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REPORTAGEM

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Campeão em 2 modalidades diferentes, Sacy é lenda viva do Esport brasileiro

Gustavo Rossi foi campeão brasileiro de LoL em 2017 e venceu o mundial de Valorant em 2022 - Colin Young-Wolff / Riot Games
Gustavo Rossi foi campeão brasileiro de LoL em 2017 e venceu o mundial de Valorant em 2022 Imagem: Colin Young-Wolff / Riot Games

Colunista do UOL

22/09/2022 04h00

Parece clichê dizer que algumas pessoas nascem com o dom para determinadas coisas. Por favor, não se trata aqui de diminuir o trabalho duro ou o esforço constante em busca de um objetivo, mas certos talentos parecem estar intrínsecos a algumas grandes figuras de quaisquer áreas da vida, especialmente do esporte. No ambiente eletrônico, um certo brasileiro, que atende pelo nome de Gustavo Rossi, fez história no último domingo (18) - e é o mote central deste texto.

Gustavo, mais conhecido como Sacy, foi campeão brasileiro de League of Legends em 2017. Venceu a final do CBLOL em Recife, defendendo a RED Canids Kalunga, ocupando o lugar de ninguém menos que Felipe "brTT", dono de seis troféus da competição, em partidas decisivas daquele Split. E, no fim de semana passado, foi nada menos que campeão mundial de VALORANT. Pois é. Dois jogos diferentes. Nível competitivo.

Se você ainda não se situou nesta história, pausemos aqui. League of Legends é um MOBA (Multiplayer Online Battle Arena). VALORANT é um FPS (First Person Shooter). São jogos totalmente diferentes. Da mesma forma que a única semelhança entre futebol e basquete é se usar uma bola para a prática, LoL e VAL compartilham linearmente o uso do teclado e do mouse. É inimaginável alguém disputando torneios do mais alto nível em ambos os jogos.

Obviamente, sob uma análise leiga, viria o velho chavão: "Ah, é tudo videogame...". Pois é, passa bem longe disso. São esferas completamente diferentes, que demandam reflexos, atitudes e preparações totalmente distintas. O que Sacy fez é histórico - e entra para a história dos Esports a nível mundial. Talvez a ficha demore pra cair, tanto pra ele, quanto pra nós mesmos. Mas é gigantesco.

Sacy topou o desafio de sair de um cenário no qual, embora tenha sido campeão naquele ano, pudesse continuar como mero coadjuvante - mais um em meio a tantos - para começar do zero. E foi o cara e a cara do VALORANT brasileiro desde o início. Ao lado do argentino Saadhak, construiu uma trajetória digna de aplausos. Bateu de frente até colocar o Brasil no lugar mais alto do planeta com a LOUD.

O título do Champions reforça ainda mais o quanto somos monstruosos nos FPS. Campeões mundiais de Counter-Strike, Point Blank, Crossfire, Rainbow Six Siege... E agora VALORANT. Não é mera coincidência. Temos um talento e tanto no gênero, e isso não pode ser deixado de lado. Que o digam Aspas e Less, companheiros de equipes de Sacy, com apenas 19 e 17 (!!!) anos de idade - e já campeões mundiais.

Que Sacy seja inspiração para tantos outros garotos e garotas brasileiros acreditarem que é possível vencer no esporte eletrônico e que o respaldo que vem da nossa torcida é um estímulo e tanto para trilhar esse caminho. Somos fortes, somos muitos, e exemplos não nos faltam. Somos o país do FPS.