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Engravidei e meu marido não quer mais transar: o que está acontecendo?

Enquanto muitas mulheres vivem a gestação como um período de grande conexão emocional e física com o parceiro, outras se deparam com um distanciamento inesperado e raramente compartilhado: "Meu marido não me procura mais desde que engravidei. Paramos de ter relações sexuais." É doloroso e confuso, e podem existir vários motivos por trás desse comportamento.

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Gestantes têm desejos e sexo não machuca o bebê

Pode parecer loucura, mas muito homem tem medo de machucar o bebê. Especialmente quando estão passando pela experiência da paternidade pela primeira vez, eles têm a impressão de que o sexo prejudica o desenvolvimento do bebê ou causa complicações. Já deixo bem claro que a medicina confirma que não há problema algum -se for uma gravidez de risco, converse com seu médico para ter todas as respostas necessárias. Transar é saudável e o bloqueio é uma angústia, um receio criado por estar em uma situação inédita.

Outro motivo comum é a mudança na forma como o homem vê a parceira durante a gravidez. Antes vista como companheira, agora ela se transforma na mãe do filho dele, e essa transição pode desencadear uma "santificação" da mulher. Você vira santa, quase intocável e a aproximação sexual soa desrespeitosa ou inadequada.

Não é questão de ensinar o homem a ser pai, mas a melhor saída sempre é a boa comunicação. Uma conversa sincera sobre a segurança do sexo durante a gravidez, explicando seus desejos e vontades, talvez até com o apoio da obstetra se você achar importante, pode aliviar as inseguranças e liberar as travas.

O bebê não vai sentir o orgasmo, não vai entender o que está acontecendo, não vai se machucar e vai só ter a mesma sensação de bem estar que os hormônios da mãe liberarão na corrente sanguínea. Seu bebê está bem protegido, dentro da bolsa amniótica, que está dentro da cavidade uterina e que ainda tem o colo do útero fechadinho para separar do canal vaginal. Nem o mais avantajado não irá "cutucar" o bebê.

Sexo na gravidez não precisa ser tabu, tanto que até os vibradores são apropriados para gestantes. Claro que desde que não estejam em uma gravidez de risco, apresentem placenta prévia, risco de parto prematuro, sangramentos, ruptura prematura de membranas ou descolamento de placenta. Resumindo: se está liberada para ter relação sexual, também está liberada para usar vibradores.

Pressão emocional e planejamento financeiro cortam o clima

As preocupações com a chegada de um bebê afetam o comportamento dos pais. Questões como o sustento da família, a estabilidade financeira e o planejamento para o futuro podem pesar e afastar o tesão. Quem nunca se pegou pensando na lista de compras quando devia estar concentrada nas carícias para chegar lá?

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A pressão de garantir que tudo esteja preparado pode fazer com que vocês se sintam sobrecarregados, ansiosos e até emocionalmente distantes.

Inclusive, meu marido sentiu tudo isso na pele, nos afastamos durante minha primeira gestação porque ele sentia que prover a qualquer custo era o papel dele para que eu ficasse "somente" com o gestar. Mal sabia ele que o afastamento causado pela ansiedade dele me trouxe muito mais dores e preocupações do que as finanças.

Compartilhem as inseguranças e medos, a chegada de um filho traz novas preocupações, mas é importante manter a união, planejar junto, criar estratégias que deixem ambos confortáveis e alinhados para o futuro da criança, sem trazer peso e desespero para um momento tão vulnerável quanto a gestação.

Se aparecerem perguntas como: "Será que vou ser um bom pai?", "Estou pronto para essa responsabilidade?", "Serei capaz de dar ao meu filho o que ele precisa?", lembre que esses medos podem ser tão intensos que nos afastam emocionalmente. O foco fica na angústia e o relacionamento fica escanteado.

Muitos homens têm dificuldade de falar sobre essas vulnerabilidades, mas voltamos para necessidade de reforçar a importância de diálogo, apoio e cumplicidade entre vocês. Ter essa confiança e troca com outro será, por si só, afrodisíaco.

Dicas para colocar fogo nessa lenha

  1. Converse de maneira aberta e acolhedora: Pergunte com carinho o que ele está sentindo e se há algo que o preocupa. Muitas vezes, ele pode estar lidando com medos ou ansiedades que não compartilhou com você. Aproveite esse momento para explicar como você se sente e o quanto o afastamento físico está te afetando;
  2. Desmistifique medos: Converse com a obstetra sobre sexo na gravidez. Informações seguras sobre o que é permitido ou não durante a gravidez podem tranquilizar ambos;
  3. Fortaleça a intimidade emocional: Nem sempre o distanciamento físico significa falta de amor. Às vezes, ele pode precisar de mais apoio emocional do que sexual. Proponha momentos a dois, como assistir a um filme juntinhos no sofá, carinhos e afagos que não envolvem necessariamente o ato sexual, mas que mantenham a conexão entre vocês;
  4. Reconheça o papel de ambos: A chegada de um bebê é uma mudança para ambos, e ele pode estar lidando com sentimentos de ansiedade sobre as responsabilidades futuras. Ok, nós, mulheres, lidamos com mudanças hormonais e físicas que não deixam dúvidas que tudo em nós está em transformação enquanto gestamos, mas homens também passam por mudanças emocionais neste processo. Reconhecer esses sentimentos e conversar sobre como dividir essas preocupações vai ajudar vocês dois a se sentirem melhor;
  5. Reafirme seu desejo de manter a conexão: Deixe claro que, apesar de estar grávida, você ainda se sente mulher e deseja manter a proximidade com ele. Às vezes, ele pode estar evitando a intimidade por achar que você está desconfortável ou cansada;
  6. Se necessário, busque ajuda: Se após conversas e tentativas de aproximação o distanciamento continuar, pode ser interessante buscar aconselhamento, seja com um terapeuta de casal ou até mesmo com o médico que acompanha a gestação. Às vezes, uma ajuda externa pode trazer à tona questões que vocês ainda não conseguiram resolver sozinhos.
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Lembre-se de que, no fundo, ambos estão se preparando para a maior aventura da vida: serem pais. Por trás das inseguranças há um amor profundo que cresce, assim como o bebê que vocês aguardam. A gravidez, com todas as suas doçuras e dificuldades, pode se tornar uma oportunidade de fortalecer o vínculo com paciência, carinho e diálogo.

A trajetória da paternidade está apenas começando, e vocês estão aprendendo, juntos, a trilhar esse caminho de amor, parceria e apoio mútuo.

*Monica Romeiro é a criadora do Almanaque dos Pais. Ela é comunicóloga, palestrante, empresária, conselheira parental e escritora de "Vem cá me dar um abraço - um colo de mãe para mãe" e "Amor maior que o meu - o que você mais, ser mãe ou seu filho?".

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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