O que podemos destacar no campeonato brasileiro e nas Copas em 2024?
Sem fazer uma seleção do campeonato, porque acho que limita demais as escolhas, optei por fazer uma lista de destaques.
Vou começar pelos treinadores e, obviamente, pelo grande destaque do ano, na minha visão, que é o Arthur Jorge, do Botafogo. Ele mostrou, desde quando chegou, muitas variações táticas e serenidade na hora de fazer as escolhas durante os jogos, mesmo com o sangue quente. Claro que ter um elenco qualificado facilita para qualquer treinador, mas as decisões quem toma é ele, e as fez muito bem.
Outra coisa boa são as suas entrevistas, pela tranquilidade, mesmo na hora da cobrança, e pela educação com que trata todas as pessoas, inclusive alguns jornalistas chatos.
Tenho mais dois treinadores que, para mim, merecem destaque. Ramón Díaz, do Corinthians, pegou um time destruído e um clube pegando fogo politicamente, o que parecia ser uma grande roubada. Por muito tempo foi mesmo, mas foi procurando um time titular, com os reforços chegando aos poucos ao longo do ano, e levou um time desacreditado às semifinais das copas Sul-Americana e do Brasil, além de conseguir um feito inacreditável que foi colocar o Corinthians na pré-Libertadores em dois meses. Sim, até as nove vitórias seguidas, o time estava na zona de rebaixamento, mas ganhou de todos os concorrentes e, de quebra, venceu o arquirrival Palmeiras, terminando o campeonato em 7º.
Roger Machado também pegou o Internacional numa situação complicadíssima, em meio à enorme tragédia que ocorreu no Rio Grande do Sul. Não deixarei de fora, de forma nenhuma, Juan Pablo Vojvoda, que é um exemplo de competência e ética profissional, colocando o seu Fortaleza no rol dos grandes times do futebol brasileiro atual. Com vários jogos por fazer e por muito tempo sem ser no Beira-Rio, e mesmo com todas essas dificuldades, levou o Colorado até a 5ª posição, classificando-o direto para a Libertadores.
Dois trabalhos realmente difíceis, mas muito significativos, tanto para o Ramon quanto para o Roger.
Tem também o Filipe Luís, que pegou o Flamengo aos pedaços e, além de vencer a Copa do Brasil atropelando o Atlético-MG, também fez a equipe recuperar aquele futebol empolgante. Isso fez a diferença não só para a massa rubro-negra, mas também para todos que amam um futebol bem jogado.
Vamos aos jogadores. No gol, destaco o goleiro John, do Botafogo, pela segurança, precisão e tranquilidade que passou para a sua defesa. Foi uma peça fundamental nessa campanha histórica do ano de 2024. Outro destaque incrível foi o Hugo Souza, que, no pior momento do Corinthians, salvou o time em diversos jogos que poderiam ter levado a uma situação irrecuperável, tanto nos planos técnicos quanto no plano moral da equipe. Fez diversas defesas incríveis nesse campeonato e, para mim, foi o grande nome do Corinthians no campeonato, porque foi ele que deixou o time vivo o tempo todo. E mesmo com o rebaixamento, o que pegou o goleiro Mikael (Athletico), principalmente na última rodada contra o Atlético-MG.
Nas laterais, gostei muito do Vitinho (Botafogo), Willian (Cruzeiro), Wesley (Flamengo), Bernabei (Internacional) e Alex Telles (Botafogo), sendo que todos eles foram muito bem.
Na zaga, tivemos várias caras novas, como, por exemplo, a dupla do Botafogo, Bastos e Alexander Barboza, que fizeram um ano maravilhoso em todos os sentidos: força física, imposição e jogada aérea, tanto defensiva quanto ofensiva. O Adryelson também merece ser lembrado como destaque, porque quando o Arthur Jorge precisou, ele foi importantíssimo, principalmente na reta final do campeonato e da Libertadores. Quando se falou em André Ramalho no Corinthians, poucas pessoas conheciam esse jogador, mas desde a sua estreia demonstrou virtudes imprescindíveis para um zagueiro: ótimo senso de posicionamento, forte na jogada aérea e muito versátil, porque joga de zagueiro, líbero e volante com extrema facilidade.
No meio-campo, vou destacar os marcadores, criadores de jogadas e aqueles que dão dinâmica a uma partida. Começo com os volantes do Botafogo, Gregore e Marlon Freitas, que são os dois pontos de equilíbrio da equipe, porque protegem a defesa, auxiliam a criação e se projetam como elementos surpresa no ataque. Surgiu um jogador muito promissor, que é o corintiano Breno Bidon, um volante canhoto supermarcador, mas que tem boa criatividade e ótimo chute de longa distância. Na função de segundo volante, para mim, é o grande jogador de meio-campo brasileiro, que é o Gerson, do Flamengo. É o cara que melhor coloca dinâmica numa partida e é aquele que dá o ritmo no time do Flamengo.
Na difícil função da criatividade de um time, muitos se destacaram, mas todos estrangeiros: Almada e Savarino (Botafogo), Rodrigo Garro (Corinthians), Arrascaeta (Flamengo), e o único brasileiro que se destacou nessa posição foi o Alan Patrick (Internacional).
No ataque, vamos de Yuri Alberto (Corinthians), que se destacou nos últimos dois meses e conseguiu ser o artilheiro junto com Alerrandro (Vitória), que também disparou no final do campeonato. Tivemos também o Memphis Depay (Corinthians), que mudou totalmente o astral do time, além de ter sido o grande responsável pelo crescimento do Yuri. O Igor Jesus (Botafogo) também teve um ano de 2024 muito bom, tanto que virou titular da seleção brasileira. Mas os grandes craques do ataque são os dois mais jovens dessa história: Luís Henrique (Botafogo) e Estevão (Palmeiras).
Tivemos algumas decepções, por exemplo, o Athletico-PR, que, de um das favoritas à vaga da Libertadores, foi rebaixado para a Série B; o Fluminense, que em 2023 foi o campeão da Libertadores e começou o ano ganhando a Supercopa, só se salvou na última rodada; Fernando Diniz, que teve uma temporada péssima dirigindo dois times no Campeonato Brasileiro (Fluminense e Cruzeiro) e só venceu dois jogos; Alexandre Mattos, que demitiu injustamente Fernando Seabra e colocou estranhamente Diniz em seu lugar; Renato Gaúcho também decepcionou muito, principalmente nas coletivas, além de seu time, que só conseguiu se salvar na penúltima jogada.
Vou propor uma coisa para vocês: ao invés de criticarem as minhas escolhas, acrescentem as de vocês, porque são muito pessoais. Ninguém está certo e nem errado quando se escolhe um grupo que se destacou ou decepcionou
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