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Abrigo nuclear construído na Guerra Fria agora atrai turistas no Canadá

Diefenbunker, o Museu da Guerra Fria do Canadá - Reprodução/Facebook
Diefenbunker, o Museu da Guerra Fria do Canadá
Imagem: Reprodução/Facebook

De Nossa

22/02/2023 04h00

Nos arredores de Ottawa, mais precisamente em Carp no Canadá, um antigo abrigo nuclear preparado para proteger os governantes do país em caso de bomba durante a Guerra Fria se tornou uma atração para turistas com curiosidades históricas.

O Diefenbunker, como é conhecido o Canada's Cold War Museum, começou a ser construído em 1959, na gestão do então primeiro-ministro John Diefenbaker — o que inspirou o trocadilho com o seu nome.

Ele não era o único, na ocasião: cerca de 50 Emergency Government Headquarters (QGs de Emergência do Governo) foram espalhados pelo país.

No entanto, o bunker de Carp era o maior dos QGs — e por isso considerado a Central — desenvolvidos pelo governo: eram mais de 9.300 metros quadrados de aposentos subterrâneos, a cerca de quatro andares do solo, preparados para uma calamidade em que o Canadá teria que ser reconstruído, talvez, do zero.

Uma trilha de superfície revela aos visitantes pistas da localização subterrânea do abrigo nuclear - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Uma trilha de superfície revela aos visitantes pistas da localização subterrânea do abrigo nuclear
Imagem: Reprodução/Facebook

Para o seu projeto, foram utilizadas 32 mil toneladas de concreto e 5 mil toneladas de aço resistentes a bombardeios de até 5 megatons — cerca de 333 vezes mais destrutivos que os 15 kilotons da explosão de Hiroshima ao final da Segunda Guerra. Um túnel de explosão longo serviria para absorção da energia de uma bomba jogada no centro de Ottawa.

Túneis subterrâneos levam ao complexo - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Túneis subterrâneos levam ao complexo
Imagem: Reprodução/Facebook

Finalizado em 1961, ele possuía toda a infraestrutura mais moderna da época: salas com imensos computadores que monitoravam informações militares e de inteligência, telefones e cripta para armazenar o estoque de ouro do Bank of Canada.

As obras para o Diefenbunker começaram em 1959 - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
As obras para o Diefenbunker começaram em 1959, dez anos após a União Soviética detonar sua primeira arma nuclear
Imagem: Reprodução/Facebook

Era parte do complexo ainda uma estação de rádio para transmissão emergencial pela CBC (Canadian Broadcasting Corporation), sala de conferência, cafeteria, veículos e, é claro, 350 quartos para autoridades — entre eles, o do primeiro-ministro.

Ferramentas de emergência do bunker agora são parte de sua exposição permanente - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Ferramentas de emergência do bunker agora são parte de sua exposição permanente
Imagem: Reprodução/Facebook

Sua concepção foi polêmica: revelado o intuito da obra pelo jornal The Toronto Telegram em 1961, ele provocou revolta na população, já que o governo não investia em abrigos para civis — abandonando-os à própria sorte — e focava apenas em proteção das reservas militares do país. Diante da saia justa, o próprio Diefenbaker prometeu nunca usar o bunker.

As acomodações do Primeiro-Ministro do Canadá, em caso de explosão - Jonathon Simister/Creative Commons - Jonathon Simister/Creative Commons
As acomodações do primeiro-ministro do Canadá, em caso de explosão
Imagem: Jonathon Simister/Creative Commons

O Diefenbunker de Ottawa tinha capacidade de acomodar 565 pessoas por até um mês com seu reservatório de alimentos, combustível, água fresca, entre outros. Como foi idealizado para uma situação extrema, seu cotidiano era um pouco diferente. Durante 32 anos, ele funcionou também como estação das Forças Armadas Canadenses, por isso, o nome oficial: CFS Carp.

A estação de rádio do bunker, para permitir transmissões de emergência - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
A estação de rádio do bunker, para permitir transmissões de emergência
Imagem: Reprodução/Facebook

Ali trabalhavam entre 100 e 150 pessoas em turnos de 24 horas, principalmente no setor de inteligência, enviando comunicações secretas durante a Guerra Fria. Em 1994, em um mundo pós-queda do Muro de Berlim e diante de uma dissolvida União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, o QG foi aposentado.

Os transmissores da estação de rádio do Diefenbunker - Dennis Jarvis/Creative Commons - Dennis Jarvis/Creative Commons
Os transmissores da estação de rádio do Diefenbunker
Imagem: Dennis Jarvis/Creative Commons

Foi quando o Diefenbunker ganhou um novo status: Sítio Nacional Histórico. Suas dependências foram reformadas e abriram as portas ao público como museu que conta a história deste período em 1997. Apesar de pouco mais de 25 anos de operação, o interesse nele foi renovado após a Guerra na Ucrânia, revelou Christine McGuire, diretora do museu, ao The New York Times.

Uma réplica de uma bomba atômica MK4 pode ser vista no Diefenbunker - Dennis Jarvis/Creative Commons - Dennis Jarvis/Creative Commons
Uma réplica de uma bomba atômica MK4 pode ser vista no Diefenbunker
Imagem: Dennis Jarvis/Creative Commons

Teve quem ligasse perguntando se ainda funcionávamos como abrigo nuclear. Esse é ainda um medo real para muita gente. Parece ter voltado ao consciente coletivo."

Christine McGuire, diretora do museu.

A principal sala de conferências do bunker - Z22/Creative Commons - Z22/Creative Commons
A principal sala de conferências do bunker
Imagem: Z22/Creative Commons

Quem se interessar em conhecer o Diefenbunker pode fazê-lo em tours guiados em inglês ou francês. Os anglófonos acontecem duas vezes ao dia: durante a semana, às 11h e às 14h, e aos fins de semana às 11h e às 13h. Já os francófonos são realizados apenas aos sábados e domingos, às 13h30.

Computadores ocupavam uma sala inteira durante a Guerra Fria - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Computadores ocupavam uma sala inteira durante a Guerra Fria
Imagem: Reprodução/Facebook

Este tipo de passeio custa C$ 18,50 (dólares canadenses — ou R$ 70,80) por adulto. Maiores de 60 pagam C$ 17 (R$ 65); estudantes desembolsam C$ 14 (R$ 53,60); menores de 6 a 17 anos têm gasto de C$ 12 (R$ 46) e crianças de até 5 anos têm entrada franca. Há pacotes para famílias de dois adultos e até cinco menores de idade que sai por C$ 49,50 (R$ 189,50).

A cripta do bunker, para proteger o ouro canadense em caso de explosão nuclear, é um dos espaços abertos para visitantes - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
A cripta, feita para proteger o ouro canadense em caso de explosão nuclear, é um dos espaços abertos para visitantes
Imagem: Reprodução/Facebook

Já quem prefere fazer uma visita livre, sem a orientação de um guia, encontra ingressos levemente mais econômicos. São C$ 18 (R$ 68,90) por adulto; C$ 16,50 (R$ 63,20) para maiores de 60; C$ 13,50 (R$ 51,70) para estudantes; C$ 11,50 (R$ 44) para menores de 6 a 17 anos e crianças de até 5 anos também não pagam neste caso.

Detalhes das áreas de exibição - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Detalhes das áreas de exibição
Imagem: Reprodução/Facebook

O pacote familiar livre sai por C$ 49 (R$ 187,60). Ingressos são reservados para datas específicas. É possível fazer a compra antecipada na bilheteria virtual do museu, no site diefenbunker.ca/tours.

Entrada do que era o QG Central de Emergência do Governo do Canadá durante a Guerra Fria, hoje o museu que se dedica ao período - Dennis Jarvis/Creative Commons - Dennis Jarvis/Creative Commons
Entrada do que era o QG Central de Emergência do Governo do Canadá durante a Guerra Fria, hoje o museu que se dedica ao período
Imagem: Dennis Jarvis/Creative Commons