Gustavo Cabral

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Opinião

Prêmio Nobel de Medicina 2023 agracia a grandeza da ciência e das vacinas

Iniciamos outubro com o anúncio de que dois pesquisadores brilhantes, que ajudaram a salvar milhões de vidas e controlar a pandemia do coronavírus, foram laureados com o Prêmio Nobel de Medicina.

Os últimos anos, em que vivemos sob a tragédia provocada pela covid-19, nos fizeram enxergar que a humanidade precisa evoluir em diversos aspectos, entre eles no desenvolvimento tecnológico vacinal e na sensibilidade para lutar por uma ciência que exerça sua função, que é a de servir à vida de forma menos seletiva.

Mas nos fez enxergar também que evoluímos muito. Basta ver que foram desenvolvidas muitas vacinas contra a covid-19 no período aproximado de um ano, contribuindo para salvar milhões de vidas. E, para isso, uma tecnologia fundamental foi aquela que usa mRNA.

E, para que muitos não continuem falando asneira de que essa é uma tecnologia muito recente para ser aplicada em vacinas, é importante citar que os estudos com mRNA não são tão jovens. Os primeiros trabalhos científicos com essa tecnologia são dos anos 1990.

Na ciência, as coisas não são feitas como um passe de mágica. A gente faz ciência como se estivéssemos construindo tijolos, para que outros, ou até nós mesmos, possam juntar essas peças e construir algo palpável, maior e aplicável. Mas alguns conseguem construir os tijolos e permanecer construindo mais e mais, até fazer arte concreta e aplicável, como foi o caso dos cientistas Katalin Karikó e Drew Weissman.

Essa dupla começou o dia de ontem (2) sendo premiada com o Nobel de Fisiologia ou Medicina de 2023, por descobrirem que o mRNA com base modificada pode ser usado para bloquear a ativação de reações inflamatórias e aumentar a produção de proteínas quando o mRNA é entregue às células.

Ou seja, esses cientistas maravilhosos contribuíram para salvar milhões de vidas por causa do desenvolvimento científico com a tecnologia de mRNA, aplicada para o desenvolvimento das vacinas contra a covid-19.

A ideia geral do uso de mRNA surge daquela informação que aprendemos na escola, de que o fluxo da informação genética tem a seguinte direção: DNA >> RNA >> PROTEÍNAS.

Bom, esse conceito é muito simplista, mas é o suficiente para entendermos que, se tiver um RNA mensageiro contendo uma informação previamente estipulada, isso vai gerar uma proteína de interesse, como foi o caso da proteína spike do coronavírus, gerando assim a vacina de mRNA.

Mas nem tudo é tão simples, pois a evolução tem seus "truques" para que as coisas funcionem. Por isso, a ciência precisa estar muito atenta para os detalhes, os truques evolutivos, para poder imitar a natureza e fazer com que os produtos científicos funcionem.

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E os trabalhos laureados com o Nobel são um excelente exemplo, pois foi através da continuidade nos estudos, na pesquisa e nas "pequenas mudanças" dos mRNAs que chegamos ao ponto de a humanidade usufruir dos resultados dessa tecnologia. Além disso, claro, houve a junção de diversos outros conhecimentos científicos para que essa tecnologia pudesse chegar ao momento em que vivemos, como o desenvolvimento de "cápsulas de gordura" para proteger os mRNAs, ao serem inoculados em nossos corpos, até que eles cheguem em nossas células e produzam as proteínas que esperamos que sejam produzidas.

Concluo reafirmando que a ciência é persistência, como aconteceu com o trabalho dos geniais cientistas Katalin Karikó e Drew Weissman e com os estudos com mRNA. E que os trabalhos com mRNA, inicialmente publicados no começo da década de 1990, utilizaram as tecnologias de RNA e DNA contendo genes para expressão proteica previamente definida, que inclusive tiveram algum sucesso, mas foi "renegada" por muito tempo.

O fato é que a ciência, a vacina, a persistência e a inteligência venceram e vencerão o negacionismo e a descrença na ciência e no que ela pode fazer! E assim será!

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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