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Um botafoguense em Buenos Aires: mística e fé em busca da 1ª Libertadores

Mandei mensagem a um grande amigo que está na capital Argentina, para a final da Libertadores. Lucas Prata, o Caju, é sergipano e jornalista do Grupo Globo, mas está na capital argentina como torcedor do Botafogo, com a família do lado e o coração na mão.

Perguntei como andavam as coisas por lá. O que segue abaixo é a experiência dele na semana mais importante da história do Glorioso.

"O Botafogo está vivendo um negócio muito bonito aqui, fruto de uma conjuntura de três elementos, que faz com que haja uma predominância muito grande de botafoguenses em Buenos Aires, em relação a torcedores do Galo.

Primeiro, é o fato de que o Botafogo não tem esse título. Há um sonho inédito de um clube que é carente de títulos, e que viu o rival Fluminense vencer a Libertadores no ano passado — tornando o Botafogo o único entre os 12 grandes sem a taça. Então, existe essa ânsia pela glória eterna. E isso faz com que o estímulo seja ainda maior, noves fora toda a narrativa. Toda a história que esse time construiu.

O segundo fato é a demanda reprimida. Independente de ser Libertadores, há uma demanda alvinegra gigante por títulos, por conquistas, por glória, pela absoluta crença de que é possível. A gente convive com o sobrenatural, a gente convive com o místico, a gente convive com a superstição, muito também para camuflar as tragédias, nos blindar daquilo com que a gente conviveu durante tantos e tantos anos.

Há essa demanda reprimida não só por esse título, mas por qualquer conquista, por ver o time temido, bem quisto e até invejado. E, hoje, o Botafogo é um time temido. Mesmo que perca o jogo, qualquer time do Brasil que o enfrente agora para e pensa: pera aí, é o Botafogo. Não é mais aquele. É um time que joga bola com a dignidade que o escudo, o símbolo, a história merecem.

O terceiro ponto é o mais interessante. É o fato de provar que se trata de um time nacional, um time com torcida no Brasil inteiro.

O Galo é um time regional, que tem uma torcida gigante em Minas e talvez em um ou outro estado pontualmente. O Botafogo, não. Por conta do mesmo fenômeno que levou Flamengo, Fluminense e Vasco a terem torcidas nacionais, principalmente na década de 1980.

Tenho um amigo de Aracaju que não assistiu a um jogo do Botafogo neste ano, mas ele está aqui. Já cruzei com mineiros, baianos, com gente do Acre.

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Esta viagem a Buenos Aires acabou se transformando também em um encontro nacional de botafoguenses. Fora do Brasil. Olha que louco: se tem um jogo grande no Nilton Santos, a maioria dos presentes será carioca. Aqui, há muita gente de outros estados, o que está contribuindo para esse predomínio botafoguense na cidade e sendo encantador.

(A gente estava comendo em um restaurante e passou uma criançada argentina de colégio gritando: fogo fogo fogo. É muito bonito, emocionante e bacana.)

Agora, vamos ver como será o jogo. Se não ganhar, que não caia em retóricas bobas de pipocada ou coisas do tipo porque é partida única. Não ganhou, paciência, tristeza, vamos ficar mal, mas segue o jogo. Se ganhar? Aí, minha amiga, aí eu não sei o que vai ser do espírito alvinegro depois disso."

Lembrando que às 19h30 tem Fim de Papo especial no YouTube e no Canal UOL na TV. Milly Lacombe, Vitor Guedes e eu vamos debater tudo que acontecer na grande final da Libertadores.

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