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Antibiótico: para que serve realmente? Álcool corta o efeito? Saiba tudo

Saiba para que serve antibióticos e quais os efeito colaterais - iStock
Saiba para que serve antibióticos e quais os efeito colaterais Imagem: iStock

Rebecca Vettore

Colaboração para VivaBem

19/03/2023 04h00Atualizada em 19/03/2023 05h26

O antibiótico é um dos medicamentos mais comuns indicados pelos médicos para combater infecções. Entre suas características, estão: só poder ser comprado com receita médica e precisar ser tomado no horário certo.

Mas você sabe para que serve o medicamento ou como ele age no nosso organismo? Entende quais são os principais mitos e verdades sobre o antibiótico? Veja abaixo.

Antibiótico: para que serve e como tomar

O que é antibiótico?

O antibiótico é um medicamento que combate apenas as doenças causadas por bactérias. O remédio primeiro mata ou deixa as bactérias estáticas, com isso impede que elas continuem se multiplicando em nosso organismo e por fim combate a infecção.

Para que serve o antibiótico?

O antibiótico serve para as bactérias, assim como os antivirais combatem os vírus e os antifúngicos matam os fungos. Por isso, os antibióticos nunca serão indicados para o tratamento de doenças virais como gripe e resfriado.

Cada antibiótico tem a sua indicação específica para determinada bactéria e o local da infecção. Para evitar o uso abusivo e indiscriminado, que causa tratamentos inadequados, resistência bacteriana e disseminação das chamadas "superbactérias", o antibiótico só pode ser comprado com receita médica e em duas vias.

Além disso, ele deve ser prescrito após uma rigorosa avaliação médica que fornece um claro julgamento clínico e às vezes com a indicação de exames complementares.

Quais os efeitos colaterais dos antibióticos?

Os sintomas gastrointestinais, como sensação de má digestão, dor abdominal ou diarreia são os efeitos mais frequentes e podem acontecer com quaisquer antibióticos.

Em caso de diarreia muito intensa, é vital procurar um médico para entender o problema.

Outros efeitos colaterais dos antibióticos:

  • Osteomusculares: ocorrência de lesões e rupturas nos tendões causadas pelas quinolonas (grupos relacionados de antibióticos derivados do ácido nalidíxico)
  • Alterações na flora microbiana: podendo ocasionar infecções fúngicas, principalmente na boca ou na região vaginal, em mulheres
  • Fotossensibilidade: causando lesões na pele que aparecem após exposição solar
  • Reações alérgicas: podem surgir com o uso de antibióticos

Quando tomar antibiótico?

Cada antibiótico desempenha uma ação diferente, por isso possui seu próprio tempo de administração, também chamado de posologia, que pode variar: de seis em seis horas, de oito em oito horas, de 12 em 12 horas ou até uma vez por dia.

Além disso, a indicação de cada antibiótico vai depender do tipo de infecção a ser tratada, da bactéria que será atingida, das comorbidades e do peso do paciente. Se a pessoa tiver uma doença renal crônica e realizar hemodiálise, por exemplo, geralmente usará doses menores.

O que acontece se tomar em horário errado?

A resposta do tratamento para infecção pode se tornar ineficaz e insuficiente, desenvolvendo uma resistência bacteriana ou até mesmo fazendo com que a infecção piore.

Caso haja atraso na dose, o ideal é tomar o mais breve possível, no período de até duas horas, e depois manter os horários das próximas doses conforme a programação. Mas isso não deve ser tomado como regra, por isso, sempre leia a bula e se necessário entre em contato com o médico para avaliação e orientação.

Álcool corta efeito do antibiótico?

O álcool não corta o efeito da medicação, porém, não devemos ingerir simultaneamente e durante o tratamento, pois tanto o álcool quanto a maioria dos antibióticos são metabolizados pelo fígado, o que pode sobrecarregar o órgão e levar a efeitos colaterais. Além disso, o álcool junto a alguns antibióticos sobre a mucosa do estômago pode gerar náusea, vômitos e dor no abdome.

Atenção: o antibiótico metronidazol, que pode ser usado para infecções genitais, não deve ser tomado concomitante com bebidas alcoólicas, por conta do efeito antabuse, em que o indivíduo pode apresentar rubor facial, palpitações e sensação de morte iminente.

Como dar antibiótico para crianças?

Os antibióticos administrados a crianças, sobretudo aquelas com menos de 30 kg, sempre devem ser administrados com base no peso e oferecidos por um adulto na seringa.

Quais antibióticos grávidas podem tomar? E quem amamenta?

Gestantes não podem fazer uso de diversas medicações, inclusive de alguns antibióticos, pelo risco de causarem alguma lesão ou mesmo malformações no bebê. Outros podem passar pelo leite materno e causar efeitos colaterais na criança, não sendo recomendado o uso na amamentação.

  • Antibióticos como quinolonas, por exemplo o ciprofloxacino (indicado para infecções do trato respiratório) ou o levofloxacino (indicado para o tratamento de sinusite aguda bacteriana), não são indicados para gestantes e quem amamenta
  • As tetraciclinas, que são indicadas para o tratamento de doenças como acne vulgaris, otite média, faringite, pneumonia, sinusite e sífilis, também são contraindicadas
  • Penicilinas, como amoxicilina (usada para tratar infecções como a otite média e faringite) e ampicilina (combate infecções do trato urinário, respiratório, digestivo e biliar), podem ser usadas para tratamento em gestantes e lactantes

Antibiótico pode estragar os dentes?

Sim. Esse efeito era comum com uso de uma classe de antibióticos chamada de tetraciclinas, pouco usada atualmente. Estes medicamentos causam eliminação do cálcio dentário, danificando o esmalte dos dentes e modificando a coloração para acinzentada, por isso era contraindicado o uso por crianças e gestantes.

Leite corta o efeito do antibiótico?

Alguns antibióticos interagem com o cálcio presente no leite e em outros alimentos, podendo levar, sim, à redução da ação dessas medicações. Esta interação é comum com as tetraciclinas ou com as quinolonas, como o ciprofloxacino.

Pode tomar antibiótico com anti-inflamatório?

Esta associação é possível, mas deve ser bem avaliada pelo médico ou dentista que indicou a utilização para avaliar quanto ao risco de intensificação de efeitos colaterais, em especial gástrico e renal.

O corpo cria imunidade contra antibióticos?

A falta de resposta aos antibióticos não vem da imunidade do organismo, mas, sim, pela aquisição de resistência pelas bactérias. O uso frequente e indiscriminado de antibiótico leva as bactérias a produzirem mutações que favorecem sua sobrevivência, levando a resistência antimicrobiana ou formação de "superbactérias".

Se o paciente se sentir melhor, pode parar de tomar o remédio?

Não, de forma alguma. Cada infecção tem um tempo próprio para tratamento e normalmente o antibiótico começa a fazer efeito dentro de dois a três dias após o início do uso.

Interromper o uso porque houve melhora dos sintomas pode levar à recaída dos sintomas e a bactéria pode se tornar resistente ao antibiótico.

Fontes

Claudia Maruyama, infectologista da Associação de Medicina Paulista; Marun David Cury, pediatra da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatra) e diretor da Associação de Medicina Paulista; André Almeida e Beatriz Quental, infectologistas do Hospital São Camilo de São Paulo; e Paulo Sérgio Ramos, infectologista e professor do CCM da UFPE (Centro de Ciências Médicas da Universidade Federal de Pernambuco).