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OpiniãoEsporte

Teimosia de Dorival e companhia estagna a seleção e frustra os torcedores

Refleti sobre a seleção brasileira e quero defender uma tese que já tenho há muito tempo, mas que agora está se tornando evidente e prejudicando a equipe.

As convocações da seleção, independentemente do treinador, eram diferentes nas décadas de 80, 90 e 2000, especialmente em relação aos jogadores que atuavam no exterior. Naquela época, não era fácil jogar na Europa, principalmente no Campeonato Italiano, que era o equivalente à Premier League de hoje - o melhor campeonato do mundo.

Na Itália, inicialmente, cada clube podia ter apenas um jogador estrangeiro, e depois esse número aumentou para dois. Esses jogadores eram escolhidos a dedo, e lembro claramente que os que atuavam na Itália eram atletas acima da média, que faziam a diferença.

Por exemplo, em 1985, a seleção brasileira tinha Edinho e Zico (Udinese), Dirceu (Verona), Toninho Cerezo (Roma), Júnior (Torino) e Sócrates (Fiorentina) vindos da Itália. Os outros atuavam no Brasil. Com esses jogadores, a seleção ficava muito mais forte tecnicamente. A combinação entre os que jogavam no Brasil e os "estrangeiros" resultava em uma equipe poderosa.

Hoje, a realidade é completamente diferente. Qualquer atleta pode ir jogar na Europa, mas isso não significa mais que ele fará diferença técnica na seleção. Atualmente, temos jogadores no Campeonato Brasileiro que são protagonistas em grandes clubes, e muitos deles são melhores que os que estão na Europa. Além disso, outros merecem a chance de mostrar se estão à altura de vestir a camisa pentacampeã.

Será que Lucas Paquetá melhora a seleção? Danilo? Marquinhos? Andreas Pereira?

Por que Matheus Pereira (Cruzeiro) não foi convocado logo de cara, e só é lembrado quando alguém se machuca ou está suspenso? Por que Gerson (Flamengo) não teve uma sequência como titular, enquanto tantos jogadores que atuam na Europa tiveram inúmeras chances e não corresponderam?

E quanto a outros jogadores? Willian (Cruzeiro), Vitinho (Botafogo), Murilo (Palmeiras), John (Botafogo), Alan Patrick (Internacional), Léo Ortiz (Flamengo) e Paulinho (Atlético-MG), entre outros.

Por que Murillo, do Nottingham Forest, nunca foi convocado, apesar de ser titular absoluto da segunda melhor defesa da Premier League?

Dorival também deve dar atenção ao jovem zagueiro Vitor Reis, do Palmeiras, que, com apenas 18 anos, já atrai o interesse de vários grandes clubes europeus. Não é necessário esperar que ele vá para a Europa para ter oportunidades.

Por que insistir continuamente com jogadores que não estão rendendo ou que já passaram do tempo na seleção? Se Dorival Júnior não começar a mudar essa postura, corre o risco de afundar junto com uma geração que já não tem mais o que acrescentar à seleção.

A Copa América já expôs nossas fragilidades, e as Eliminatórias estão confirmando isso.

Por que não tentar algo diferente? Todos os treinadores da seleção brasileira seguem o mesmo roteiro.

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Eles formam uma panela para se proteger. Mesmo que certos jogadores não estejam em boa fase, continuam sendo titulares. Isso não acontece apenas por teimosia, mas também porque os treinadores querem reforçar que suas escolhas estão certas e, por arrogância e prepotência, se recusam a admitir erros.

Não custa nada tentar mudar, pois estamos vendo um horror de futebol a cada jogo da seleção.

A grande maioria dos torcedores brasileiros já não se identifica mais com a seleção brasileira porque não se sente representado por boa parte destes jogadores.

Nós iremos nos classificar para a Copa do Mundo de 2026, como sempre conseguimos, mas o grande problema é de qual forma iremos garantir a nossa vaga e como chegaremos nos próximo Mundial.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

77 comentários

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Carlos Eduardo Rodrigues

Sem querer levantar teoria da conspiração, mas sendo apenas lógico no pensamento, basta entender que a Nike é a maior rival da Adidas. Sendo você da Nike e colocando dinheiro para patrocínio, você colocaria na seleção brasileira um jogar patrocinado pelo seu maior rival? Eu acredito que não. Você preza pelo seu emprego... seguindo essa lógica simples, jogadores patrocinados pela Adidas podem estar "voando" em campo que, dadas as circunstâncias, não terão oportunidade na NIKE F.C., que é o que se tornou a seleção faz uns 25 anos. Um negócio muito lucrativo, deixando de ser a "seleção do povo" faz muito tempo. Porque a base não é um time brasileiro como era antigamente? Porque não há interesse financeiro. Os jogadores que estão na Europa, patrocinados pela Nike, custam caro e, portanto, devem estar na vitrine sempre, para que haja retorno em camisas e outros meios de faturamento. A seleção não é mais a seleção brasileira e faz tempo. 

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Aderson Pessoa de Luna Filho

Temos jogadores aqui e lá fora capazes de compor um time competitivo (que todos harmoniosamente joguem ,coletivamente ,não craques que desequilibrem ,esses não temos mais). Não temos treinador ! Não há treinador brasileiro no nível dos grandes treinadores do mundo...Isso é o "óbvio ululante" !

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Fernando Vladimir Souza Santiago

Deve ser imposição de patrocinadores. Será, por exemplo, que em todo campeonato brasileiro e na Europa não tenha um lateral direito melhor que o Danilo ? Alguns dos titulares da seleção são reservas em seus clubes. Por que insistir em Paquetá, que está todo enrolado e pode, a qualquer momento, ser afastado do futebol por um bom tempo, senão para sempre ? 

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