Julio Gomes

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Coragem de enfrentar Neymar é o maior atributo para Jesus ser novo técnico

Dorival Júnior é passado, como também Fernando Diniz. Duas excelentes pessoas, que mereceram chegar à seleção brasileira, que têm capacidade para assumir qualquer clube do Brasil, mas que caíram na CBF na hora errada. E com um chefe que não duvida dois minutos antes de oferecer cabeças na bandeja. Ednaldo Rodrigues atua na seleção como qualquer dirigente de clube. O profissional é tão bom (ou ruim) quanto o último resultado. Os dois caíram após derrotas para a Argentina. Isso diz tudo.

Parece haver somente quatro nomes possíveis no momento, e todos eles estarão no Mundial de Clubes da Fifa, em junho e julho - ou seja, é bem provável que tenhamos de aturar de novo Ramón Menezes como interino nos jogos de junho pelas eliminatórias. Vamos a eles:

1) Carlo Ancelotti, que só entra na lista porque havia sido prometido por Ednaldo durante todo o ano de 2023. Então é de se presumir que o nome volte à tona. Sempre lembrando que o homem nunca assumiu uma seleção na vida - porque prefere o dia a dia dos clubes. E que é técnico do Real Madrid, que, hoje, desculpem os emocionados, é a coisa mais importante que existe no futebol mundial.

2) Filipe Luís. Porque é a bola da vez, como eram Diniz e Dorival. O elogiado do momento, porque domou o temido vestiário rubro-negro. Um ano atrás, nem sequer técnico era. Dizem que ele acha que não é a hora. Quem bom que haja alguém sensato nesse mundo! Filipe Luís será um grande. E, na linha Scaloni, poderia até dar certo na seleção brasileira, como está dando no Flamengo. Não acho um absurdo. Mas vejo algumas opções mais seguras.

3) Abel Ferreira. Um ano atrás, seria um nome mais forte do que é hoje. As visões que Abel tem de futebol não têm nada a ver com o que o brasileiro quer ver. Mas os resultados, têm. Acho que não seria unanimidade, longe disso, e acho que construiu tanto respeito quanto rejeição por aqui nesses anos. Dizem que não quis nem saber de ouvir a CBF no ano passado, então sei lá se mudou de ideia agora. Eu não gosto de como Abel coloca seu time para encarar as partidas de mata-mata, é tudo muito justinho, tudo no limite, como fazia Mourinho. Mais fácil encontrar justificativas para derrotas do que vitórias contundentes. E a Copa do Mundo trata-se de ganhar cinco jogos únicos.

4) Jorge Jesus. Apesar de eu achar que Ancelotti deveria ter sido procurado pela CBF ainda no meio de 2022, quando Tite avisou que não ficaria, hoje eu vejo a coisa de outra forma. Jorge Jesus precisava ter sido colocado no cargo imediatamente após a saída de Tite. Ele tem todos os predicados. É conhecido e admirado pelo público brasileiro, conhece de perto o perfil do jogador brasileiro (estrelinhas incluídas), ganhou tudo por aqui, tem baixíssima rejeição, pois não deu tempo de criar tantos conflitos quanto Abel, gosta de jogar para frente e com coragem, é um vencedor e, ao contrário dos dois gringos citados acima, já declarou mais de uma vez que assumir a seleção brasileira é o sonho da vida dele.

Tem mais. Jorge Jesus acabou de barrar Neymar no Al Hilal. É óbvio que haverá pressão do "entorno de Neymar" - leia-se papai - para que a CBF não faça esse movimento. Pois eu digo que este é o movimento que o Brasil mais precisa. E precisa desde 2010. Alguém que não permita que a seleção brasileira seja refém de Neymar. Se tiver que jogar, vai jogar. Se não estiver em condições ou o técnico não quiser, não vai jogar. E não vai jogar onde ele quiser e do jeito que quiser e, sim, em função do que o time precisa.

Nas entrevistas recentes, Jorge Jesus em nenhum momento foi desrespeitoso com Neymar. Pelo contrário. Disse que é dos maiores talentos que já viu, mas que infelizmente a questão física falou mais alto. Ou seja, não se curvou aos caprichos. Apenas encarou a situação com profissionalismo e colocando o interesse do clube na frente dos pessoais.

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Jorge Jesus é o cara do momento.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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