Açaí e garapa têm risco de transmitir doença de Chagas? Entenda os cuidados
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Causada pelo parasita chamado Trypanosoma cruzi, a doença de Chagas é tradicionalmente conhecida por ser transmitida por meio da picada do inseto barbeiro (na verdade, ao ser picada, a pessoa coça o ferimento, o que favorece a penetração do parasita presente nas fezes do barbeiro infectado).
A transmissibilidade da doença, no entanto, mudou de perfil nos últimos anos. Açaí e caldo de cana contaminados podem transmitir a doença, mas há como se cuidar. Entenda:
Quais os cuidados com alimentos?
A transmissão oral da doença de Chagas se dá pelo consumo de alimentos contaminados. Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, atualmente a maioria dos casos (cerca de 70% deles) é de transmissão por alimentos contaminados. Os principais deles são o açaí e o caldo de cana, a popular garapa.
O açaí mais consumido no Brasil é o industrializado e o problema não é ele. Esse açaí passa por um aquecimento a 80°C, resfriamento e lavagem, que inativa o protozoário e torna o produto seguro para o consumo. O problema é a ingestão desse alimento quando preparado de forma caseira, por pequenos produtores, que colhem a fruta e vendem o alimento in natura em pequenos estabelecimentos comerciais.
A garapa também pode ser fonte de contaminação quando é feita de maneira artesanal. O problema ocorre quando o inseto ou suas fezes são moídos junto com a cana-de-açúcar, dando origem à bebida.
O barbeiro se instala entre o caule e as folhas da cana-de-açúcar. Quando acontece a moagem para a produção da garapa, ele pode ser moído junto, causando a contaminação do alimento e, consequentemente, da pessoa que o consome.

O que fazer para evitar?
A principal maneira de evitar a transmissão oral da doença é a higienização dos alimentos. Não consumir aqueles sem procedência e em locais onde a limpeza ou maneira de preparo sejam duvidosas. É sempre importante ficar atento aos locais onde vai se alimentar, à limpeza e higienização do produto que será consumido sem o processo de industrialização.
Vale verificar se o local tem aprovação da Vigilância Sanitária para manipular e vender alimentos. Esse certificado deve ficar exposto e de fácil visualização para o consumidor. Vendedores com barracas nas ruas precisam ter essa aprovação.
A pessoa pode perguntar no estabelecimento, pedir informações sobre isso e sobre a procedência do alimento. No caso do açaí vendido em potes, basta verificar se a marca tem o selo da Vigilância Sanitária. Se tiver, é sinal de que esse alimento foi pasteurizado e pode ser consumido tranquilamente.
A prevenção da transmissão oral é feita com ações de intensificação da Vigilância Sanitária e inspeção de alimentos em todas as etapas de produção que são suscetíveis à contaminação.

A doença
A doença de Chagas tem duas fases: a aguda, também conhecida como silenciosa, e a crônica. O diagnóstico é feito por exame de sangue.
Na fase aguda, não há sintomas e a pessoa pode passar anos sem saber que possui a doença. Já na fase crônica, há complicações cardíacas com arritmias e aumento do volume do coração. Outros sintomas são:
- Febre prolongada (mais de 7 dias);
- Desmaios
- Fraqueza
- Dor no peito
- Falta de ar
- Tosse
- Inchaço nas pernas ou no rosto
- Dores abdominais
- Dores de cabeça;
- Crescimento do baço e do fígado;
- Manchas vermelhas na pele;
- Inflamação das meninges
Fontes: Veridiana Silva de Andrade, cardiologista; Valeria Paes, infectologista; Fernando Bruetto Rodrigues, cardiologista.
*Com matéria de setembro de 2023
2 comentários
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Luís Henrique das Neves Hansen
Legal jogar pra população perguntar na kombi da feira se eles seguem os procedimentos da vigilância sanitária com as canas que vão moer. Vai funcionar legal
Pedro Henrique Alves Lopes
É lógico que o tiozinho do caldo de cana não tem certificado da Vigilância Sanitária. Aliás, como o Órgão iria inspecionar cada caule de cana de todos os vendedores de caldo de cana do Brasil, todo dia, para assegurar que ele está trabalhando com caules seguros? Seria praticamente impossível, não concordam?