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Operadora do submersível que implodiu rumo ao Titanic suspende expedições

Submersível Titan operado pela OceanGate Expeditions - OceanGate Expeditions/Handout via REUTERS
Submersível Titan operado pela OceanGate Expeditions Imagem: OceanGate Expeditions/Handout via REUTERS

da AFP

06/07/2023 14h38

A OceanGate, empresa que operava o submersível que implodiu durante uma imersão para visitar os destroços do Titanic, matando as cinco pessoas a bordo, anunciou nesta quinta-feira (6) que interrompeu todas as atividades por prazo indeterminado.

A OceanGate, com sede nos Estados Unidos, informou em seu site que "suspendeu todas as operações de exploração e comerciais" duas semanas após a tragédia com o submersível Titan, na qual morreram, entre outros, o CEO da empresa, Stockton Rush.

Entenda a tragédia

Em 18 de junho, o submersível Titan fez seu mergulho final.

Durante o percurso, aconteceu a implosão que resultou nas mortes não só de Stockton como dos passageiros Shahzada e Suleman Dawood, Hamish Harding e Paul-Henri Nargeolet, a companhia apenas lamentou as perdas, mas não tomou posições públicas sobre o acidente, nem comentou o futuro de seus empreendimentos.

A embarcação Titan era até então o único submersível da empresa que realizava o percurso — ele pesava 10.432 kg, podia alcançar profundidades de até 4 mil metros e tinha até 96 horas de suporte de vida — como oxigênio — para uma equipe de cinco viajantes (um piloto, um "expert" e três turistas) a partir de 17 anos de idade.

Destroços do submersível Titan, que implodiu no mar com cinco pessoas, foram recuperados e levados a porto no Canadá - Reprodução/ICI Radio Canada - Reprodução/ICI Radio Canada
Destroços do submersível Titan, que implodiu no mar com cinco pessoas, foram recuperados e levados a porto no Canadá
Imagem: Reprodução/ICI Radio Canada

Como era a viagem?

O preço desta aventura programada para durar oito dias e ver de perto os destroços do Titanic a 611 quilômetros da costa, a 3.800 metros de profundidade, era de US$ 250 mil ou cerca de R$ 1,2 milhão. A OceanGate já havia realizado duas expedições bem-sucedidas ao Titanic, em 2021 e 2022, e esta seria a terceira. No último verão, contudo, seu submersível também perdeu contato com a empresa em seu sexto dia nas águas.

Na ocasião, estava a bordo um jornalista da emissora americana CBS, David Pogue. O repórter relatou que o problema operacional durou algumas horas, em que a comunicação — feita por mensagens de texto enviadas via satélite — foi interrompida, mas eventualmente todos retornaram em segurança à terra firme.

A conexão entre terra e submersível era prestada pelo serviço de internet via satélite Starlink, da SpaceX, empresa de tecnologia aeroespacial de Elon Musk, também dono do Twitter. Nem Musk ou a Starlink se manifestaram a respeito do ocorrido.

Vista do Titanic de dentro do submarino Titan, que desapareceu no oceano - Divulgação/OceanGate Expeditions - Divulgação/OceanGate Expeditions
Vista do Titanic de dentro da embarcação Titan, que desapareceu no oceano
Imagem: Divulgação/OceanGate Expeditions

Estavam inclusos no pacote exorbitante acomodação (privativa) dentro da embarcação que realiza o percurso até área próxima do naufrágio, o mergulho com o submersível até o famoso navio, treinamento para o período dentro da embarcação, equipamento e todas as refeições. Passagens aéreas até o porto de embarque, hotéis e refeições que o viajante possa precisar antes de subir a bordo, além de seguro-viagem não estavam inclusos no preço.

As expedições partiam sempre de St. John's, em Newfoundland, no Canadá. Apenas no terceiro dia no mar, chamado de "Dive Day" (Dia do Mergulho, em tradução livre), os cinco viajantes de fato entravam no Titan para iniciar a descida até o Titanic, enquanto os restantes ficam para trás na embarcação principal realizando outras tarefas realizadas ao mergulho, como registros ou auxílio ao gerente da expedição, por exemplo.

Registro do Titanic no fundo do Oceano Atlântico feito por expedições anteriores da OceanGate Expeditions - Divulgação/OceanGate Expeditions - Divulgação/OceanGate Expeditions
Registro do Titanic no fundo do Oceano Atlântico feito por expedições anteriores da OceanGate Expeditions
Imagem: Divulgação/OceanGate Expeditions

A OceanGate estimava que toda a descida levasse cerca de duas horas. Nesta travessia, os viajantes são encorajados a ajudar o piloto do submersível com o monitoramento de sua posição, coleta de informações para o time de cientistas da empresa e, para quem preferir, assistir a um filme ou almoçar.

Ao fim do percurso, o grupo tinha seu esperado encontro com o Titanic, guiado pelo expert a bordo que apontava as principais características do navio, fazia conexões entre o visual e a história do naufrágio e detalhava a porção do oceano em que ele afundou. Segundo a OceanGate, o grupo costumava passar "horas" estudando o navio antes de subir à superfície.

Passageiros assinavam documento sobre riscos

O site TMZ obteve acesso ao documento que viajantes assinavam antes do embarque nas expedições da OceanGate, eximindo a empresa de responsabilidade em caso de morte. No texto, o turista se compromete a assumir "total responsabilidade pelo risco de lesão corporal, deficiência, morte e danos à propriedade devido à negligência da [OceanGate] enquanto envolvido na operação".

A declaração ainda frisa que seu submersível é "experimental" e não foi "aprovado ou certificado por qualquer corpo regulatório e pode ter sido construído com materiais que não foram largamente utilizados em submersíveis ocupados por seres humanos".

Diante das mortes dos cinco tripulantes, o co-fundador e acionista minoritário da OceanGate, Guillermo Söhnlein, disse à Sky News na sexta (23) que seus executivos ainda considerariam "se a empresa sobreviverá" nas semanas seguintes à tragédia. Apesar de frisar que Rush um "engenheiro brilhante" e "consciente dos riscos", ele afirmou que "não é qualificado para responder" se a companhia será responsabilizada por negligência.