Você pede, e a IA faz o resto: 'vibe coding' é o fim dos programadores?

(Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre tecnologia no podcast Deu Tilt. O programa vai ao ar às terças-feiras no YouTube do UOL, no Spotify, no Deezer e no Apple Podcasts. Nesta semana, o assunto é: Facebook sem Instagram e WhatsApp; Musk, Bezos e chineses: satélites no Brasil; A onda do 'vibe coding'; Algoritmos para a vida)

Quando o cientista da computação Andrej Karphathy relatou no X uma nova maneira de programar chamada "vibe coding", ele não sabia que tinha criado um movimento que atrairia a atenção de programadores do mundo todo.

Ex-diretor sênior de inteligência artificial na Tesla e com passagens pelo time que desenvolveu a versão 4 do ChatGPT, Karpathy disse quase esquece que o código existe quando está na "nessa vibe".

Eu praticamente só falo com o Composer usando o SuperWhisper, então mal encosto no teclado. Peço as coisas mais bobas, tipo 'diminuir pela metade o espaçamento lateral da barra', porque tenho preguiça de procurar. Sempre clico em 'Aceitar tudo'. Nem leio mais as diferenças. Quando aparecem mensagens de erro, só copio e colo direto, sem comentário nenhum -- geralmente isso resolve. O código vai crescendo além do que eu normalmente consigo entender
Andrej Karpathy

Com a IA avançando e empresas investindo na criação autônoma de aplicativos, o debate agora é sobre o futuro da programação e até que ponto as novas plataformas de IA já podem substituir programadores.

Recentemente o Google lançou o Firebase Studio, uma plataforma de criação de apps que pode ser usada até mesmo por quem não tem familiaridade nenhuma com programação.

Em novo episódio de Deu Tilt, o podcast do UOL para os humanos por trás das máquinas, Diogo Cortiz argumenta que, mesmo com avanços, é importante lembrar que a IA erra e confiar cegamente nela não é o ideal.

Um estudo recente feito pela Universidade do Texas mostrou que a IA pode "alucinar" até mesmo quando está programando, ou seja, cria trechos inteiros de código que não existem. Os pesquisadores encontraram mais de 200 mil pacotes de programação inventados.

Uma questão ainda mais sensível: o que acontece é que muita gente pega o código e sai usando. E aí está lá para usar um pacote que não existe. Os cibercriminosos estão criando códigos maliciosos com o nome desse pacote, que entram em aplicações que estão disponíveis. Esse é um dos desafios que temos
Diogo Cortiz

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Essa prática é o que suspeitam ter acontecido com o "vírus de iPhone" encontrado recentemente nos aparelhos da Apple. Uma das hipóteses é que um programador tenha recorrido à IA, que usou um código de alguma biblioteca sem confirmar qual era seu conteúdo. O vírus encontrado vasculhava a galeria dos usuários em busca de prints de senhas.

É o fim para os programadores?

O vibe coding pode dar a entender que qualquer um pode programar se souber interagir com uma ferramenta de IA. Contudo, não é bem assim. Para Cortiz, os programadores continuarão necessários para avaliar os códigos, entendê-los e fazer uma espécie de "auditoria do que foi feito pela IA".

Sem contar que programação não é só a prática de programar, de ter uma profissão, mas também uma forma de pensar, é uma habilidade importante que a gente continue desenvolvendo. Quando as pessoas falam 'nem aprende programação porque isso vai acabar', calma, porque não é bem assim. Você vai saber interpretar, ter uma lógica de raciocínio e entender melhor a própria linguagem da IA
Diogo Cortiz

Truque contra incerteza: como levar algoritmos das redes sociais para a vida?

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Já acontece a todo momento. Algoritmos são o motor que levam as redes sociais a decidir por você. O que ver, o que curtir, o que não curtir, o que esquecer.

Mas e se estes códigos saíssem da internet e invadissem o mundo para facilitar decisões cotidianas?

Já há técnicas estatísticas podem virar "algoritmos para a vida" e reduzir a incerteza e o arrependimento.

Como seriam as redes sociais sem união entre Facebook, Instagram e WhatsApp

Enfrentando um julgamento na Justiça dos Estados Unidos sob a acusação de ser um monopólio das redes sociais, a Meta pode, caso condenada, ser obrigada a se desfazer de dois dos seus principais apps: Instagram e WhatsApp.

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Se acontecer, a venda dessas duas plataformas vai mudar o mundo da internet. Outra decisão, no entanto, teria causado impacto considerável e imprevisível: e se o Facebook não tivesse adquirido Instagram e WhatsApp?

A companhia de Mark Zuckerberg argumenta que nenhum desses serviços seriam os gigantes de hoje sem seus investimentos.

Se cuida, Musk: Amazon e chineses lançam satélites de olho no Brasil

O Brasil está no centro de uma corrida de empresas interessadas em ocupar o espaço com satélites para fornecer internet. A Starlink, empresa de conexão via satélite do bilionário Elon Musk, recebeu em abril deste ano liberação da Anatel (Agência Nacional das Telecomunicações) para usar operar mais 7,5 mil satélites e ampliar sua frota, que atualmente conta com 4.408 equipamentos em órbita.

Para a gente ter uma ideia de como isso muda o cenário de internet, até 2022 a humanidade inteira lançou 15 mil satélites. Só o Elon Musk e a SpaceX querem lançar até 2035 40 mil
Helton Simões Gomes

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DEU TILT

Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre as tecnologias que movimentam os humanos por trás das máquinas. O programa é publicado às terças-feiras no YouTube do UOL e nas plataformas de áudio. Assista ao episódio da semana completo.

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