Marcar consulta médica ou ir ao pronto-socorro? Quando procurar cada um?
Quem nunca se deparou com o dilema de ter algum sintoma e não saber o que fazer? Naquele momento agudo, no qual o desespero bate, muitas vezes nós temos dificuldade em julgar qual seria a melhor conduta, e isso se torna mais real na dependência da data e do horário.
Imagine que você sinta uma dor de cabeça muito forte ao longo da madrugada. Você acorda incomodado, não quer interromper o sono de outras pessoas e fica perambulando pela casa em busca de uma medicação ou de algo que resolva rapidamente o problema. Os sintomas, quando aparecem, não escolhem data nem circunstância. Eles podem aparecer numa data festiva, como Natal, Páscoa, ou mesmo num feriado, quando muitos estão viajando. Você pode estar viajando, dentro ou fora do país, e acabar passando por essa situação também.
Em casos específicos, como numa viagem internacional, bate um medo tremendo, pois você está apresentando algum desconforto e tem dificuldade quanto à comunicação num certo idioma. Pode acabar retardando um pedido de ajuda e isso ocasionar sérios problemas.
Durante a pandemia da covid-19, esse cenário foi muito estranho e até intrigante. Parecia que ninguém sentia mais nada que não fosse relativo a uma eventual infecção pelo coronavirus. Devido ao risco de aglomeração e contato com pessoas doentes, as emergências hospitalares ficaram muito restritas a pessoas com sintomas da virose. Pessoas com sintomas suspeitos de outras doenças, como um infarto do coração, uma arritmia e uma enxaqueca, buscaram ao máximo resolver essas pendências, tentando contato telefônico ou via teleconsulta.
Fica claro, portanto, que existem dúvidas sobre como proceder diante da ocorrência de alguns sintomas. Essa decisão pode ser crucial para se recuperar rapidamente, para um diagnóstico mais precoce e para o início de um tratamento. Pode-se dizer que ir a uma emergência hospitalar de forma aleatória pode custar tempo de espera, desgaste físico e mental e uma sensação de baixa resolutividade. Por outro lado, como afirmamos no linguajar médico, "há certas coisas que não podem esperar".
Enfim, diante desse dilema, pesquisadores da Universidade da Califórnia criaram um roteiro sobre quais sintomas merecem uma ida imediata à emergência hospitalar e quais sintomas poderiam ser abordados incialmente por meio de uma ligação telefônica, contato via WhatsApp ou mesmo uma teleconsulta. Além de orientar as pessoas, reduzindo o nível de estresse e ansiedade, esse roteiro pode favorecer um fluxo mais organizado e mais controlado nas emergências hospitalares.
Lista de sintomas compatíveis com uma consulta médica programada:
Sensação dolorosa leve na garganta ou nos ouvidos
Relações alérgicas sem repercussão
Sintomas gripais leves como coriza e espirros
Pequeno ferimento ou pequena queimadura na pele
Sensação de ardor para urinar
Ajustes de doses de uma medicação
Febre esporádica
Vômitos ou diarreia sem queda importante do estado geral
Dor muscular ou articular leve e não limitante
Lista de sintomas compatíveis com uma avaliação na emergência hospitalar:
Crise de ansiedade aguda ou transtorno de comportamento
Febre alta e persistente
Vômitos e diarreia com sinais de instabilidade da pressão e pulso
Problemas respiratórios agudos com alteração da oxigenação
Dor abdominal intensa
Dor torácica intensa
Queimaduras de grandes proporções
Sangramento de difícil controle
Perdas sanguíneas durante uma gravidez
Envenenamento
Perdas visuais agudas, como visão dupla
Alterações da força e da sensibilidade em metade do corpo
Alterações agudas da fala
Você pode estar se perguntando: e se eu ainda tiver dúvida sobre o que fazer? Sabemos que algumas situações intermediárias podem aparecer e, mesmo com as orientações acima, podemos não saber qual seria a medida inicial a ser tomada.
Diante desse cenário, os pesquisadores norte-americanos recomendam não ir imediatamente a uma emergência hospitalar, pois seu atendimento pode demorar e a solução poderá ser mais simples do que se imagina. Dessa forma, caso você tenha um plano de saúde, seria interessante insistir na marcação de uma consulta médica, seja ela presencial, por telefone ou virtual, ou então buscar uma clínica de atendimento primário ou uma clínica de triagem da própria operadora.
Como a realidade do Brasil é diferente e muitas pessoas não conseguem custear um plano de saúde, a solução seria utilizar os serviços públicos (consultas em geral são mais demoradas) ou a nova modalidade de clínicas particulares com preços mais populares.
Procurar uma emergência hospitalar como primeira opção é um direito de qualquer cidadão. No entanto, uma pessoa que já está angustiada, ansiosa e com sintomas pode ter de enfrentar um desgaste físico e mental, filas longas, um atendimento muito objetivo e pouco humanizado. Logo, conhecer um pouco mais sobre quais sintomas seriam mais preocupantes e também ter a orientação sobre como agir será fundamental para o controle da ansiedade e para melhor resolutividade.
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