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Remédio para gastrite: o que tomar para aliviar realmente o problema?

Saiba qual remédio tomar para melhorar gastrite - iStock
Saiba qual remédio tomar para melhorar gastrite Imagem: iStock

Nathalie Ayres

Colaboração para VivaBem

28/04/2023 04h00

A gastrite é o nome que damos para a inflamação da parede do estômago, chamada também de mucosa estomacal. Ela causa sintomas como dor na boca do estômago, queimação e refluxo. Diante desse problema, é comum buscarmos remédios que a curem.

A doença só é efetivamente diagnosticada através de um exame chamado endoscopia digestiva alta, em que uma câmera é inserida pela boca e observa todo o sistema digestivo alto, conseguindo verificar a inflamação do estômago.

Existem diversos tipos de gastrite e cada um deles pede um tratamento específico:

  • Infecciosa: causada por uma infecção, geralmente pela bactéria H. pylori;
  • Química: provocada pela ingestão de itens que reagem com a mucosa do estômago como álcool, tabaco, medicamentos e ácidos;
  • Hipertrófica: ocasionada pelo excesso de produção de ácido gástrico, que pode ser provocada por alimentos ou mesmo por fatores como o estresse (a famosa gastrite nervosa);
  • Atrófica: quadro autoimune em que as células do corpo atacam as células da mucosa intestinal.

Mas o que eu devo tomar quando tenho gastrite? Conheça a seguir os principais medicamentos.

Tipos de remédio para gastrite

A escolha dos medicamentos para gastrite depende muito do problema do paciente. E tomar remédio por conta própria pode fazer mais mal do que bem: muitas vezes você pode acabar ingerindo por conta própria algum remédio que só controla os sintomas e a causa ir piorando, tornando o problema crônico.

Por isso, nada de tentar controlar o problema sozinho: procure sempre um gastroenterologista quando sentir queimação ou dores no estômago.

Inibidores da bomba de prótons

Esses são os famosos remédios que terminam com "azol": omeprazol, pantoprazol, lansoprazol, esomeprazol etc. Eles atuam bloqueando a secreção de ácido gástrico.

Ele é usado na maior parte das gastrites, das mais leves até as com maiores comprometimentos da mucosa gástrica, inclusive ajudando na erradicação da bactéria H. pylori. No entanto, o uso prolongado desses medicamentos pode trazer problemas, como:

Além disso, na vigilância de segurança pós-comercialização houve relatos de aparecimento de lúpus eritematoso cutâneo e lúpus eritematoso sistêmico e exacerbação da doença existente. E outros estudos têm encontrado uma associação significativa entre o uso de IBPs e demência em uso prolongado.

Antagonistas dos receptores da histamina

Já os antagonistas dos receptores da histamina são medicamentos de segunda linha no tratamento das gastrites. Isso porque sua atuação é menos pontual e eficaz do que os inibidores da bomba de prótons. Entre eles estão cimetidina, ranitidina e famotidina.

Eles atuam também inibindo a secreção ácida, mas de outra forma Sua vantagem é que são contraindicados apenas a quem apresenta hipersensibilidade a algum dos elementos de sua fórmula. Mas possuem efeitos colaterais como:

  • Efeitos hematopoiéticos e imunológicos: mielossupressão, trombocitopenia, neutropenia, anemia e pancitopenia;
  • Efeitos no Sistema Nervoso Central: confusão, inquietação, sonolência, agitação, alucinações, espasmos focais e convulsões;
  • Efeitos cardíacos: bradicardia sinusal, hipotensão, bloqueio atrioventricular, prolongamento do intervalo QT (quando o coração demora mais que o normal para recarregar entre os batimentos);
  • Lesão hepática e renal, com uso prolongado;

Antiácidos

Os antiácidos são compostos normalmente pela combinação de hidróxido de magnésio, hidróxido de alumínio ou carbonato de cálcio e agem neutralizando o ácido gástrico e reduzindo o fornecimento de ácido ao duodeno.

Eles podem ajudar na contenção dos sintomas da gastrite, mas não atuam em suas causas, por isso o uso indiscriminado pode acabar provocando uma gastrite mais séria.

O uso de antiácidos pede cuidados para pacientes que possuem acloridria (incapacidade de produzir ácido gástrico), doença renal crônica, hipoparatireoidismo, insuficiência cardíaca, cirrose, osteomalacia (amolecimento dos ossos) e pacientes com histórico de pedra nos rins.

Antibióticos

Já os antibióticos são mais indicados quando a gastrite é causada pela bactéria H. pylori (o que só é determinado através de uma endoscopia digestiva alta!) e possui sintomas.

O tratamento de erradicação envolve o uso deles com os inibidores da bomba de prótons. Mas antibióticos devem ser tomados com orientação médico e apenas pelo período determinado pelo médico.

Alimentação e gastrite

Além disso, podem ser indicados remédios específicos conforme a causa da gastrite, além de mudanças na alimentação.

A alimentação acaba sendo mais importante no quadro de gastrite, não devido a poderes dos alimentos, mas porque existem itens que são capazes de estimular mais ou menos a produção de ácido gástrico. O ideal é evitar itens como:

  • Alimentos muito condimentados: com pimenta, alho, cebola, temperos prontos, extrato ou molho de tomate, pimentão, entre outros;
  • Bebidas alcoólicas ou gaseificadas: como refrigerantes e água com gás;
  • Alimentos gordurosos: ricos em óleo, frituras, queijos amarelos, leite integral, entre outros;
  • Alimentos com potencial de fermentação: como itens ricos em carboidratos, principalmente perto da hora de dormir.

Prefira itens que reduzem a produção de suco gástrico como:

Além do cardápio, é até mais importante estar atento a hábitos ao se alimentar, como:

  • Mastigar bem os alimentos, evitando comer muito rápido ou colocar grande quantidade de alimento na boca de cada vez;
  • Comer com intervalos de duas a três horas, evitando jejuns, principalmente o jejum intermitente;
  • Não comer em grande quantidade e evitar líquidos com as refeições, para não ter distensão gástrica.

Fontes: Bernardo Martins, gastroenterologista do Hospital Santa Lúcia Norte, de Brasília; Gabriel Freitas, docente do Departamento de Ciências Farmacêuticas da UFPB (Universidade Federal da Paraiba), coordenador do Centro de Informação sobre Medicamentos da UFPB e consultor do CFF (Conselho Federal de Farmácia); e Vanessa Prado, gastroenterologista do Hospital Nove de Julho (SP).