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Documentário sobre Rita Lee é simplesmente lindo

Estreou hoje no canal Max um documentário incrível sobre a Rita Lee, chamado Mania de Você.

A história é contada através de muitas entrevistas que ela própria deu durante a sua vida intensa, louca, amorosa e com muito, mas muito rock and roll.

Rita era uma artista formidável, com uma sensibilidade ímpar, além de ser uma apaixonada por uma família com seus pais, irmãs, com Roberto de Carvalho, filhos, netas, amigos, bandas e, convenhamos, Rita Lee & Tutti Frutti foi uma das maiores bandas de rock da história.

Essa parte é aquela que mais gosto de falar, porque foi nesse período que conheci melhor a roqueira, pois me identifiquei com suas letras, seus comportamentos, seu modo de falar e vestir.

É uma delícia ver como sua vida é relatada também através de depoimentos emocionantes, principalmente da sua irmã Virgínia, que é uma querida.

Assim como é explícito o tamanho do amor e da saudade que Robertinho, Beto Lee, Antônio Lee e João Lee, seus filhos, demonstram ao falar sobre ela.

Na verdade, quem participa dando depoimentos sobre ela nesse doc demonstra muita admiração e carinho, além do enorme reconhecimento pelo seu talento.

Fora os familiares, os músicos que trabalharam com ela, historiadores... Me senti orgulhoso e honrado de participar, falando o quanto fui influenciado pela Rita Lee na adolescência.

Na forma de me vestir, no meu modo de falar, na minha paixão pelo rock e também na minha filosofia de vida.

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A Rita teve uma importância muito grande, porque estive com ela em alguns momentos marcantes, como no Ginásio do Ibirapuera, em 1982, quando eu, o Magrão e o Wladimir subimos no palco com ela e cantamos "Vote em Mim" e demos uma camisa número 9 que eu havia prometido a ela.

Sócrates, Rita Lee, Wladimir e Casagrande durante o show Circo, em 1982, no ginásio do Ibirapuera
Sócrates, Rita Lee, Wladimir e Casagrande durante o show Circo, em 1982, no ginásio do Ibirapuera Imagem: Divulgação/Corinthians

Mas o dia que realmente fez a diferença foi quando eu ainda estava internado em 2008, mas já estava bem avançado no tratamento e já havia começado a minha ressocialização.

Eu já estava podendo sair de sábado, acompanhado de uma psicóloga, e na primeira vez que pude escolher um lugar diferente sem ser a casa da minha família, escolhi ir ao show da Rita.

Cheguei cedo porque evitava tumulto, e ela me chamou. Fui ao corredor encontrá-la e, quando a encontrei, ela estava com a Hebe Camargo. As duas foram muito acolhedoras comigo.

Rita Lee, Walter Casagrande e Hebe Camargo após show da cantora em 2008
Rita Lee, Walter Casagrande e Hebe Camargo após show da cantora em 2008 Imagem: Arquivo pessoal
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A Rita me levou para dentro do camarim e pediu para eu contar tudo que havia acontecido comigo e como eu estava.

Ela foi amiga demais, carinhosa, compreensiva, acolhedora e, claro, tinha muita coisa a me dizer sobre os nossos problemas.

A Rita era assim, e esse documentário mostra isso claramente.

Outras partes que amei foram as imagens de arquivos em programas de TV, shows, entrevistas, estúdios, em casa e vendo pessoas amigas que tínhamos em comum falando e destacando muito a genialidade dela.

Amigos como Lucinha Turnbull, Lee Marcucci (baixista do Tutti Frutti e que continuou com ela na carreira solo), Luís Sérgio Carlini (incrível guitarrista que compôs o maior solo do rock brasileiro na música "Ovelha Negra"), Gil, Ney Matogrosso... E foi um privilégio e uma honra estar junto dessa turma no doc.

A Rita Lee era louca, roqueira, linda, genial, e não tem um só adolescente dos anos 70 que curtia rock que não fosse apaixonado por ela.

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Eu serei sempre, mas não é um amor com desejos, e sim um sentimento de idolatria mesmo.

Eu sou intenso, então não sinto nada pela metade; tudo comigo é por inteiro, completo.

Portanto, Rita Lee e Janis Joplin são as duas mulheres pelas quais serei apaixonado eternamente.

Recomendo muito mesmo esse documentário sobre Rita Lee, porque é muito bem feito, produzido, editado e mostra todos os lados da Rita; não é um doc chapa-branca.

Mostra suas virtudes, sua genialidade, sua generosidade, mas também suas quedas, sua agressividade e como era geniosa.

Enfim, é a Rita Lee sendo totalmente e honestamente a Rita Lee.

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E para quem quiser conferir mais sobre a vida dessa brilhante artista, também estreará no cinema em 22 de maio o documentário "Ritas".

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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