NXzado: Fresno atende 'sonho' emo com feat em novo disco e mata fanfic

Fresno e NX Zero sempre estiverem lado a lado no auge do emo, em alguns momentos até disputando prêmios uma contra a outra. Foi o suficiente para muita gente achar que a rivalidade era real, que podia até ter treta entre elas. Mas toda fanfic uma hora tem de cair, e é isso que mostra a segunda parte do novo álbum da Fresno.

"Eu Nunca Fui Embora - Parte 2", chegou hoje às plataformas, realizando um sonho de muito emo: um feat com o NX Zero, na faixa "Se Eu For Eu Vou Com Você".

Era uma fantasia muito grande do nosso público. Eu acho que eles nem acreditavam mais que isso fosse acontecer.
Lucas Silveira, vocalista da Fresno

A Fresno recebeu Toca no estúdio da banda, em São Paulo. Das sete novas faixas que complementam a primeira parte do álbum, lançada em abril, quatro são parcerias. Além do NX Zero, cantam Rodrigo Lima, do Dead Fish, Filipe Catto e Chitãozinho & Xororó. E eles sabem que ter Di Ferrero e companhia no disco é o ponto que vai fazer barulho.

Lucas Fresno canta com Chitãozinho & Xororó no festival Turá, em São Paulo
Lucas Fresno canta com Chitãozinho & Xororó no festival Turá, em São Paulo Imagem: Van Campos/AgNews

"É uma música que tem vários signos ali, é uma música bem 'NXzada'. Trazê-los para esse feat... Era NX demais para não ter NX. É uma música que poderia ser deles, poderia ser nossa e que traz uma coisa nostálgica", conta Lucas.

A parceria não era inesperada para as bandas, que este ano chegaram a dividir palco. Lucas diz que durante este show veio a certeza do feat. No imaginário dos fãs, o fato de os grupos terem feito sucesso simultaneamente teria originado uma competição entre os músicos - o que eles descartam.

"No auge das premiações, [quando] os fãs ficavam votando, rolava uma rivalidade muito forte para ver que ia ser a escolha da audiência no VMB, essas coisas. E aí começou a se forjar esse sentimento. Entre as bandas, sempre reinou a resenha", explica Lucas.

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A banda é fã de juntar universos paralelos em um mesmo microfone e o caso do NX é particular, por serem duas bandas do mesmo estilo, diferentemente de colaborações com Pabllo Vittar, na primeira parte do disco.

"Agiganta o projeto", reflete o vocalista. "Antes, tu precisavas das pessoas fisicamente no mesmo espaço para fazer uma música. Dependia até de estar na mesma gravadora. Hoje é muito mais fácil", acrescentou o guitarrista Gustavo Mantovani, o Vavo.

Pabllo Vittar encarna roqueira no show da Fresno no festival Turá, em São Paulo
Pabllo Vittar encarna roqueira no show da Fresno no festival Turá, em São Paulo Imagem: Van Campos/AgNews

Hard...nejo?

Repetindo a parceria de sucesso de "Evidências", gravada no Estúdio Coca-Cola em um projeto idealizado em 2008 pela MTV, Lucas Silveira voltou a dividir o microfone com Chitãozinho & Xororó — agora, a banda gaúcha é a anfitriã.

"A gente venceu muito nesse sentido. Duas coisas que não tinham nada a ver, e deu certo demais. Foi um negócio que ficou maior do que a ideia", lembra Lucas. Na época, a parceria originou uma amizade entre os músicos — inclusive, o clipe da música "Eu Sei" (2010) foi gravado no sítio de Chitãozinho.

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Com as enchentes do Rio Grande do Sul em 2024, eles retomaram o contato. Lucas Silveira foi chamado pela dupla para participar do clipe de "Direito de Viver" — uma espécie de "We Are The World" para arrecadar fundos em prol dos gaúchos.

Foi quando veio a ideia de chamá-los para "Camadas". "A gente sempre achou essa música muito sertaneja", completa ele. A faixa original foi lançada na primeira parte e a versão com os sertanejos vem como bônus track da segunda, fechando o álbum.

Diga - parte final

Outra faixa que causa surpresa nos fãs é o desfecho para a saga "Diga", iniciada em 2011, em um projeto solo de Lucas (posteriormente incluída no EP "INVentário"). Ela teve sua segunda parte em "Infinito", álbum de 2012.

Lucas Silveira, da Fresno
Lucas Silveira, da Fresno Imagem: Mauricio Santana/Getty Images

"'Diga - Parte 2' é até hoje uma das músicas mais bombadas da Fresno. Rolou um folclore, eu tinha recém terminado um namoro. Virou meio 'Olívia Rodrigo'. E nem é uma música tão autobiográfica assim", lembra Lucas. Sempre se especulou como seria a Parte 3, e ela surgiu do acaso.

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Se eu fosse começar uma música para ser ela, talvez eu não conseguisse, por causa da pressão. Peguei uma que já estava sendo feita, que tem uma coisa do diálogo, e começamos a montar esse Frankenstein.
Lucas Silveira

A segunda voz na faixa, contrapondo a letra, ficou com Filipe Catto. "Tinha que ser uma pessoa que entendesse muito aquele sentimento, talvez uma pessoa que já tenha sentido aquilo. É muito mais fácil você interpretar um negócio que você sabe exatamente o que é."

A decisão por ela veio após a banda ouvir sua interpretação de "Nada Mais", de Gal Costa. "Vai bater muito forte em quem é fã de todo esse folclore da banda", completa o vocalista.

Decisão por dois álbuns em um

A decisão por quebrar o álbum em dois foi estratégica, e pensada em grupo. Segundo Lucas, existe um padrão de comportamento para quem consome música digital: ouvir muito as primeiras e pouco as últimas. Ele não queria que isso acontecesse com o novo disco.

Ainda na ideia de estimular o fã a consumir o produto completo, a Fresno organizou duas listening party — uma em Porto Alegre, no último dia 24, e outra em São Paulo, no dia seguinte. A intenção é retomar o costume de juntar a galera e ouvir música.

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"As pessoas que vão ouvir o disco assim que sair, de fone na cama, sozinhos — ou num rádio relógio, celular. E a festa de audição traz essa sensação das pessoas se retroalimentarem, reagirem na hora, a gente sacar a reação", explica Lucas.

"Pensa em uma banda que tu gostas muito, [que] quer ouvir ao vivo com os caras", complementa o baterista Thiago Guerra. "É a experiência, né?", finaliza Vavo.

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