A responsabilidade é de quem deixou Gabriel Barbosa criar asas no Flamengo
Quem iniciou a queda do futebol, da popularidade, da idolatria de Gabriel Barbosa no Flamengo? Quem veio primeiro: o ovo ou a galinha? Existe um só responsável por isso? A bomba irá estourar só nas mãos de Gabriel?
Vamos lembrar de algumas cenas que, no meu entendimento, desencadearam a soberba e a sensação de poder que fazem Gabriel achar que podia fazer tudo que quisesse com a camisa rubro-negra. Gabriel Barbosa chegou no Flamengo em 2019 e fez tudo que um centroavante contratado por milhões, com um grande salário, deve fazer pelo clube que o contratou. Fez vários gols e decidiu jogos importantíssimos, como as duas Libertadores.
Contra o River em 2019, lá em Lima, ele foi incrível, fazendo dois gols em menos de cinco minutos e dando o título ao Flamengo. Fez também o gol do título da Libertadores em 2022 contra o Athletico-PR. Conquistou diversos títulos e a torcida o colocou como um dos grandes ídolos da história, com méritos, mas de forma precoce. Conforme fazia gols e ganhava títulos, seu comportamento foi mudando, sua soberba foi aumentando, e o seu poder no clube foi crescendo.
Estava na cara que, em algum momento, tudo isso iria explodir, porque a direção do clube, mesmo vendo tudo isso, não se mexeu, pois usufruía da popularidade do Gabriel com a torcida e com a mídia. Ele ganhou diversos prêmios individuais, foi o artilheiro dos torneios e campeonatos várias vezes, e foi se colocando como intocável no elenco e no clube.
As coisas começaram a desandar aos poucos e ninguém fez nada para impedir, muito pelo contrário, todos colaboraram com isso, passando a mão na sua cabeça e deixando que ele fizesse o que quisesse, inclusive desrespeitando treinadores que começaram a mexer em seu status de intocável. Começou a ser substituído, saindo com a cara feia, chutando copinhos de água e fazendo caras e bocas no banco, sabendo que as câmeras iriam buscá-lo.
Sabe o que a diretoria fazia? Marcos Braz entrava em campo para sair abraçado com o Gabriel, fazendo carinho. Quando Gabriel começou a ficar no banco, ia sem chuteiras e com camisa de treino, e não a do jogo. O que a diretoria fazia? Carinhos no ego dele. Quando Gabriel Barbosa virou influenciador e trapper, o que a diretoria fez? Bateu palmas para ele.
Isso foi aumentando cada vez mais, e os gols saindo cada vez menos. Contusões ficaram frequentes, os deboches crescendo, as provocações aumentando, e ninguém do clube deu um basta. Chegamos ao ponto de vê-lo se oferecendo ao Corinthians, entrando na coletiva do São Paulo depois de ter caído derrotado no Maracanã, na final da Copa do Brasil de 2023, deixando claro, de propósito, o seu carinho por Dorival Júnior, ex-técnico rubro-negro, para todos verem.
Não paramos por aí. Vestiu a camisa do Corinthians e foi fotografado claramente de propósito, criando um clima pesadíssimo. E, para piorar, mentiu dizendo que era montagem e depois se desmentiu, afirmando que era verdade. Não escondeu de ninguém sua insatisfação, entrando sem a mínima vontade em campo quando substituía algum jogador.
E agora chegamos a um ponto em que Gabriel Barbosa, que ganha uma fortuna por mês, está completamente fora dos planos do Flamengo, porque se acha no direito de não ter vontade de ficar no banco e tem acumulado diversas lesões. Nem nas poucas vezes em que foi titular Gabriel apresentou bom desempenho. No final do ano, sairá de graça para o clube que quiser, e para ele essa será a vingança por não ser mais paparicado pela diretoria, principalmente por Marcos Braz.
Gabriel Barbosa está erradíssimo e sendo injusto com a grande massa rubro-negra, mas não é o único responsável por a situação ter chegado a esse ponto. Todo o seu melindre foi facilitado por Marcos Braz, que em nenhum momento tomou uma atitude de chefe, de líder da diretoria de futebol, na hora que precisava colocar Gabriel no seu lugar de jogador. Não cortou o mal, que está claro, pela raiz, e deixou que o comportamento de Gabriel Barbosa ficasse descontrolado e chegasse até esse ponto. Todos deram corda para o Lil Gabi, Gabriel Barbosa, Gabi, Gabigol.
Cansei de falar nos programas e nos textos, desde a época da TV Globo, do GE.com e agora no UOL, que isso acabaria mal, porque o jogador não pode ter mais poder do que o treinador e a diretoria. E deixaram que Gabriel Barbosa crescesse até achar que ninguém mandava nele e que poderia fazer o que quisesse porque era o Gabigol. A direção do Flamengo é a maior responsável por tudo que está acontecendo, inclusive por deixar de ganhar um ótimo dinheiro vendendo o jogador por um valor alto se ele estivesse rendendo ainda. A diretoria deixou Gabriel criar asas.
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