Saúde, futebol e terminar o dia com Fernanda Young é delirante
Uma quinta-feira (29) super legal, porque pela manhã cuidei da saúde fazendo um teste de esforço para verificar o coração. No começo da tarde, fui ao estádio do Canindé assistir às quartas de final do Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino entre São Paulo e Grêmio. O Tricolor Paulista jogava pelo empate, pois a vitória por 2 x 1 no sul deu essa vantagem. O jogo foi muito truncado, com poucas chances de gol, e o 0 x 0 levou o São Paulo para a semifinal.
Mas não foi só o jogo que me levou ao Canindé; era também uma oportunidade de assistir no campo à grande goleira Lorena, medalhista de prata com a seleção nas Olimpíadas de Paris. Saí de um jogo de futebol e parti para o Espaço Augusta, onde era o dia do lançamento do documentário Fernanda Young - Foge-me Ao Controle, dirigido pela talentosíssima Susanna Lira e com uma brilhante narração da atriz Maria Ribeiro.
A Maria havia me convidado para a estreia pela manhã; disse que sim e fui. A Fernanda foi uma das pessoas mais incríveis e importantes na nossa história cultural e social. Uma mulher de personalidade, super criativa e que lutava verdadeiramente pelas conquistas femininas na sociedade brasileira através da arte. Escritora, roteirista, atriz, apresentadora, diretora, autora, mas gostava mesmo de ser reconhecida como escritora. Entre seus trabalhos estão A Comédia da Vida Privada e Os Normais, entre tantos outros.
O documentário é incrível porque mostra toda a genialidade da Fernanda com muita clareza e todas as suas lutas internas, como todos nós temos. Uma mulher autêntica, espontânea, com a qual me identifiquei em diversos aspectos, como a intensidade da vida, a dificuldade de lidar com o enorme instinto de liberdade que, assim como ela, tenho dentro de mim. Também me identifico por não me esconder e, quando preciso falar algo para alguém, vou e falo diretamente para a pessoa, e não por trás. Assim como, quando escrevo algo sobre alguém, seja positivo ou negativo, seja elogio ou crítica, coloco o nome da pessoa e não dou indiretas.
Percebi também o tamanho da falta que a Fernanda faz para a cultura brasileira e para a difícil luta das mulheres numa sociedade machista. Ela tinha uma liderança e era uma referência para todas as mulheres que lutam e enfrentam de frente todas as pedras que aparecem no caminho de uma mulher que não tem medo de nada. Como escrevi acima, em minha identificação, se ela precisasse falar algo sobre alguma coisa ou alguém, não dava indiretas; falava diretamente! Se ela precisasse escrever algo sobre uma situação ou sobre alguém, não dava a entender; escrevia!
Mas percebi também a grande falta que ela faz no universo masculino, para os homens que participam dessa luta incessante apoiando as mulheres de uma forma ou de outra, mas que às vezes não se expressam bem por não terem um profundo conhecimento de causa, mas muita vontade de ajudar. Pelo menos eu não tenho uma referência feminina com liderança que me ajude a avançar no conhecimento dessa luta. Mas a Fernanda sempre foi essa imagem para mim: a mulher que falava, escrevia, se posicionava, e eu entendia perfeitamente a mensagem, por não ser agressiva, mas sarcástica. Ela colocava suas ideias e pensamentos em seus personagens, como a Vani do seriado Os Normais, do qual era roteirista. Foi um trabalho maravilhoso, com uma montagem de vídeos dela mostrando tudo o que ela realmente era.
Fernanda Young foi um ser ímpar, especial, apaixonante, e seu combustível era o amor, como deixou claríssimo nesse documentário.
34 comentários
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Maria Luíza Giaffone
Hoje, com as redes, os julgamentos sobre qualquer fala são muito rápidos, mas não tenha dúvida que nós sabemos quem está ao nosso lado, Casão, e você está. Quando os homens perceberem que queremos um mundo melhor para todas as pessoas, não apenas para as mulheres, o jogo vira. Obrigada por mais um texto sensível e honesto.
Claudia de Oliveira Stugis
Belo texto Casão. A arte de escrever bem está em expressar claramente suas ideias e deixar bem claro seus princípios e convicções. Quero te dizer que, como mulher, concordo plenamente com você e com seu posicionamento no caso daquele episódio horrível de machismo contra a repórter Alinne Fanelli. Não deixe de se posicionar, pois a sua voz é muito importante para vários grupos que sofrem algum tipo de preconceito ou injustiça. Um abraço.
Fabio Key Hinoue Tsunashima
Sempre falando besteiras. Não vai comentar nada sobre o hino cantado no gênero neutro?????