Ele foi à ilha radioativa onde ninguém fica mais de 3h e voltou para contar

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O artista itinerante Kirk Hays, de 57 anos, viralizou no TikTok após realizar um feito curioso e impressionante: ele visitou o radioativo Atol de Bikini, um local paradisíaco onde ninguém pode morar ou passar mais do que algumas horas por vez.
Esta estrutura coralínea fica nas Ilhas Marshall, república independente associada aos Estados Unidos na Micronésia, região do Pacífico Ocidental. Ele conquistou 2,2 milhões de visualizações em apenas um dos vídeos da visita e mais de 210,5 mil curtidas.

O artista de Phoenix, no estado do Arizona, levou quatro anos planejando a visita que durou apenas três horas. Este foi o período máximo possível; mais do que isso não seria seguro para o "pequeno grupo" de que Kirk estava acompanhado, como explicou no TikTok. Os visitantes tiveram que, primeiro, conseguir permissão para visitar o local. Veja como foi o passeio:
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Por que o atol é radioativo?
O Atol de Bikini recebe mergulhadores para curtas expedições desde 1996. O motivo de tanto interesse em visitá-lo? Foi ali que os EUA realizaram 67 testes de bombas e outros armamentos nucleares entre 1946 e 1958, antes de as Ilhas Marshall se tornarem independentes dos americanos em 1986, segundo a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).

Tantas explosões deixaram todo o atol em níveis perigosos de radioatividade. Ao evacuar seus 167 moradores em 1946 para o início dos testes, que aconteceram com o consentimento da população — "para o bem da humanidade" — transferida para ilhas vizinhas, como a Kili. Os americanos prometeram que os habitantes de Bikini voltariam para lá, de acordo com arquivos do Museu Smithsonian e do Departamento de Energia dos EUA.

Nativos de Bikini enfrentaram dificuldades bem documentadas, como fome e desastres naturais. A mudança para ilhas da região retirou dos antigos moradores do atol o seu meio de vida, baseado na pesca, devido à dificuldade de manter sua cultura e modo de vida baseado na pesca no novo endereço, distante da chance de "pular de ilhota em ilhota" em torno do atol. Além disso, tufões destruíram suas plantações em outras ilhas.
Tentativas de voltar ao Atol de Bikini a partir dos anos 60 falharam. Apesar das promessas feitas por diferentes presidentes aos familiares dos antigos moradores, a ilha nunca mais teve índices seguros de radioatividade.

Casas chegaram a ser construídas e coqueiros plantados em 1972 e um grupo de cerca de 100 ex-moradores retornou voluntariamente a Bikini. No entanto, em 1978 descobriu-se que o nível de Césio-137, um isótopo radioativo, tinha aumentado 11 vezes nos corpos das pessoas e levado mulheres a sofrerem abortos espontâneos ou terem bebês com anomalias genéticas. A ilha foi evacuada novamente depois disso.
Nada em Bikini também se provou seguro para ser comido após testes no fim dos anos 70, segundo o site do atol.
Tendo crescido durante a Guerra Fria, eu queria ver o local em que a Era Atômica foi de sua infância à maturidade e testemunhar o efeito nas pessoas envolvidas e no ambiente. Foi preocupante visitar a ilha, que é, ao mesmo tempo, incrivelmente linda e um câncer para o ambiente, a origem de tantas pessoas e crianças que sofreram de envenenamento por radiação e defeitos congênitos. Saber que estas praias lindas foram a fonte de radiação que fizeram crianças nascerem sem ossos firmes e serem enterradas na areia por suas mães horrorizadas... E imaginar como uma nova geração de políticos espera retomar aqueles tempos...
Comentou Kirk Hays em entrevista à revista Newsweek.
O turismo foi permitido há quase 30 anos, em pequenas doses, para reaquecer a ilha economicamente e planejar para uma futura reocupação. No entanto, os planos ainda não saíram do papel. Até hoje, restam em Bikini apenas as lembranças da passagem do Exército dos EUA por lá, como bunkers de observação dos testes nucleares e navios e carcaças no fundo do mar — já que algumas bombas foram detonadas debaixo d'água. Veja destroços:
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Em 2010, a Unesco reconheceu o Atol de Bikini como Patrimônio da Humanidade. Apesar de todas as tragédias relacionadas à ilha, ela se tornou a inspiração para a criação do biquíni com que se vai às praias e da Fenda do Biquíni, o lar do personagem Bob Esponja.
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