Silberberg: das azeitonas ao sucesso no turismo e otimismo com Fonseca
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Hoje em dia, é quase impossível ver um jogo de tenista um brasileiro em qualquer lugar do mundo ser avistar nas arquibancadas pelo menos um torcedor vestindo um cordão laranja no pescoço. É a marca da agência de turismo Faberg, comandada pelo ex-tenista Fábio Silberberg, que está sempre nos eventos. Dá para dizer que o paulista de 56 anos, que foi número 196 do mundo no início da década de 1990, tornou-se um empresário de sucesso.
O que poucos sabem, contudo, é que Silberberg não acertou de primeira em sua vida de empreendedor. Quando deixou o circuito, seu primeiro negócio foi intermediar uma venda de azeitonas. Depois, investiu em máquinas de lavar copos, algo que parecia promissor, mas que teve vida curta. Só depois é que veio a Faberg, que se beneficiou muito do sucesso do Big Three no circuito mundial - sobretudo com Roger Federer. Hoje, é João Fonseca que traz otimismo ao negócio.
Silberberg me recebeu em sua casa para contar sua história como empresário. Onde acertou, onde errou e os motivos do sucesso do negócio atual. Fábio fala com bom humor dos primeiros negócios e mostra orgulho do serviço que oferece. Lembra com carinho da convivência com Roger Federer - de quem sempre foi fã assumido - e conta casos recentes em que a ascensão de João Fonseca já mostrou o quanto pode impactar o turismo tenístico. "Quando ele ganhou do Rublev no Australian Open, no dia seguinte eu recebi mais de 200 pedidos [de ingressos] para o Rio Open."
Foi um papo interessante e educativo e que você pode ler na íntegra logo abaixo. Divirta-se!
Começa me contando como é que foi o seu fim de carreira, a sua transição para homem de negócios. Se eu não me engano, você me falou que fez um monte de coisa antes da Faberg, então me conta um pouquinho desse período...
Então... Parei de jogar e eu tinha uma uma ideia que eu queria empreender, né? Então a primeira coisa que eu fiz quando eu parei de jogar foi, por incrível que pareça, vender azeitona.
Azeitona? Por que azeitona?
É, azeitona. Porque eu tinha um amigo que morava no Peru, que jogou bem tênis, o José Luis Noriega. O apelido dele era Tato Noriega. Ele foi um dos melhores jogadores do Peru. Inclusive a gente jogou juvenil junto, comecei como profissional e ele jogou também bem, mas aí ele logo foi cuidar das fazendas do pai, e ele tinha uma produção importante lá no Peru. E quando eu parei de jogar, ele falou: "você não quer vim aqui conhecer? O Brasil é um mercado promissor pra nós" e tal... E nessa já eu já conheci um grande comprador aqui, que eu tinha um relacionamento, e a gente foi pra lá. Fomos, visitamos a fazenda, e esse comprador, ele comprou a a produção toda anual dele. Na época, acho que eram dez contêineres, e eu lembro que ganhei quinhentos dólares por contêiner. Então a conta é rápida: cinco mil dólares. Aí eu fiz esse negócio e falei: "acho que com cinco mil dólares não vai dar. Vamos passar pra próxima." Na sequência, como eu ainda estava jogando interclubes por um clube na Alemanha que eu joguei muitos anos, trouxe uma máquina de lavar copo. Uma máquina portátil de lavar copo que eu vi em todos os clubes e bares. O pessoal lá na Alemanha toma muita cerveja, e esse negócio tinha tudo pra prosperar. Eu instalei mil máquinas de lavar copos em vários restaurantes em São Paulo.
É bastante!
É, é bastante. Ele tinha um funcionamento ao movimento da água, era super higiênico e tinha um detergente que era exclusivo. Aí tinha até uma recorrência, mas também teve um assunto lá do dólar que explodiu. Eu importava, mais que dobrou o valor do custo, e aí o valor da venda já não não casava. Aí eu tive uma primeira grande decepção como empresário. Eu tinha colocado nas maiores redes de restaurantes, os melhores bares. Aí os filhos dos donos da empresa vieram aqui negociar a tomada do negócio, né? Só que eu achei que tinha um valor isso, né? Eu tava com a minha listinha impressa num num papel sulfite, aí a gente sentou ali no escritório, e eu falei: "vou sair do negócio, não está valendo a pena pra o importador" e, de repente, se ele fizesse direto, poderia ser melhor negócio. "E eu tenho aqui o mailing com todos os donos de restaurante, tudo organizado". Aí ele me ofereceu dez mil dólares por isso. Eu tinha passado dois anos e pouco fazendo esse trabalho, aí não aceitei. Ele falou "não vou pagar mais do que isso", e não entreguei o mailing pra ele. Falei "boa sorte". E voltei a trabalhar com tênis. Fui trabalhar como head pro no infanto-juvenil no Clube Athletico Paulistano. Trabalhei quatro anos ali, tive algumas passagens com alguns jogadores. O mais marcante foi com a Vanessa Menga, que eu trabalhei com ela ali durante quase um ano na carreira dela, viajamos alguns eventos. E só emendando para que faça sentido contar tantas coisas que a gente faz, também fiz a organização do Simpósio Internacional de Tênis. Fazia alguns torneios de tênis pra infanto juvenil, fazia umas clínicas, e aí eu decidi trazer palestrantes e pessoas importantes na formação de treinador para o Brasil, para fazer cursos.
E comecei com o Emilio Sanchez na época porque eu comecei a representar a academia do Emilio Sanchez, em Barcelona. Comecei a levar alguns jovens pra lá em época de de verão. Fazia o mês inteiro em Barcelona, aí treinava o mês inteiro, também conhecia a cidade. Tinha umas atividades bem legais, e eu acompanhava os jovens lá. E aqui eu eu comecei a fazer simpósio, que durou cinco anos. A gente vendia 500 entradas pra treinadores do Brasil inteiro, fazia também e venda de patrocínio, em dois anos a gente fez uma feirinha ali na quadra ao lado, a gente usava as quadras cobertas do Paineiras, e fez bastante sucesso. O último ano foi 2009, foi o ano em que o Larri [Passos, ex-técnico de Gustavo Kuerten], aceitou pela primeira vez participar. Ele contou os segredos dele e foi muito legal. Foi um dia inteiro com o Larri. Ele trouxe a turma dele e foi um sucesso. No ano seguinte, eu comecei a fazer o ATP Finals. Já estava fazendo a Faberg em paralelo. Já estava acontecendo. E um ATP finals equivalia a, sei lá, dez simpósios.
É mesmo?
Um ATP finals, sei lá, com 40 clientes. E o simpósio com quinhentos. Era muito difícil. Agente entende também o investimento para o professor de tênis, e era um evento pequeno, sim, mas grande pelo que ele representava. Então nesse meio tempo, a passagem da Faberg como uma agência de turismo pra grandes eventos começou com o tênis.
Quando é que veio o estalo do tipo "vou fazer torneios e eventos porque tem alguma coisa aqui"?
O estalo veio depois. O que o que aconteceu foi o seguinte: eu estava levando jovens pra academia Sanchez-Casal, e eu passava lá três semanas, um mês com eles. Uma turma legal de 30-40 garotos. Um ambiente muito bom. Treinando e fazendo, nas horas livres, alguns passeios, conhecendo a cidade. E me encantou trabalhar assim, com o esquema de viagem. Só que depois de uns três anos eu falei "acho que trabalhar com criança e adolescente não é muito a minha praia". Eu estava sentindo que eu tinha um um algo a explorar, que era com os pais deles. Pela forma como eu tratava, pelo que eu oferecia, eu comecei a sentir que eu tinha um um certo dom de dar um conforto, de dar uma segurança, de oferecer o que tinha de melhor, de especial e uma comunicação direta, correta e verdadeira. Aí, conversando com o Emilio, eu falei pra ele sobre isso, e falei "vamos fazer um camp para adultos." Porque essas pessoas têm que vir pra cá, e a gente tem que pegar a melhor semana. Aí lógico que a melhor semana era o ATP de Barcelona. A gente ia fazer a clínica de manhã e e assistir ao ATP de Barcelona à tarde. Aí fiz os meus movimentos como ex-jogador, falei com a organização, o Emílio também me ajudou, e procurei uma agência no Brasil especializada em Barcelona. Falei "quero uma experiência completa", aí peguei ingresso nas primeiras filas, um acesso a área de hospitalidade, acesso à area de jogador - naquela época, podia - aí de manhã o Emílio vinha pra quadra, treinava com os clientes e depois, na parte da tarde ou alguns dias livres, a gente fazia uma atividade gastronômica ou um passeio na cidade de Barcelona. Aí eu montei sozinho.
Só você?
A minha empresa era eu. Aí montei dentro do meu bom senso uma programação e comecei a divulgar dentro do meu relacionamento. Acho que eu trabalhei uns seis meses ali para juntar 20 pessoas. Para jogar tênis de manhã lá na Sanchez-Casal e assistir ao ATP de Barcelona. As pessoas que vieram foram pessoas que realmente me deram muita confiança porque eram pessoas que tinham excelente condição financeira, uma experiência de viagem muito importante na na vida deles e, ainda assim, precisavam do meu serviço. E elogiaram, gostaram do formato, do equilíbrio de tudo isso. Eu só comemorei quando acabou porque eu tava ali. Montei, entreguei e participei sozinho do negócio. E quando acabou, que eu me lembro que me deu um "pá!", a gente estava num restaurante bastante famoso de Barcelona, um três estrelas Michelin, foi a despedida e estava todo mundo lá, aí um pediu o cardápio, começou a escrever, outro começou a escrever e tal, aí um começou a fazer um depoimento, outro fez outro depoimento, aí começaram a assinar no cardápio, "pô, a gente precisa fazer mais isso", "isso aqui foi demais", e eu tenho até e guardei esse cardápio. Porque acabou todo mundo me fazendo um agradecimento que me pegou de surpresa. Na hora que eu vi aquilo, falei "acho que as pessoas gostaram". Porque na minha cabeça eu estava fazendo minha obrigação. E quando eu vi que teve essa repercussão e, saindo de lá, as pessoas começaram a me procurar falando "quero fazer mais uma", "quero fazer uma dessa em Roland Garros", "me ajuda com o US Open", aí que me deu o estalo. Tem tem esse buraco aqui. As pessoas não têm essa esse serviço no Brasil.
O que eu acho interessante é que é um público com poder aquisitivo alto, que de repente pode viajar para qualquer lugar do mundo, mas não tem o acesso que você tem e precisa do serviço específico que você presta...
Porque eu fui buscar o que tinha de melhor. A gente não estava falando de um grand slam. Estava falando do ATP 500 de Barcelona, sabe? Não era um negócio... Um hotel cinco estrelas bom, uns passeios bacanas, mas não é que... Era uma viagem que tinha um valor agregado muito bom, entregava bem, mas não era impossível, sabe? Tinha pessoas com excelentes condições financeiras, empresários famosos nas áreas onde atuam. Algumas outras, nem tanto. Pessoas que realmente só gostavam de tênis e que gostaram da ideia. Mas a composição - não só a experiência, mas a facilidade - porque eu trabalhei muito. Não é que foi fácil! Imagina se hoje, que eu tenho 20 anos de empresa, a gente segue trabalhando muito, imagina a primeira! A minha preocupação, o cuidado, a a atenção que tinha que ter, né? E eu percebi que numa viagem muita coisa pode dar errado. E muitas coisas as pessoas podem fazer que não é a melhor. Então eu falei: "pô, Brasil, América do Sul, para assistir a um grande evento de tênis ou tem que ir para os Estados Unidos ou tem que ir para a Europa". Tudo bem que a gente tem o Rio Open, mas naquela época não tinha. Um Masters 1000, um grand slam, tinha que sair do país. Os eventos são gigantes. Tem um monte de pegadinha aí. Eu falei "se eu se eu tirar isso da frente e ainda entregar algo a mais..." Mas não é que eu saí de lá pensando que agora eu ia ter dez eventos ou 15 eventos. Eu pensei "ah, posso trabalhar com esse mesmo evento, posso fazer Miami, posso fazer US Open e Roland Garros." Wimbledon nem queria tocar! Quando eu fiquei sabendo que o cara que comprava aquele ingresso, que sempre foi caro, que se chovia ele perdia o ingresso... Eu falei "Wimbledon, não". Eu fui fazer Wimbledon pela primeira vez depois que eles fecharam o teto da Quadra Central?
Só em 2009?
Sim. Eu não arrisquei. E a Faberg começou de 2004 para 2005. Então foram quatro anos depois. O que eu sabia era que o cara comprava ingresso na quadra central e, se chovesse e não fosse a final... Se chovesse numa terça, numa quarta ou numa quinta-feira, aquele ingresso morreu. Vem o cara do dia seguinte. Os ingressos já eram caros. Pra mim, isso era uma loucura. Aí fui indo pouco a pouco. Comecei com o US Open, na sequência Roland Garros, aí depois o Wimbledon. Miami Open foi impressionante. No Miami Open que a gente percebeu o potencial do negócio. No primeiro ano, 20 pessoas. No segundo ano, 50. Terceiro ano, 150. No quarto ano, 300. Foi escalando a quantidade de gente. Eu tinha um esquema muito legal lá no Crandon Park [sede to torneio até 2018].
Qual foi o ano que você mais levou gente?
Olha...
Porque você começou em 2004, ou seja, já não pegou o Guga no auge. Ele aposentou em 2008, mas jogou muito pouco na prática de 2004 a 2008.
Só teve um evento que a gente conseguiu acompanhar o Guga de fato, que foi em Barcelona 2005. Ele perdeu nas quartas de final para o Ferrero. E jogou dupla com Marat Safin. A gente tem até os clientes assistindo ele na quadra, ele nem jogou na quadra central. Mas, lógico, ele já não estava mais dominante como ele dominou de 1997 a 2001, 2002. Eu posso te falar tranquilamente. Eu nunca tive uma pessoa que me procurou pra viajar pra assistir ao Guga. Eu perdi isso. Eu comecei junto com ele terminando, mas eu tive a sorte grande de ter o Big 3. Federer... As pessoas viajavam pra ver o Federer quase como se ele fosse um brasileiro, um familiar. As pessoas completamente apaixonadas, clientes que viajavam quatro-cinco vezes por ano pra assistir ao Roger Federer. E ele entregava. O carisma dele, o jeito dele jogar, e o que ele representava para o tênis era fenomenal. E depois, quando veio o Nadal, o Nadal puxou uma nova legião também de torcedores, mas não nunca como o Roger. E depois entrou o Djokovic, que tem uma parcela de de fãs que que são muito radicais Djokovic, mas nunca chegou aos pés do Natal e muito menos chegou aos pés do do Federer. Como mercado. Não estou falando como jogador. Como jogador, ele já superou, mas como como mercado... Tinha o Murray, que era uma pitada diferente, o Wawrinka tentou chegar de vez em quando, mas o que puxou como jogador foi Federer e Nadal no auge. Mas eu nunca senti - e não não sabia se iria sentir ou não - o que seria se eu tivesse um um jogador como o Guga, um jogador brasileiro que tivesse chances reais de de ganhar grandes eventos e com com atrativo, né? Com carisma, que todo mundo quer torcer.
Eu ia chegar nessa questão. O seu negócio nunca dependeu de um brasileiro, né? Você pegou esse Big 3 no auge, durante 15, quase 20 anos.
São os 20 anos que tem a empresa! Eu estou certo que se a gente tivesse jogadores de liderança no ranking - falando ranking masculino, né? Porque a Bia chegou depois, no feminino já há alguns anos - mas o negócio teria uma outra proporção. Mas eu sei a dificuldade que é você ter um Guga. O Guga virou um benchmark. Quem será o próximo? E na verdade não tem o próximo Guga, né? Tem aí o João [Fonseca] agora, que é o João, né? O João é diferente, mas ele tem tudo para fazer o que as pessoas querem. Viajar, torcer, e ter a história dele porque ele é um garoto, não só como jogador espetacular, mas um carisma fantástico, uma pessoa que todo mundo quer estar perto. Uma loucura.
No ano que você teve mais clientes, você pode dizer quantos clientes foram? De janeiro a dezembro?
Olha, eu acho que o ano que eu levei mais gente, a gente deve ter atendido por volta de 2.500 pessoas no ano. Um número real, verdadeiro, dentro do padrão que a gente gosta de atender. Você separa isso em vários eventos, né? E com a qualidade que a gente gosta. O nosso negócio não é quantidade, é qualidade. Lógico que conforme a procura vai aumentando, a gente se estrutura de acordo. Mas o principal da Faberg é a qualidade do que a gente atende, de uma forma única, cada cliente.
Quando as pessoas te procuram, a maioria quer só o ingresso ou elas querem tudo? Ingresso, transporte, hospedagem, não sei se algum acesso especial...
São as duas coisas, né? A gente tem clientes que procuram a gente, e são os que a gente mais gosta de fazer. Acho que o nosso grande diferencial está aí. Eles fazem a viagem completa, menos a parte aérea. A gente não se envolve com a parte aérea porque a parte aérea depende muito de quando o cliente vai viajar, se ele vai ficar na viagem, se ele vai voltar ou se ele quer usar pontos, milhas... Mas no momento que ele chega no destino, a gente já recebe ele no aeroporto. Aí leva pro hotel, tem a estadia com a gente. A gente escolheu as opções de hotel de forma cuidadosa, negociado com hotel, aí a gente tem a localização, as coisas que fazem sentido pra viagem, aí tem uma atividade às vezes esportiva, pode ser uma atividade cultural, uma atividade gastronômica, dependendo do evento. E, lógico, principalmente a experiência no evento. O melhor acesso, área de hospitalidade, um serviço... E principalmente o "antes" também, né? Coordenar essa viagem, ver qual é a melhor programação. Um grand slam são 15 dias. Hoje, Roland Garros, se for ver, são 15 dias, mas 26 sessões. Tem sessão diurna e noturna. Você tem que fazer uma organização legal para você aproveitar o máximo do evento porque você está indo lá. Se você vai no chute, aí você fala "putz, pulei um dia aqui, vou ver o mesmo jogador", "deveria ter sentado mais daquele lado, esse lado aqui tem o sol"...
Esses detalhes que só sabe quem foi lá, né?
A gente destrincha, mastiga tudo, a gente entende qual é o perfil e oferece a melhor dentro do que a gente tem para os. Mas tem muito cliente que só compra ingresso, por vários motivos. Ou porque está passando rápido ou porque já tinha passagem ou já tinha hotel ou tem uma parceria com hotel ou gosta de ficar num lugar diferente do lugar que a gente fica... Muita gente tem apartamento em Miami, então a gente tem uma divisão. A às vezes essa divisão, ela é é mais pra um lado, às vezes ela é mais para o outro. Mas por exemplo, a Laver Cup, que a gente é agência oficial, É um evento de três dias. A gente não vende ingresso pra Laver Cup, a gente vende a experiência completa. A gente já pega os hotéis - normalmente a gente tenta pegar até um hotel ou não só muito bem posicionado, mas um dos hotéis dos times oficiais - tenta chegar o mais perto possível dos jogadores, área de hospitalidade. Vale a pena fazer só o pacote. E tem eventos, dependendo da época, que a gente só faz a parte de ingresso. Roma, este ano, por exemplo, a gente decidiu só fazer o ingresso. A gente já estava... Rio, Miami, Monte Carlo, tudo montado, aí na sequência vai ter Roland Garros, sabe? É muita coisa, muita organização. E assim a gente vai achando o equilíbrio.
A Faberg não trabalha só com tênis, né?
Por um tempo, a gente foi fazendo tênis, só que as pessoas que gostam de tênis, elas querem... Virou um Lifestyle, né? A pessoa quer uma emoção diferente. Aí o filho gosta de futebol, outra família quer ver um Super Bowl, ou final de Champions League, um desses mega eventos, enfim. Aí os próprios clientes vieram nos pedir. Aí eu vi a oportunidade porque muitos dos organizadores... O formato é o mesmo. E as pessoas às vezes até são as mesmas, e a gente consegue trabalhar com com vários esportes. Hoje, a gente é agência oficial de Fórmula 1 no Brasil, faz vários grandes prêmios no mundo todo, faz todas as ligas de futebol na Europa, NFL e NBA nos Estados Unidos. Só que aí não dá pra fazer um programa completo para cada jogo, então a gente trabalha mais com a expertise do ingresso, a entrega, o acompanhamento, a gente dá toda assessoria. Mas o que é importante é que a gente continua sendo uma empresa que trata e cuida das pessoas individualmente. Hoje tem muitas dessas plataformas de revenda. Passa pra cá, troca por lá, a gente nunca sabe se vai chegar, se não vai chegar. A gente sempre está à frente do contato do ingresso e e do conhecimento do que a gente está oferecendo.
Você estava falando do João Fonseca... Dessa ascensão dele e acho que até a personalidade dele ajuda, né? Ele é um garoto que você olha e marca todas as caixas. Ele é inteligente, ele tem carisma, ele é simpático, ele joga um tênis que as pessoas gostam de ver, que é um tênis agressivo, bonito de ver... Você já sente, na procura dos seus clientes, um por causa do João?
Vou te das três níveis que aconteceram, tá? Quando ele ganhou do Rublev [Andrey Rublev, top 10, na primeira rodada] no Australian Open, no dia seguinte eu recebi mais de 200 pedidos para o Rio Open. A gente é a única agência oficial do Rio Open, a gente já tava esgotado. O Rio Open é um evento super difícil porque a gente não tem tantos ingressos. A gente tem uma quantidade boa, mas de um ano pro outro fica tudo muito fechado. É difícil abrir muita coisa. De um dia pro outro, tá?! Isso a gente estava falando do meio de janeiro. Do meio de janeiro até meio de fevereiro, eu devo ter declinado mais de mil pedidos.
Nossa senhora!
Certeza absoluta por causa do João! Não era Zverev, não era Musetti, o que seja. Ou seja, lógico: não mexeu a régua de resultado da empresa, mas mexeu no "opa, o que está acontecendo aqui?" Segunda régua: Miami Open. Cada dia que ele ia jogar, na hora que saía a programação... Cara, era ficar sentado durante quatro-cinco horas parado, só fazendo as confirmações. Esse, esse, esse, entrando gente pra assistir... Pessoas de indicação, gente que não aparecia fazia 10 ou 15 anos, ou que eu que eu nem sabia que gostava de tênis, um monte de gente querendo ver o João. Então então mexeu muito também. Agora... Para Roland Garros, vou até falar: ele vai jogar Madri, Roma e Roland Garros. Esses eventos não mexeram ainda. Eu acho que é natural ir vindo aos poucos, e são eventos que você não sabe se vai jogar num dia, se vai jogar no outro... Se a pessoa que tá indo no evento, ele quer muito ver um jogador, isso traz um - para nós, não, porque a gente tá acostumado - mas traz uma uma ansiedade diferente porque a gente vende a experiência no evento, a gente não vende o jogador. Mesmo quando tinha Federer e Nadal, tinha evento que o Federer ia jogar e não jogava. O cara diz "eu quero eu ver o Federer". E se ele perder? Eu vou nas quartas de final de Wimbledon, custa três mil dólares o ingresso... Ele perdeu na terceira rodada! Então a gente não pode vender o jogador. E eu acredito que hoje os eventos trabalharam muito, se modernizaram muito, e as estruturas estão maravilhosas para que a experiência seja fantástica. Mas lógico, ir para Roland Garros e ver o João Fonseca é o máximo. Ir para Wimbledon ver o Federer ou Alcaraz, ainda tendo o Djoko nessa reta final de carreira dele... Isso potencializa a lembrança que a pessoa vai ter daquele momento. Mas o principal, e a gente é muito sério nisso, é vender a experiência no evento. O jogador é muito importante, ele chama, mas eu já vi gente que foi para um evento... O cara gostava do Nadal, assistiu ao Federer ou gostava do Djokovic e assistiu ao Nadal, ou gostava do Alcaraz, assistiu ao Sinner, e o cara sai do evento encantado. "Vou ver a próxima porque essa não deu pra pegar o Alcaraz". É isso que a gente tem que prometer e pensar porque por exemplo: o ano passado, o Nadal anunciou a despedida dele em Roland Garros. Em Roland Garros, eles fazem a primeira rodada em três dias: domingo, segunda e terça. Só que é domingo dia e noite, segunda dia e noite, terça dia e noite. Cara, como é que você faz pra assistir ao Nadal estreando em Roland Garros? Ou você pega seis ingressos pra ver o Nadal ou você se conforma que você vai dois dias lá, compra e se der sorte, ótimo. Resultado: eu nunca vendi tanto primeira rodada de Roland Garros na minha vida. E tão cedo! Vendeu tudo! Ninguém tinha! A organização não tinha, as agências oficiais, ninguém tinha. As pessoas queriam ver a despedida do Nadal, e quem viu, viu porque ele perdeu na primeira rodada do Zverev.
Pra terminar, Fábio, a gente tava falando do João, e a gente tá com ele com 18 anos. Você para para pensar assim "puxa, eu tenho uns quinze anos aí pra frente que que vai fazer bem pro meu negócio"? Já deve ter parado pra pensar isso, né?
Assim... Eu paro pra pensar porque como eu falei, eu esperei. Não é que eu esperei. A gente trabalha para isso. Eu acho que o tênis brasileiro merece isso. Não tô pensando em mim agora. O tênis brasileiro, as pessoas, os fãs de tênis, as pessoas hoje que se encantam com o esporte, que encontraram esse esporte e estão se divertindo, levando uma qualidade de vida para a família, se divertindo, montando um lifestyle... Eu acho que a gente merecia isso. O brasileiro merecia um ídolo, né? Tá difícil! O momento geral do Brasil... Até do mundo, mas principalmente no Brasil, há muito tempo. Esportivo, político... E quando aparece um joia dessa, eu brinco, mas com um fundo de sensação que é verdadeiro: o João é um mini-Federer. Porque hoje é um mini. Ele pode virar proporcional, pelo pelo que ele é. Um fantástico jogador, o jeito que ele joga encanta, ele é diferente, ele é carismático, ele é educado, ele é simpático, ele agrega, ele não tem nenhum tipo de ego... Uma educação, assim... Ele é o irmão que a gente quer ter, o filho que a gente quer ter, o amigo... Ele é a pessoa que todo mundo quer estar perto. Como o Federer! Todo mundo quer estar perto do cara! Eu falo porque eu sou fã do Roger, todo mundo sabe. Tinha uma proximidade durante a carreira dele inteira. Não de longe, de perto mesmo. A gente levantou fundos para a fundação dele, estava perto dele. Vários clientes meus já jogaram com ele através do relacionamento que eu tinha e conseguimos levantar... A diferença que faz para para a pessoa na vida dela... Hoje, a Suíça é um país diferente por causa desse cara! Ele faz a propaganda da Suíça! Você para pra pensar um negócio desse, então respondendo: mesmo assim sendo muito pé no chão porque a vitória só vem quando acaba o ponto. Então o João ainda está crescendo, ele tem muito potencial e ele é tudo isso que a gente tá vendo. Eu acho que até mais: ele tem uma determinação. Eu tô muito animado, bem próximo também à gestão dele lá... Maior orgulho também de estar próximo e acompanhando o que está acontecendo, com muita expectativa. E como empresário também. Com os cuidados que precisa ter. Nem tanta euforia nem não se preparar para o que pode acontecer, mas podemos vislumbrar 15 anos... Eu não imaginava que também ia estar à frente por tanto tempo. Se eu puder - porque eu gosto muito do que eu faço - porque eu tive a sorte de acompanhar o Roger assim, muito de perto. De todos os jogadores, foi o que eu acompanhei mais de perto. E é um privilégio. Para quem gosta de esporte, para quem gosta de viajar, para quem da emoção, que quer ter uma história pra contar e quer ter uma lembrança de um momento especial, não tem coisa melhor.
4 comentários
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Agenciatriade
UOL, não é impressão, é certeza: todo post deste colunista parece publi. Umas disfarçadas, outras mais despudoradas. Além da estranheza com o anúncio do grupo dele.
Alberto Wunderler Ramos
Texto com erros de português. O UOL está cada vez pior. Meu Deus.............
Joao Carlos dos Santos
João Fonseca é bom e foi treinado para ser campeão, Guga jogador raiz porque em 1997 os amigos ajudaram nas despesas. João, assessoria de imprensa e a mídia a favor porque precisamos de ídolos. na época do Guga ninguém conhecia ninguém, hoje o adversário no tênis ou qualquer outro esporte estuda os adversários e chega pronto.para o embate