Empresas de internet rebatem presidente da Claro: 'Temor das grandes'
As provedoras de internet de pequeno porte rebateram nesta quarta-feira (6) as declarações do presidente da Claro, José Félix, que criticou as políticas públicas que ampliaram a concorrência de banda larga no Brasil. O executivo chegou a usar termos como "esculhambação" e afirmou que "dependendo do tipo de concorrência, você estraçalha o setor".
Em nota, a Abrint (Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações) afirmou que que a "alegação [do executivo] de que poucas empresas concentradas gerariam um mercado mais organizado e eficiente é contraditória com os princípios de um mercado livre, aberto e equilibrado". A entidade reúne as chamadas PPP (Prestadoras de Pequeno Porte).
Entendemos o temor das grandes operadoras diante do crescimento das PPPs, que não apenas ocupam o papel essencial de prover acesso nas regiões remotas, mas agora começam a avançar nos grandes centros urbanos (...) A 'proliferação' mencionada no discurso do presidente da Claro Brasil não representa desorganização, mas sim uma resposta ao déficit de cobertura nas regiões mais remotas e carentes do país. Cada PPP é um agente de inclusão digital
Abrint, em nota
Para a entidade, as declarações de Félix são prova da "contribuição essencial" das empresas regionais à promoção da conectividade em "regiões que, historicamente, ficaram à margem dos investimentos das grandes operadoras".
A atuação dessas companhias, continua a Abrint, cria produtos de qualidade e a preços acessíveis que pressionam as grandes a melhorar seus próprios serviços.
Durante participação no Painel Telebrasil, promovido pela Conexis em Brasília, José Félix disparou contra as ações da Anatel que promoveram a entrada de novas empresas na banda larga fixa.
Me preocupa ver a precarização das redes e os postes (...) É um resultado da liberação total do setor. Porque hoje com R$ 9 mil você faz telecomunicação. Pode ser que parece bom, mas daqui a alguns anos pode significar a obsolescência da rede do país.
José Félix
Para a Abrint, a desorganização dos postes é de responsabilidade das grandes operadoras e seu "legado de cabos obsoletos, abandonados e sem uso".
Depois, ele criticou a proposta de ampliar para a banda larga móvel as iniciativas que já haviam aumentado a competição na banda larga fixa.
Era mais ou menos assim: 'ah, vamos ter 20 mil operadores de celular como fizemos na [banda larga] fixa, que tem 20 mil provedores'. Vão acabar com o setor de telecom se fizer isso. Não existe isso. Os nossos legisladores, os nossos formuladores de política têm que ter uma visão de setor, de país. Que país a gente quer? A gente quer uma esculhambação, os postes que a gente têm hoje? Ou a gente quer uma plataforma moderna, eficiente, disponível, que gere empregos e pague impostos --razoáveis e não a exorbitância que se paga hoje, porque o que sobra é o que eu falei: US$ 2.
José Félix
A crítica do executivo tem como alvo as chamadas políticas de assimetria regulatória da Anatel, que abriu espaço para a atuação de pequenos provedores. Juntos, os mais de 20 mil provedores de serviço de internet respondem por mais de 50% dos acessos de banda larga no Brasil e empurram a fronteira digital para o interior do país com internet de altíssima velocidade. Em algumas regiões, eles já começam a incomodar as grandes em grandes centros com preço competitivo e rede própria de última geração.
A Abrint é favorável ao plano da Anatel de permitir o uso secundário do espectro, o que permitia que mais empresas atuassem com telefonia celular.
A democratização do acesso e o incremento da qualidade dos serviços móveis, com preços atrativos aos usuários, é uma demanda social e concorrencial. A concorrência é vital em qualquer sistema que preza e resguarda o equilíbrio, resultando em benefícios diretos ao consumidor, que passa a ter mais opções de escolha e a preços mais justos.
Abrint
A associação ainda aproveitou a nota para cutucar o mercado financeiro:
Talvez os investidores estejam concentrando seu capital nas empresas erradas e subestimando o potencial das PPPs. Diversificar os investimentos apostando nas PPPs pode ser uma estratégia interessante para quem deseja acompanhar e estimular o crescimento e a inovação no setor.
Abrint
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Quero receber*o jornalista viajou a convite da Conexis
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