Do rock ao death metal, mulheres dominam palco Supernova neste domingo

O primeiro domingo (15) do Rock in Rio é marcado por rock e metal pesado. E no palco Supernova, duas bandas são formadas majoritariamente ou totalmente por mulheres.

Uma delas, a The Mönic, estreia no festival. Já a Crypta se apresenta pela segunda vez consecutiva. Diferenças à parte, uma coisa é fato: estar no Rock in Rio é a realização de um sonho.

Os integrantes de The Mönic ainda dividem o tempo entre outras profissões além da artística. A banda é formada por Ale Labelle (guitarra e voz), Dani Buarque (guitarra e voz), Joan Bedin (baixo e voz) e Thiago Coiote (bateria e voz).

A The Mönic
A The Mönic Imagem: Reprodução/Instagram/@themonicband

O grupo tem o desafio de apresentar o último disco, "Cuidado Você" em um show de aproximadamente 20 minutos. A banda Eskröta também sobe ao palco, como convidada. "A grande meta é conseguir estar presente e curtir esses minutos, porque faz parte do sonho de todo mundo da banda", conta Dani Buarque em entrevista a TOCA.

Dani diz que é "enlouquecedor" conciliar dois trabalhos e outras áreas da vida. "A gente tem que abrir mão de final de semana, de compromissos com as pessoas que gostamos [...] Eu acho que a gente também tem muita sorte de as pessoas ao nosso redor, família, companheiras, entenderem e apoiarem".

É enlouquecedor pela quantidade de trampo, né? Eu nem lembro a última vez que saí para me divertir. Do momento que eu abro o olho até o momento que eu fecho é na função. Dani Buarque

Já a Crypta acumula a segurança da primeira apresentação no palco Supernova em 2022, quando apresentou o primeiro disco. A banda é formada por Fernanda Lira (voz e baixo), Luana Dametto (bateria), Tainá Bergamaschi (guitarra) e Jéssica di Falchi (guitarra).

A Crypta
A Crypta Imagem: Reprodução/Instagram/@cryptadeath
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"[Em 2022] foi incrível porque o palco ficava em um lugar bastante privilegiado, era uma passagem, então muita gente que não conhecia a banda acabou passando, parando", contou Fernanda Lira em entrevista ao TOCA.

Agora elas divulgam o segundo disco, "Shades of Sorrow". "Acho que essa é a maior diferença, e agora a gente já tem uma base de fãs muito mais sólida também do que naquela época, por questão de estrada, de correria, de evolução natural da carreira mesmo".

O desafio é conquistar o público mais estritamente roqueiro. "A gente tem essa segurança dentro do metal, mas o público do rock, que é, por exemplo, do Evanescence, são poucas as pessoas que eu imagino que conheçam a Crypta. Então vai ser um dia muito interessante para desbravar esse novo campo".

A Crypta já fez turnê na Europa e entrou nas paradas dos EUA, algo que foi alcançado por poucos nomes do Brasil, como o Sepultura. Aliás, com o "encerramento das atividades" do Sepultura, e o anúncio da pausa sabática do Angra, a Crypta já começa a ser apontada como a próxima maior banda de death metal no Brasil em atividade.

Mas Fernanda Lira prefere manter o pé no chão. "Tem outras bandas aí que a gente conhece, já fez tour, que eu era fã muito antes de querer pensar em ser banda, e que eu acho que caberiam super nesse título. Por mais que eu reconheça o papel que a Crypta tem prestado na cena, tenho sempre um cuidado de manter muito o pé no chão".

Ela entende que os elogios são uma validação do trabalho da Crypta. "Para as pessoas pensarem isso, é porque a gente está fazendo um bom trabalho, então eu prefiro olhar pelo lado de uma incrível validação do corre mesmo. Não me sinto muito confortável em estar nesse lugar, mas eu absorvo o elogio".

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Eu quero fazer um bom trabalho, quero que minha música chegue no máximo de ouvidos possíveis, quero viver meu sonho, curtir estar na estrada, viver minha arte. Se isso nos levar a ser a maior banda, muito interessante, mas eu não vou dizer que é um objetivo. A gente está trabalhando para continuar crescendo, isso com certeza. Fernanda Lira

Banda com mina

O ano é 2024, mas a presença de mulheres no gênero do rock ainda pode incomodar. Por isso, a banda The Mönic criou a festa Não Tem Banda Com Mina, para celebrar mulheres na música.

O evento surgiu com esse nome em referência ao que as artistas ouviram muitas vezes ao cobrar a presença de mais mulheres em festivais. "É uma ideia maior que The Mönic, exatamente por isso. Eu não me vejo parando agora, mas eu sei que uma hora, sei lá, daqui a 10, 20, 30 anos, não estaremos fazendo isso. Mas independente disso, a gente vai querer ver uma cena com mais equidade", diz Dani.

O que a gente tem hoje, a caneta, o microfone, é fruto de mulheres que enfrentaram muitas coisas também para termos mais espaço. Dani Buarque

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Dani relata ataques, sempre vindo de homens, e até ameaças de estupro. "Os caras têm um discurso misógino. Falam, 'ah, deu para quem para estar aí?' Até ameaça de estupro a gente já recebeu. Quem fala que é mimimi, que levantar essa bandeira é inútil, é porque realmente não está na pele. Deveria ter muito mais mina na cena, e não tem pela falta de estômago".

Do palco, Fernanda percebe que tem gente que ainda se impressiona com uma banda de death metal só de mulheres. "Eu acho que a cena do metal tem progredido bastante nesse sentido. Hoje em dia tem muito mais mulher tocando do que tinha10 anos atrás, sabe? Mas ainda causa um impacto, isso eu tenho certeza. Tem muita gente que não conhece a banda e que vai assistir e fica completamente chocada".

E eu, vou te falar, eu gosto. Eu me sinto confortável com isso. Eu gosto de dar uma chocada. Fernanda Lira

Interessados na Não Tem Banda Com Mina podem ir na próxima edição, em São Paulo. A festa vai acontecer no Picles (rua Cardeal Arcoverde, 1.838 - Pinheiros) com entrada a preço único de R$ 15.

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