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Abel Ferreira erra o alvo ao criticar a torcida do Palmeiras

O Palmeiras jogou muito mal ontem, no empate em 0 a 0 com o Red Bull Bragantino. Muito mesmo. Sob os olhares do técnico alemão Jürgen Klopp, a equipe teve uma de suas piores atuações em meses. O único momento de emoção ficou por conta do último lance, em que Allan chutou na trave e Estêvão mandou a bola para fora, com o gol vazio.

Na coletiva, o que vimos, mais uma vez, foi um Abel Ferreira amargo e agressivo. Klopp? Vencemos mais do que ele! Vaias? Papel da torcida é apoiar! Barros? Está acostumado! Estêvão? Precisa driblar menos! Um festival de incômodos e dedos apontados.

O pior, na minha avaliação, são as críticas à torcida, que ganham destaque toda vez que o Alviverde visita a Arena Barueri. O treinador reclamou do comparecimento de apenas 10 mil torcedores no sábado, contra o Novorizontino, quando 15 mil haviam prestigiado os jovens na Copinha.

Aí eu me pergunto: Abel já foi a Barueri como uma "pessoa comum"? Já pegou van, ônibus e trem, para depois andar até o estádio? Ou mesmo dirigindo o próprio carro, parando em alguns dos estacionamentos e caminhando a longa distância até o péssimo acesso à arena? Já fez isso com crianças a tiracolo? Debaixo de chuva? Sabe quanto custa a operação de sair de São Paulo até lá, pagando ingressos, traslado e alimentação para uma família inteira? Já pisou alguma vez em um vagão da CPTM? Já teve de voltar para casa de transporte público, sozinho (ou pior, sozinha), num sábado, às onze da noite?

Sim, o gramado agora está ótimo. Leila Pereira, que assumiu a gestão da Arena, cumpriu a promessa de tornar menos traumática as saídas do Allianz Parque. Infelizmente, para a torcedora e o torcedor comum, a qualidade do relvado não muda nada. A distância e a inconveniência de Barueri permanecem as mesmas.

Assim como permanecem caros os ingressos em ambos os estádios. A inteira mais barata para ontem custava 110 reais. Faça a conta aí do quanto fica sair de casa em São Paulo com uma família de três gastando isso por cabeça. Duas vezes na semana.

Talvez Abel devesse reclamar com quem precifica as entradas, antes de criticar quem faz esforços hercúleos para apoiar o time que ele comanda. E que nunca na vida vai ter a sensação de embolsar 3 milhões de reais por mês.

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