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OPINIÃO

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"Dança das cadeiras" relembra: Esport é emoção, mas é negócio

Estúdio do VALORANT Brazil - Divulgação/Riot Games
Estúdio do VALORANT Brazil Imagem: Divulgação/Riot Games

Colunista do UOL

29/12/2022 14h00

Transferências de jogadores sempre foram motivo de polêmica e alvo de notícias no esporte. No futebol, somos impactados a todo momento pelas movimentações de mercado, que deixam ânimos exaltados e emoções à flor da pele. Que o diga Vitor Pereira, técnico que recentemente deixou o Corinthians alegando problemas familiares e, dias depois, foi confirmado como novo comandante do Flamengo. No esporte eletrônico, os períodos de pré e pós-temporada também podem ser bem intensos.

Nesta semana, vimos um caso que gerou conversas no cenário competitivo de VALORANT. Ao final das Qualificatórias Fechadas do Challengers Brazil, quatro equipes garantiram vaga ao lado daquelas que já estavam confirmadas no torneio (Gamelanders/00Nation, Liberty, TBK e Vivo Keyd Stars). São elas: Oddik, Tropicaos, The Union e Acadêmicos do Tucuruvi.

Uma das equipes que ficaram para trás no "processo seletivo" foi a RED Canids Kalunga. Porém, a Matilha estará, sim, no torneio, de acordo com apuração do portal The Enemy. A informação é de que a organização agora assumirá a line genericamente chamada de Acadêmicos do Tucuruvi - que, aponta a matéria, tem como responsável a B4. E aí, qual a sua conclusão sobre isso?

Dono da RED, Felippe Corradini admitiu, em seu perfil no Twitter, que a informação procede. Disse que não haverá qualificatórias entre as duas Etapas do Challengers em 2023 - ou seja, as equipes que começarem o ano, no mínimo terminarão ele presentes no torneio, sem possibilidade de movimentação - e defendeu que segurar a line anterior, que não se qualificou, seria ruim para todos, diante desse cenário.

Há que se admitir: o empresário tem toda razão em sua conclusão. É óbvio que sempre aparecerá quem diga que a organização está sendo oportunista, mas é evidente que manter um elenco que não se qualificou para o torneio, com a certeza de que haverá um ano de hiato para uma eventual volta ao topo da pirâmide do cenário nacional, é inviável de todas as formas. Aos mais pragmáticos, soa como "insensível". Mas é o óbvio.

Muitos ignoram o fato de que, embora envolva mais emoções que outras áreas e tenha peculiaridades que não afloram da mesma maneira em outros âmbitos, o esporte também é negócio - e o eletrônico não é exceção. Sim, é delicado lidar com sonhos, frustrações, oportunidades restritas e uma montanha-russa de emoções, mas faz parte do jogo.

Pro Players e organizações precisam estar preparados para entender que a barreira entre o sonho realizado e a decepção extrema é muito tênue. Vivemos uma era de profissionalismo crescente, mas que ainda demanda cuidado no que diz respeito a certezas absolutas. O caminho tem obstáculos, como o de qualquer outro mercado de trabalho, e a realidade é dinâmica.