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Mais cálcio que leite: veja benefícios do gergelim branco e preto

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Paula Carvalho

Colaboração para o VivaBem

12/12/2022 04h00

Apesar de pouco difundido no nosso país, os grãos do gergelim são verdadeiros reservatórios de nutrientes, repletos de substâncias que em pequenas quantidades desempenham funções essenciais em nosso organismo.

O alimento tem minerais, fitosteróis e ácidos graxos poli-insaturados, que desempenham papel importante na prevenção de doenças cardiovasculares, inflamatórias e melhoram a imunidade.

Segundo a nutricionista Ana Karla Ferrer Soares, pacientes renais crônicos, entretanto, não devem usar as sementes do gergelim. A liberação para uso vai depender dos valores de taxas apresentados em exames de sangue; só assim o nutricionista pode fazer o cálculo da quantidade exata a ser consumida.

A seguir, veja benefícios comuns para gergelim branco e preto (mais abaixo explicamos a diferença entre eles):

Contém boas quantidades de proteína

De acordo com a TBCA (Tabela Brasileira de Composição de Alimentos), 100 g de gergelim contêm 21,2 g de proteína. O valor é bom, apesar de ser difícil alguém consumir essa quantidade da semente.

Proteínas desempenham um papel fundamental no organismo. Músculos, ligamentos, cartilagens, unhas, cabelos e pele são compostos basicamente por esse macronutriente. Ela também é vital para o aporte de energia, a oxigenação do corpo e o sistema imunológico.

Auxilia na manutenção de dentes e ossos

O gergelim é rico em cálcio. Em 100 g há 825 mg do mineral —bem mais do que a mesma quantidade de leite, que tem 107 mg de cálcio. Isso quer dizer que colocar uma colher (chá) da semente na salada já traz benefícios.

O cálcio é importante para a formação e saúde dos ossos e dentes, ajuda a regular a pressão arterial e as funções cerebrais, melhora a comunicação celular e a coagulação sanguínea, e ajuda a manter a contração da musculatura mais eficiente.

Regula o colesterol

A semente contém gorduras insaturadas, conhecidas como "gorduras do bem", já que contribuem com a redução dos níveis do LDL, ou o colesterol "ruim". Essas gorduras se dividem em monoinsaturadas (quando uma molécula de gordura pode ter uma insaturação de carbono) ou em poli-insaturadas (mais de duas moléculas).

Uma revisão de estudos apontou que dietas ricas em gordura monoinsaturada diminuem os níveis de açúcar no sangue (glicemia), triglicerídeos, peso e pressão arterial em comparação a uma alimentação à base de carboidratos. Além de aumentar os níveis de HDL (colesterol bom) no organismo.

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Tem quantidades ótimas de macrominerais

O gergelim tem bastante magnésio (360 mg em 100 g), fósforo (740 mg) e potássio (546 mg).

  • Magnésio: exerce participação em mais de 300 enzimas na regulação e proliferação celular, metabolismo de energia, transporte de cálcio e potássio. Nos músculos, é fundamental no controle de contração e relaxamento. Também atua na pressão sanguínea, transmissão de sinais entre sistema nervoso e mecanismos relacionados à insulina. Além disso, é fundamental para formação dos ossos, dentes, anticorpos e na participação no sistema imune.
  • Fósforo: tem um papel estrutural no organismo, sendo um dos principais componentes de ossos e dentes. Ele também faz parte da estrutura química dos fosfolipídeos, componentes estruturais das membranas celulares, responsáveis pela permeabilidade seletiva da membrana plasmática que controle a entrada e saída de moléculas. O fósforo é importante na ativação de fatores na cascata de coagulação e auxilia na manutenção do pH.
  • Potássio: responsável pelo bom funcionamento celular. Pequenas alterações na concentração do potássio extracelular podem afetar a transmissão neural, a contração muscular e o tônus vascular. Cerca de 85% desse mineral ingerido é absorvido em indivíduos saudáveis.

Promove bem-estar

Entre as substâncias presentes na semente estão o triptofano e a tiamina. Ambos são estimulantes da produção de serotonina, hormônio responsável pelas sensações de bem-estar do cérebro. Além disso, o cálcio e magnésio presentes no gergelim ajudam a reduzir a ansiedade.

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Gergelim branco ou preto?

Os componentes do gergelim podem sofrer grandes variações, e dependem da variedade e da origem dos grãos. Mas um estudo feito pelo Departamento de Nutrição e Saúde da Universidade Federal de Viçosa analisou ambos e mostrou que:

  • O gergelim branco apresenta maior teor de lipídios, carboidratos, fibra alimentar solúvel e valor calórico, enquanto o gergelim preto apresenta maior teor de fibra insolúvel e total.
  • O gergelim preto apresenta teores mais elevados de compostos fenólicos solúveis e fitatos, além de maior potencial funcional relacionado à atividade antioxidante.
  • O gergelim branco e o preto apresentam compostos com capacidade de sequestrar radicais livres e são fontes de antioxidantes naturais, sendo que a capacidade antioxidante do gergelim preto é significativamente maior.

Os especialistas orientam que seja feita a utilização das duas sementes em conjunto para que suas funções sejam complementadas.

Formas de consumo

Os especialistas orientam o consumo de duas colheres (sopa) por dia de gergelim. A melhor forma de consumir as sementes é na sua apresentação in natura (sem torrar), mas se for usá-las em shakes, sucos ou molhos, é necessário macerar ou batê-las para quebrar a casca. Isso ajuda a melhorar a absorção dos nutrientes.

Outra forma interessante do consumo das sementes é incluir como topping de saladas, no preparo da tapioca e até no molho tahine.

Tahine é feito de sementes de gergelim descascadas, cruas ou pouco tostadas, e finamente moídas; tem cor clara com um leve residual amargo, e o sabor lembra nozes. Já a pasta de gergelim usa as sementes inteiras, com a casca, bem tostadas e moídas, apresentando uma cor marrom mais escura e com uma consistência semelhante à manteiga de amendoim; seu sabor lembra o óleo de gergelim torrado, bem rico e intenso.

Fontes: Ana Karla Ferrer Soares, nutricionista do Hospital Universitário Oswaldo Cruz da UPE (Universidade de Pernambuco) e nutricionista da Dermoplástica (equipe integrada de cirurgia plástica em João Pessoa-PB); Julia Bargieri, nutricionista do Vita Ortopedia do Grupo Fleury; Tamara Mazaracki, nutricionista e consultora nutricional da Sésamo Real; Fernando Guanabara, nutrólogo e diretor fundador do Complexo Stimma em Fortaleza (CE).