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Como funciona o DIU? Toda mulher pode usar? Saiba mais sobre o método

Contraceptivo de longa duração, DIU tem altas taxas de eficácia - Priscila Barbosa
Contraceptivo de longa duração, DIU tem altas taxas de eficácia Imagem: Priscila Barbosa

Natália Eiras

Colaboração para Universa

27/07/2021 04h00

Um dos métodos anticoncepcionais mais populares do mundo, o DIU, sigla para dispositivo intrauterino, é considerado um método moderno embora haja registros de uso de artefatos semelhantes a ele desde a antiguidade.

O dispositivo moderno foi inventado em 1929, pelo médico alemão Ernst Gräfenberg. E hoje os DIUs fazem parte da classe de anticoncepcionais chamadas LARCs (da sigla em inglês para contraceptivos reversíveis de longa duração). Pequena estrutura de plástico em formato de T que é inserida no útero para evitar a gravidez, pode ser hormonal ou de cobre. Por sua longa duração e alta eficácia, passou a ser uma alternativa comum às pílulas anticoncepcionais. Em 2017, os DIUs de cobre passaram a ser oferecidos pelo SUS. E tanto o de cobre quanto o hormonal são custeados pelos planos de saúde.

No entanto, ainda há muitas dúvidas sobre esse método de contracepção: Como ele funciona? Ele evita a ovulação? Como é o procedimento para colocá-lo? É possível senti-lo durante a relação sexual?

Universa conversou com especialistas e responde a perguntas frequentes sobre o DIU. Mas lembre que a escolha do melhor anticoncepcional para cada mulher deve ser feita com a ajuda do ginecologista. E que os DIUs têm alta eficácia para evitar a gravidez, mas não previnem contra infecções sexualmente transmissíveis. Para isso, é sempre importante usar a camisinha junto com o método anticoncepcional da sua escolha.

O que é o DIU?

Diu é a sigla para dispositivo intrauterino. É um método contraceptivo reversível de longa duração (LARC) com altas taxas de eficácia (mais de 99% com o uso correto do método). Pode ser de cobre, cobre com revestimento de prata ou hormonal, é colocado dentro do útero pelo médico e tem por objetivo evitar a gravidez.

Como funciona o DIU hormonal?

O DIU em forma de T hormonal (ou SIU, sigla para sistema intrauterino) atua fazendo uma liberação contínua de uma dose baixa de progesterona no útero. Ele torna espesso o muco do colo uterino e afina o endométrio, dificultando a mobilidade do esperma para alcançar o óvulo. É considerado um método de alta eficácia. Com o DIU hormonal, a probabilidade de engravidar é de 0,5%, com o uso ideal do método, segundo a Organização Mundial de Saúde.

Como funciona o DIU de cobre?

O dispositivo em formato de T que contém um fio de cobre age provocando mudanças no endométrio, a camada que recobre a parte interna do útero. À medida que ocorre a liberação dos íons de cobre na cavidade uterina, ocorre um aumento da produção de prostaglandinas que provoca uma reação inflamatória que interfere tanto nos espermatozoides como nos óvulos. Provoca também uma alteração no muco cervical, tornando-o mais espesso. O DIU interfere na mobilidade dos espermatozoides, impedindo que fertilizem o óvulo. E, caso ainda assim o óvulo seja fertilizado, age impedindo a implantação do óvulo no útero. O risco de engravidar, com o uso correto do método, é de 0,6%, segundo a OMS.

O que é preciso para colocar o DIU? Quais são as indicações?

Os DIUs são boas opções de métodos anticoncepcionais para mulheres que desejam contracepção reversível de longa duração e alta eficácia. As mulheres que têm contraindicações ao uso de hormônios ou que amamentam podem ser boas candidatas para o uso do DIU de cobre. Os hormonais são também uma boa opção para mulheres que têm reações negativas ao hormônio estrogênio e o fluxo menstrual aumentado, uma vez que estes dispositivos podem diminuir a quantidade de sangue expelido e as cólicas menstruais.

Quais exames fazer antes de colocar o DIU?

Antes da inserção, deve ser feito um ultrassom transvaginal para avaliar o tamanho do útero e se há alguma alteração que necessite ser tratada e que poderia atrapalhar ou contraindique a colocação do dispositivo. É feita também uma avaliação sobre possíveis infecções vaginais ou no colo do útero, que precisam ser tratadas antes da colocação do DIU.

Como é o procedimento para colocar o DIU?

Tanto a colocação quanto a retirada do DIU devem ser feitas por um médico. O procedimento de colocação é feito, geralmente, no consultório. Os DIUs ficam dentro de um tubinho plástico e, na parte de trás, existe um sistema para empurrar o DIU para fora do plástico. Antes da inserção, com a paciente em posição ginecológica, é feita uma limpeza da vagina e do colo de útero com substância antisséptica. Então, com a ajuda de uma haste fininha, milimetrada, o médico mede a cavidade interna uterina. Com o valor da medição, o profissional sabe quanto do tubinho deve ser inserido para que o DIU seja posicionado corretamente. Com o tubo dentro do útero, o médico aciona o mecanismo aplicador que empurra o dispositivo e o faz se abrir e se alojar dentro da cavidade uterina. Todos os DIUs têm um fiozinho, chamado de fio-guia, que sai pelo canal do colo do útero e é enrolado pelo médico em um lugar que permite que o médico saiba se o DIU está posicionado corretamente, mas onde não é possível senti-lo durante a relação sexual.

É um procedimento doloroso?

Depende. É comum sentir cólicas ou desconforto, mas a intensidade da dor, em geral, é relativa à sensibilidade de cada mulher. Durante os exames, médico e paciente podem conversar sobre a possibilidade de fazer o procedimento com a ajuda de anestesia. Nesse caso, por conta da anestesia, a colocação deve ser feita em um hospital ou centro cirúrgico. A indicação de inserção do DIU com anestesia deve ser avaliada individualmente e cuidadosamente com o ginecologista.

É preciso fazer algum tipo de acompanhamento após a inserção do DIU?

Após a inserção, é recomendado, mas não obrigatório, que as mulheres que colocaram o DIU façam um ultrassom transvaginal para ver se o posicionamento do dispositivo está correto. Depois disso, é importante fazer um acompanhamento do DIU com ultrassons de seis em seis meses.

Quanto tempo depois de colocar o DIU posso ter relação sexual?

Não existe uma regra. Vai depender exclusivamente da sensibilidade de cada mulher. Após a inserção do DIU, o útero se contrai em uma tentativa de expulsá-lo e esse movimento pode causar uma leve cólica por, normalmente, 24 horas. Por conta disso, alguns médicos indicam que as pacientes não tenham relações sexuais por pelo menos três dias após a inserção.

Todas as mulheres são aptas a colocar o DIU ou há alguma contraindicação?

O DIU é contraindicado para mulheres que tenham alguma má formação uterina que possa impossibilitar a colocação do dispositivo. Pacientes que estão tratando alguma IST (infecção sexualmente transmissível) ou infecção vaginal e uterina não podem fazer a inserção até que a doença tenha sido tratada.

Quem usa o DIU pode tomar outro anticoncepcional?

Não é indicado, pois pode provocar irregularidade menstrual. Porém, há especialistas que receitam o uso de anticoncepcional por alguns meses para controlar o escape causado pelo DIU hormonal.

Qual o melhor DIU para colocar?

Não existe o melhor DIU. Para escolher o método anticoncepcional adequado, é importante conversar com um médico de confiança para chegar ao que atenda às necessidades e especificidades de cada mulher.

Quem usa o DIU continua a menstruar?

Mulheres que colocam o DIU de cobre continuam a menstruar. No caso do DIU hormonal, 20% das pacientes que o inserem param de menstruar. A maioria tem uma menstruação discreta e infrequente e uma minoria pode ter o chamado sangramento desfavorável, frequente e em grande quantidade.

Quanto tempo dura o DIU?

Os DIUs de cobre evitam a gravidez por um período que vai de três a dez anos. Já os hormonais agem de maneira contínua por até cinco anos.

Quem usa DIU tem período fértil?

Sim, quem usa DIU de cobre continua ovulando normalmente. Já no caso do DIU hormonal, ovula-se na maioria dos ciclos, mesmo que a menstruação não venha.

Como é transar depois de colocar o DIU? A mulher pode sentir incômodo?

A relação sexual após a inserção do DIU deve ser normal, como antes da inserção. Nos primeiros dias, o útero pode estar um pouco sensível até a adaptação do DIU na cavidade. Se algum desconforto persistir, é importante procurar o ginecologista.

É normal o parceiro sentir o DIU na relação?

Não é comum, mas ele, eventualmente, pode sentir o fio guia. Nesse caso, a paciente deve falar com seu médico para que o fio guia seja reposicionado ou cortado.

Por que há casos de mulheres que engravidam usando o DIU?

Atualmente não existe nenhum método anticoncepcional que seja 100% eficaz. No entanto, a chance de falha dos DIUs é extremamente baixa, semelhante à dos métodos cirúrgicos, como a laqueadura. Caso a mulher engravide e descubra a gestação no início, o médico pode tentar remover o DIU sem grandes consequências. Mas, se for descoberta em uma fase mais avançada, os especialistas costumam deixar o dispositivo no lugar. O dispositivo não machucaria a criança por estar localizado fora do saco gestacional. Nesses casos, o DIU sai do útero junto com a placenta.

Fontes:

Alexandre Pupo, ginecologista e obstetra do hospital Albert Einstein, de São Paulo, e Fatima Oladejo, ginecologista que atende em seu consultório no Rio de Janeiro.

Papo de vagina

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