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Retrospectiva 2020: dez fatos que marcaram o ano das motos

Brasil não parou: motoboys e entregadores mantiveram muitos negócios funcionando durante a quarentena - Agência Brasil
Brasil não parou: motoboys e entregadores mantiveram muitos negócios funcionando durante a quarentena Imagem: Agência Brasil

Colunista do UOL

26/12/2020 04h00

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O fato mais importante de 2020 é, sem dúvida, a pandemia de covid-19. Afinal, o surgimento do novo coronavírus fez com que todo o planeta fosse obrigado a mudar sua rotina e se adaptar: fronteiras foram fechadas, quarentenas decretadas, comércios, serviços e indústrias pararam e grande parte da população ficou em casa para evitar a propagação do SARS-CoV-2.

Além da questão de saúde, com mais de 78 milhões de casos e mais de 1,7 milhão de mortes (quase 200 mil delas só no Brasil), a pandemia afetou em cheio a mobilidade das pessoas. Quem pôde, ficou em casa trabalhando de home office, quem tinha de sair, procurou formas mais seguras de se locomover e os negócios obrigados a fechar as portas ao público tiveram de se reinventar, acelerando o crescimento do comércio eletrônico e as entregas a domicílio.

É justamente aí que entram as motocicletas. Durante algum tempo, os entregadores e motoboys eram os poucos na rua, acelerando para entregar de tudo, de refeições a produtos e serviços. A procura por um meio de transporte individual, seguro e econômico, também contribuiu para que a crise não fosse tão grave na indústria de motos - no Brasil e em todo o mundo.

fábrica - Divulgação - Divulgação
Pandemia de covid-19 paralisou produção de motos em Manaus (AM) por quase dois meses
Imagem: Divulgação

Mas o ano das motos não se limitou à pandemia, embora tenha sido marcado por ela. Como nunca, o setor de duas rodas se reinventou: acelerou sua digitalização, diminuiu o ritmo, mas não interrompeu o lançamento de novos modelos e o surgimento de tecnologias mais modernas e seguras, enfim... confira nessa retrospectiva de 2020 dez fatos que marcaram o ano das motos.

Covid paralisa produção de motos

O primeiro caso de covid-19 no Brasil foi diagnosticado no final de fevereiro, mas foi em meados de março que a pandemia chegou forte por aqui. Com o aumento do número de casos nas grandes cidades, principalmente em Manaus, capital do Amazonas, onde estão instaladas as fábricas de moto, a produção foi suspensa. Em abril, 96% das plantas não produziram motos.

A paralisação necessária para evitar a disseminação do novo coronavírus entre os colaboradores foi retomada cerca de dois meses depois. E, mesmo com a retomada, a produção não tem sido suficiente para atender à demanda do mercado. Por um lado, devido ao aumento da procura por motos e scooters e, por outro, em função dos protocolos de saúde, que limitam o número de funcionários nas linhas de montagem das fábricas.

Delivery mantém negócios funcionando

Como consequência da quarentena, que isolou milhões de pessoas em casa devido à pandemia do novo coronavírus, restaurantes e outros negócios tiveram de recorrer ao delivery para manter os negócios funcionando e minimizar os prejuízos. Graças aos entregadores e motoboys o país não parou. Estava andando sobre duas rodas.

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Apesar do papel fundamental, motoboys e entregadores de aplicativos ainda brigam por melhores condições de trabalho e remuneração mais justa
Imagem: Fernando Frazão/Agência Brasil

Aplicativos de entrega, como o iFood, registraram aumento de mais de 30% no número de motoboys já em março, chegando a 170 mil entregadores inscritos na plataforma. Entregadores ajudaram restaurantes, comércios e serviços não essenciais a minimizar os prejuízos durante a quarentena. Vale ressaltar também o trabalho dos entregadores de bicicletas.

Entretanto, infelizmente, a grande maioria desses trabalhadores são informais e não têm direitos. Muitas vezes, são obrigados a fazer longas jornadas diariamente para conseguir tirar seu sustento, devido à baixa remuneração do frete. A insatisfação com os apps de entrega gerou até uma mobilização por mais direitos e melhores tarifas em julho. De lá para cá, pouca coisa mudou, mas os motoboys e entregadores continuam aí, levando e trazendo refeições e outros produtos para o país não parar.

Pandemia cancelou os principais salões de moto

Também em função da pandemia, que atingiu a Europa, os principais salões de moto de 2020, que seriam realizados no final deste ano, foram cancelados já no primeiro semestre. Primeiramente, foram os organizadores do Intermot, o Salão de motos de Colônia, na Alemanha, que declararam ser impossível manter o distanciamento social em um evento desse tipo. Depois, o EICMA, o Salão de Motos de Milão, também decidiu cancelar o evento, previsto para novembro, em uma Itália arrasada pela covid-19.

Lançamentos e vendas online

O cancelamento dos salões, uma das principais plataformas para a apresentação de novas motos, obrigou as marcas a se reinventar. O ano foi recheado de lançamentos por streaming, para que os fãs das duas rodas pudessem ver de perto as novidades do setor.

A moda de lives também chegou ao Brasil e grandes lançamentos deste ano, como a nova Triumph Tiger 900 e as Honda CB 650, foram apresentados online.

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Máscaras e vendas online: fabricantes e revendedores tiveram de se adaptar ao "novo normal"
Imagem: Divulgação

Assim como fizeram com os lançamentos de motos, as marcas tiveram de acelerar a digitalização para atender seus consumidores, mesmo que a distância. Além de agendar revisões e vender peças e equipamentos, as fábricas criaram canais online para a comercialização de motocicletas.

As concessionárias também tiveram de se adaptar ao "novo normal". Limitação de horário e do fluxo de pessoas, além da medição de temperatura e a adoção de máscaras passaram a fazer parte da rotina das revendas autorizadas. Mais uma maneira de minimizar as perdas causadas pela pandemia.

Aumento na demanda

Além do aumento das entregas com motocicletas, a procura por um meio de transporte mais seguro e que evitasse a aglomeração no transporte público, fez com que a procura por motos aumentasse durante a pandemia. Um fenômeno que se repetiu em todo o mundo.

scooter italia - Divulgação - Divulgação
Busca por um meio de locomoção seguro como opção ao transporte público lotado fez a venda de motos crescer durante a pandemia
Imagem: Divulgação

Com a reabertura do comércio e a retomada das atividades, a venda demonstrou recuperação e só não foi melhor por falta de motos. A procura por veículos de duas rodas, seja para trabalhar, seja para se locomover, surpreendeu a todos.

Tanto que ainda há falta de alguns modelos e demora na entrega. Segundo as fábricas, ainda há um descompasso entre a demanda e a produção. Isso fez com que a queda nas vendas fosse menor do que o previsto, quando a quarentena começou. A projeção dos fabricantes é fechar o ano com redução de 17%.

Scooters vieram para ficar

Antes da pandemia, o ano começou com o lançamento de um novo modelo que elevou o patamar das scooters. Mostrada no Salão Duas Rodas 2019, a Yamaha XMax 250 trouxe design moderno, com desempenho e novas tecnologias, como o controle de tração, para o segmento.

XMAX 250 - Renato Durães/Infomoto - Renato Durães/Infomoto
Yamaha XMax 250, lançada em fevereiro, antecipou protagonismo das scooters neste ano
Imagem: Renato Durães/Infomoto

Mas havia a expectativa também da chegada da nova Honda ADV 150, que acabou sendo "atrasada" em função da pandemia. Mas, em novembro, a Honda finalmente mostrou sua scooter aventureira de baixa cilindrada. E, de quebra, anunciou que a Forza 350 vem aí, para brigar com a XMax 250. E a Yamaha também renovou sua NMax 160 para tentar incomodar a PCX.

O fato é que as scooter caíram no gosto do brasileiro e o aumento nas vendas desse tipo de moto nos últimos anos demonstra isso. Além da covid-19 que fez muitas pessoas buscarem outro tipo de transporte individual, o alto preço da gasolina (que já subiu mais de 15% neste fatídico 2020) levou muitos motoristas de carros para o guidão de uma scooter.

Motos de super-heróis

E, por falar em lançamentos, vale destacar a concretização da parceria entre os estúdios Marvel e a Yamaha. Anunciada em 2019, a colaboração entre as empresas tomou forma em outubro, com o lançamento da série limitada Star Wars do NMax 160. As duas versões, da Aliança Rebelde e do Império, foram praticamente todas vendidas online, como não poderia deixar de ser nesse ano de pandemia.

Yamaha Marvel - Divulgação - Divulgação
Yamaha Fazer 250 Pantera Negra chegou às lojas em novembro
Imagem: Divulgação

Já em novembro chegaram as séries especiais de modelos consagrados da marca inspiradas nos heróis de "Os Vingadores". Lander 250 Capitão América, Fazer 250 Pantera Negra e Fazer 250 Capitã Marvel selaram a parceria e agradaram aos fãs de quadrinhos e de motos.

Câmbio DCT

Na onda de novidades de final de ano, a Honda confirmou o que a coluna já tinha adiantado em dezembro do ano passado: a marca quer ampliar a oferta do câmbio DCT no Brasil. Para isso, a marca revelou que a nova geração da Africa Twin, que entre outras novidades tem motor de 1.100 cc, também será vendida com a opção da inovadora transmissão de dupla embreagem.

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Honda quer ampliar a oferta de modelos com câmbio DCT no Brasil
Imagem: Divulgação

O objetivo é repetir o sucesso que o DCT fez em outros mercados, como a Europa. Além de atrair novos consumidores para as motocicletas, com uma tecnologia que promete mais conforto, praticidade e segurança para os menos experientes.

Moto com radar

No campo das inovações, vale destacar o lançamento das primeiras motos com radar. A tecnologia permite a adoção de novos sistemas de segurança, como o controle adaptativo de velocidade e a detecção do ponto cego. O sistema é o mesmo utilizado em carros de luxo e está a um passo da direção autônoma.

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Motos com radares possibilitam a adoção de tecnologias, como o controle adaptativo de velocidade
Imagem: Divulgação

Em parceria com a Bosch, BMW e Ducati correram para colocar no mercado modelos com radares. A marca italiana anunciou que a nova Multistrada V4 seria a primeira moto produzida com a tecnologia, enquanto a fábrica alemã introduziu o sistema na nova BMW R 1250 RT, mas no exterior.

Motos elétricas ganham espaço

Em meio à pandemia, aumento de vendas de motos e a procura por outras formas de locomoção que não o transporte público, as motos elétricas aproveitaram esse momento de se reinventar para conquistar espaço. Empresas criaram lojas online para vender motos e scooter elétricas, que não poluem e ainda economizam combustível.

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Scooter elétrica Voltz EV1 ganhou espaço e atraiu a atenção dos consumidores
Imagem: Renato Durães/Infomoto

A startup brasileira Voltz Motors viu as vendas de sua primeira scooter elétrica, a EV1, cresceram a um ritmo surpreendente e até figurar entre as dez scooter mais emplacadas no ano. A empresa abriu uma loja conceito na capital paulista e anunciou novidades no line-up. Além de versões mais potentes da scooter, apresentou em setembro sua primeira motocicleta elétrica, a EVS, que já está à venda.