Julio Gomes

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Lusa dá passo rumo à SAF, mas aprovação deve vir com ressalvas fundamentais

O COF, Comitê de Orientação e Fiscalização da Portuguesa, apresentou nesta quarta-feira o parecer pedido para o escritório de advocacia que analisou a proposta dos investidores para comprar o futebol do clube e transformá-lo em SAF. O comitê deu parecer favorável, mas com uma série de ressalvas que surgiram - o escritório de advocacia pertence a Sergio Santos Rodrigues, atual presidente do Cruzeiro e responsável pela venda do clube mineiro a Ronaldo, a primeira SAF do Brasil nos moldes que vemos pipocar em vários clubes.

É um passo rumo à SAF. Mas não é um passo tão firme como a torcida queria, em função de muitas dúvidas deixadas pelo contrato. Dá margem para os otimistas comemorarem, mas também para os opositores se manifestarem. Nesta quinta-feira, o Conselho Deliberativo vai se reunir e, aí sim com poder decisório, pode encaminhar a aprovação da SAF para a Assembleia de sócios - é possível que isso aconteça com as mesmas ressalvas do parecer apresentado pelo COF. Representantes dos investidores - as empresas Tauá, Revee e XP - estarão presentes e podem aproveitar o ensejo para dissipar algumas dúvidas.

A torcida organizada do clube, a Leões da Fabulosa, já anunciou o total apoio ao projeto de SAF e estará presente ao Canindé para pressionar conselheiros em direção à aprovação. Torcedores e jornalistas não terão acesso à reunião do Conselho Deliberativo, e o presidente do órgão já anunciou que os votos serão abertos e nominais. A situação do clube entende que a transparência máxima facilitará a aprovação, mesmo que com ressalvas.

Com urgência máxima, pois a Portuguesa não tem time nem comissão técnica para disputar um Paulistão que começa daqui a dois meses, o clube acelerou o processo da SAF assim que chegou uma proposta concreta na mesa. O contrato deveria ser o último passo, mas basicamente virou o primeiro.

O parecer assinado por Sergio Santos Rodrigues faz questão de ressaltar que as notícias publicadas recentemente em diversos meios de comunicação, que falam de uma SAF de "um bilhão de reais", podem criar uma "expectativa equivocada sobre os termos tratados".

"É necessário esclarecer aos interessados que em momento algum haverá ingresso de valores no caixa da Associação, mas tão somente investimentos a serem feitos no projeto futuro, sem especificação ou detalhamento de como o dinheiro será gasto. De forma alguma este é um ponto de crítica, mas tão somente de necessário aclaramento para os que acompanham o negócio. É certo, porém, que os Investidores assumem total responsabilidade pela dívida de 450 milhões de reais, que será tratada mediante Recuperação Judicial, Transação Tributária e outros instrumentos afins, havendo total responsabilidade dos Investidores pelo pagamento", fala o parecer.

As principais ressalvas tratam de "dívidas futuras" escondidas que podem aparecer no processo e que deveriam também ficar sob responsabilidade dos investidores. E da falta de um projeto claro de investimentos para o futebol do clube - em português claro, faltam cláusulas que obriguem os investidores a colocar dinheiro no futebol da Portuguesa, e não só no projeto para exploração imobiliária e de eventos.

Esta coluna apurou que os investidores receberam as ressalvas com tranquilidade. Afirmam que o contrato já sofreu ajustes a pedido do clube, que as novas ressalvas "serão analisadas" e haverá acerto para chegar a um "bom termo" entre as partes.

A aprovação desta quarta por parte do COF dá uma sinalização política importante rumo à SAF. Mas existem ali condicionantes igualmente fundamentais. A bola foi passada para o Conselho. Na realidade, no entanto, a bola está agora com quem quer comprar a Portuguesa. Basta amarrar um pouquinho melhor obrigações sofre futebol e a responsabilização de dívidas ocultas que possam surgir.

Reportagem

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