Bruno Henrique embarca em silêncio e Braz defende: 'Nem toca no jogador'
O Flamengo embarcou para Belo Horizonte com Bruno Henrique entre os relacionados. O atacante, alvo de investigação por manipulação, não se manifestou sobre o caso, mas Marcos Braz, vice-presidente de futebol, comentou o assunto. A equipe enfrenta o Cruzeiro nesta quarta-feira (6).
O que aconteceu
O atacante foi um dos últimos a sair do ônibus. Ele passou com uma expressão séria, usando fones de ouvido, boné e acompanhado do jovem Lorran. Os relatos são de que o jogador ficou cabisbaixo com a situação.
Marcos Braz detalhou como o Flamengo recebeu o comunicado da operação contra Bruno Henrique. Ele afirmou que o clube já havia recebido um comunicado da Fifa anteriormente sobre a investigação e que conversou com Bruno Henrique.
O vice-presidente de futebol garantiu que o Flamengo contribuirá com o que for necessário para a resolução do caso. Braz também ressaltou que o clube prestará apoio ao jogador.
Braz disse que conversou com Bruno Henrique na manhã desta terça-feira (5). Segundo ele, o atleta estava "muito tranquilo".
O vice-presidente de futebol lamentou a operação dias antes do jogo de volta da final da Copa do Brasil. Ele afirmou que o clube tenta minimizar a situação — não o caso — para evitar que isso impacte na preparação para o confronto contra o Atlético-MG no domingo.
O que ele disse?
Como Fla foi comunicado: "O Flamengo foi comunicado pela FIFA há um tempo atrás que teria um atleta sendo investigado. Isso passou para o STJD. O Flamengo chamou o atleta, o atleta deu as informações corretamente. Na época a gente enviou para o STJD. Ato contínuo, o STJD, acredito que deve ter investigado, analisado as respostas, os lances, arquivou o processo. Nós também tivemos a essa informação e isso foi passado para a CBF. Parece que a CBF, em ato contínuo, passou às autoridades, relatou às autoridades sobre isso aí. Em um segundo momento, ninguém tinha acesso a esse segredo de justiça. A partir disso, se deflagrou essa operação e essa investigação."
Apoio ao jogador: "É claro, o Flamengo não sabia absolutamente de nada neste segundo momento dessas investigações. O Flamengo é o que tem mais interesse em que isso se resolva. O Flamengo estará contribuindo da forma que for possível caso a Justiça necessite dessa contribuição. Dará também apoio ao atleta em ato contínuo, pelas relações humanas que o atleta mantém, ou até pela resolução da inocência que a gente tem que ter desde o começo. E agora, com muita calma, com muita tranquilidade, aguardar as ações da Justiça."
Conversa com BH: "Nós tínhamos uma programação do treino hoje de manhã. Após isso, a viagem a que estamos aqui para Minas Gerais. Quando ele chega no CT, eu converso com ele pessoalmente junto com mais uma pessoa, a gente pergunta em relação a como ele estará no jogo de amanhã. Conversei com o Filipe Luis. Ele treinou normalmente e seguiu as suas atividades. Ele, a todo momento, estava muito tranquilo, dizendo que não teria absolutamente nada com isso, que ele também teria o maior interesse de entender o que aconteceu e, claro, estará pronto para justificar a situação em que ele terá que dar explicações daqui para frente."
Operação antes de final: "É uma investigação que já tem algum tempo, uma investigação que veio de Brasília numa precatória para o Rio de Janeiro para que se deflagrasse a operação aqui. A gente também não pode ser irresponsável de achar que essa operação poderia ser feita depois das finais ou não. A gente não tem acesso aos autos. Se a operação foi feita hoje, eu acredito que a Justiça e os delegados, os procuradores que estão envolvidos, com certeza entenderam que era necessário fazer a operação o mais rápido possível. Eu, como vice-presidente de futebol, gostaria que essa operação nunca tivesse acontecido, mas se tivesse, fosse a partir de domingo, na segunda-feira, após uma decisão como essa."
Fla tenta minimizar situação: "Não vou falar para você que é uma situação normal. Eu não poderia falar nunca em relação a isso, porque eu posso falar para você que nós estamos tentando minimizar, não o fato, mas minimizar as ações de uma busca e apreensão dentro do CT do Flamengo para que nós possamos ter a tranquilidade devida não só para o jogo de amanhã, que é muito importante, mas principalmente para o jogo de domingo, em que a gente disputa um título nacional contra um adversário forte com a sua torcida, na casa do adversário. Então, a gente está tentando minimizar neste sentido e acho que os jogadores são experientes, são jogadores em que entendem essas ações e eu tenho a certeza absoluta que isso aí será esclarecido como é de interesse a todos, de maior interesse ao Flamengo, ao Bruno Henrique e toda a sociedade. E claro, que dê tudo certo no domingo, que esses fatos, esses atos não tenham atrapalhado a decisão de domingo."
Defesa de Bruno Henrique: "Ninguém tinha acesso a essa ação. Essa ação estava, parece que até há pouco tempo, poucas horas, em segredo de Justiça. Me parece que ela só saiu do segredo de Justiça após a deflagração da operação. Então, ninguém tinha acesso, eu sou o sabedor desta sua pergunta, há pouco tempo que eu venho conversando com o vice-presidente jurídico sobre os fatos e eu não tive a oportunidade de conversar com ele sobre esse tema específico que você está falando. O que eu posso falar é que, mais uma vez, ele terá tempo, terá tempo hábil, para poder não só falar com vocês, mas esclarecer para a Justiça, porque é de interesse dele também. Quero deixar claro que a história do Bruno Henrique dentro do futebol é uma história ilibada, é um atleta profissional, que sempre teve os valores da família, os valores da união, do grupo, os valores de um profissional em que é o primeiro a chegar, como o último a sair. O histórico dele é esse, sendo esse a pessoa que mais tem interesse de que seja resolvido e explicado este tema é ele. Tenho certeza absoluta que na hora certa ele irá, junto com seus advogados, tratar desse tema."
Lance do cartão: "Eu posso te falar que sobre esse lance específico que está sendo investigado, parece que foi no último lance quase do jogo, bem no final do jogo, e ele sequer toca no jogador. Ele não comete a falta para o cartão. Mesmo assim, ele toma o cartão, reclama e é expulso. Se não me engano, é isso. Tem muito tempo, tem quase um ano. É claro que como esse fato novo do Bruno Henrique hoje de manhã, nós começamos a ficar atentos em relação à relevância, a ajustar as coisas que poderiam ter ocorrido naquela época. Tem muito tempo e a gente não tem conhecimento dele ter, isso aí nunca foi solicitado, nem a ele e nenhum atleta para tomar nenhum cartão amarelo espontaneamente ou de uma maneira que seja provocativa. Isso não existe aqui no Flamengo."
Quem são os relacionados do Flamengo
Goleiros: Rossi, Matheus Cunha e Dyogo Alves
Zagueiros: Cleiton, David Luiz, Iago, Léo Pereira e Fabrício Bruno;
Laterais: Alex Sandro, Ayrton Lucas, Varela e Daniel Salles;
Meio-campistas: Allan, Matheus Gonçalves, Evertton Araújo, Alcaraz, Erick Pulgar e Guilherme;
Atacantes: Bruno Henrique, Plata, Lorran, Michael e Shola
Polícia na porta
A PF foi à casa de Bruno Henrique logo cedo nesta terça (5). O atacante foi acordado pelos policiais, que levaram documentos e eletrônicos do atleta. Não há mandados de prisão.
Agentes também foram ao CT e à sede social do Flamengo. No Ninho do Urubu, os policiais foram ao quarto do jogador.
Um mandado foi cumprido na sede de empresa em que Bruno Henrique é sócio. A reportagem apurou que os agentes estiveram na BH27 Oficial Ltda, empresa cujo nome é formado pelas iniciais do jogador e pelo número que ele usa no Flamengo, e na DR3 - Consultoria Esportiva Ltda.
Outro lado: a assessoria de Bruno Henrique informou que o atleta não vai comentar o caso por enquanto.
A operação contra BH
Mais de 50 policiais federais e seis membros do Gaeco/DF cumpriram 12 mandados de busca e apreensão. Os nomes dos alvos não foram divulgados, mas o UOL apurou que Bruno Henrique é um deles.
Mandados foram expedidos pela Justiça do Distrito Federal. A operação da PF ocorre nas cidades do Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Vespasiano (MG), Lagoa Santa (MG) e Ribeirão das Neves (MG).
Investigação começou a partir de comunicação realizada pela CBF. "De acordo com relatórios da International Betting Integrity Association (IBIA) e Sportradar, que fazem análise de risco, haveria suspeitas de manipulação do mercado de cartões na partida do Campeonato Brasileiro", informa a PF, em nota.
No decorrer da investigação, os dados obtidos junto às casas de apostas, por intermédio dos representantes legais indicados pela Secretaria de Prêmios de Apostas do Ministério da Fazenda (SPA/MF), apontaram que as apostas teriam sido efetuadas por parentes do jogador e por outro grupo ainda sob apuração. "Trata-se, em tese, de crime contra a incerteza do resultado esportivo, que encontra a conduta tipificada na Lei Geral do Esporte, com pena de dois a seis anos de reclusão", diz o MPRJ.
Partida investigada
O UOL apurou que o jogo sob suspeita foi Flamengo 1 x 2 Santos, disputado no Mané Garrincha, em Brasília, em 1ª novembro de 2023. O jogo foi válido pela 31ª rodada da última edição do Campeonato Brasileiro.
Bruno Henrique levou cartão amarelo e vermelho após cometer falta e confrontar o árbitro aos 52 minutos do 2º tempo. Ele primeiro atingiu Soteldo em jogada perto do escanteio e depois discutiu com Rafael Rodrigo Klein.
O árbitro relatou na súmula que Bruno Henrique o ofendeu: "Você é um merda". Na ocasião, Rafael Klein escreveu que expulsou o jogador após o xingamento.
Informo que expulsei por me ofender com as seguintes palavras: 'você é um merda', com o dedo em direção ao meu rosto, após a marcação de uma falta e também após ter sido advertido com cartão amarelo. Rafael Klein, na súmula do jogo
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