiro a derrotar o Bolívar por duas vezes na altitude — Grêmio (1983) e Inter (2023) são os únicos outros conterrâneos a vencer por lá.
Mesmo com os 3 a 2 e a noite de gala de Flaco López, havia uma ponta de irritação na voz de Abel Ferreira, conversando com os jornalistas na coletiva. Nenhuma novidade, claro. Ele não prima por sua paciência ou carinho com os colegas.
Mas me chamou a atenção seu comentário sobre as críticas que o time recebeu no início do ano. Disse que aconselhava seus atletas a não lerem nada do que sai por aí, afinal os que hoje os aplaudem são os mesmos que outrora os detonaram.
Fui uma das que falou do mau futebol apresentado pelo elenco, com destaque para a postura pouco combativa nas finais do Paulista, contra o Corinthians. Continuo achando válidos os comentários negativos. Cada vez mais, porém, entendo o choque de Abel com alguns deles.
Classificação e jogos
Em seu "pior" ano, o português foi campeão paulista e vice brasileiro. Neste início oscilante de temporada, chegou à final do estadual, lidera o Brasileirão e tem 100% de aproveitamento na Libertadores. E é justamente no torneio continental que seus números mais espantam.
Este é o desempenho do Palmeiras em fases de grupo da Libertadores na "Era Abel":
27 jogos
23 vitórias
2 empates
2 derrotas
87,6% de aproveitamento
82 gols marcados (média de 3,04/jogo)
25 sofridos (0,93/jogo)
Aí me questiono: com esse histórico e 10 títulos conquistados em 4 anos e meio (sendo duas Libertadores), será que eu também não me irritaria com certas cobranças? Também não encheria o saco de precisar explicar toda vez que, sim, eu sei o que estou fazendo?
Provavelmente.
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