Argentinos trazem 'clima de Copa do Mundo' em torcida por Colapinto na F1
A cidade de São Paulo teve um mar de bandeiras e camisas de clubes da Argentina. Porém, o fenômeno nada tem a ver com futebol. Os hermanos invadiram o Autódromo de Interlagos e a capital paulista para apoiar o compatriota Franco Colapinto, piloto da Williams.
Na noite do último sábado (2), uma multidão esteve na Praça Alexandre Gusmão, a uma quadra da Avenida Paulista, um dos principais cartões postais paulistanos, para promover um "bandeiraço".
O "clima de Copa do Mundo" invadiu o local. Torcedores levaram sinalizadores, tocaram bateria e entoaram cantos enquanto bebiam cerveja.
As bandeiras eram das mais variadas, mas quase todas tinham alguma referência ao piloto. Inclusive, um bandeirão da Argentina superior a 3 metros de largura foi assinado pelos participantes do evento para ser entregue a Colapinto.
Era algo que sabíamos que ia acontecer, que pensamos muito. Todos sabíamos que queríamos invadir São Paulo, porque fizemos isso na Rússia, no Mundial, fizemos em todo o mundo... E acho que é Argentina. Não importa o esporte, é Argentina.
Matías, fã argentino de Franco Colapinto, ao UOL
Bares da região central da cidade também ficaram abarrotados de argentinos. Um deles, que normalmente serve chopp nacional, desde o início desta semana está sendo patrocinado pela Quilmes, principal marca de cerveja do país vizinho.
Paixão sem fronteiras
Muitos fãs passaram "perregue" para chegar ao Brasil. A crise do setor aéreo que atingiu o país vizinho prejudicou a logística para o GP.
Pato, que é de Rosário, a cerca de 400 km de Buenos Aires, foi de ônibus até o aeroporto da capital argentina e sofreu com horas de atraso. Quando finalmente conseguiu um voo, precisou fazer conexão no Rio de Janeiro antes de aterrizar em São Paulo. Foram 15 horas no trajeto.
É um sonho para mim. Eu sigo o Franco desde 2021, quando ele corria na Fórmula 3, com o Bortoleto, com todo esse pessoal. E, bom, eles começaram a crescer na Fórmula 2, e o Franco teve a sorte de estar na Fórmula 1.
Pato, fã de Colapinto, ao UOL
Todas as vezes em que Franco passou próximo aos setores A e G, o barulho foi alto. As maiores arquibancadas do Autódromo de Interlagos ficaram vibrantes com a reciprocidade do jovem piloto, que fez questão de demonstrar seu carinho para a torcida.
Entretanto, pela "seca" de referências na categoria, muitos brasileiros acabaram criando uma conexão com o único sul-americano na disputa da Fórmula 1.
A reportagem conversou com os criadores de uma montagem curiosa: bandeira da Argentina que leva os rostos de Ayrton Senna e Franco Colapinto. O item se tornou febre entre os brasileiros, que pedem foto no autódromo.
Argentina tem piloto na F1 após 23 anos
Toda essa mobilização tem um motivo claro: Colapinto traz a Argentina de volta às pistas de Interlagos após 23 anos. O último nome que esteve no 'S' do Senna foi Gastón Mazzacane, pela Prost, em 2001.
Gastón largou em 21 corridas por Minardi e Prost, entre 2000 e 2001, e teve como melhor resultado na carreira um oitavo lugar no GP da Europa de 2000 - o desempenho em seu currículo valeria modestos 4 pontos na contagem moderna.
No GP do Azerbaijão de 2024, Franco se tornou o primeiro argentino a pontuar na categoria desde 1982. O piloto de origem pobre ascendeu da F2 à elite em um piscar de olhos. O convite da Williams para substituir o americano Logan Sargeant teve efeito imediato a partir do GP da Itália.
Ele está garantido até o final da temporada, e seu destino em 2025 deve ser a Red Bull.
Histórico dos hermanos na F1
Na trajetória histórica, os dados apontam que 22 competidores do país sul-americano participaram de pelo menos uma etapa do Campeonato Mundial, acumulando um total de 38 vitórias, 98 pódios e cinco campeonatos mundiais.
Juan Manuel Fangio é o mais renomado e bem-sucedido entre eles. Ele fez sua estreia na primeira corrida da história da Fórmula 1, o Grande Prêmio da Grã-Bretanha de 1950, já se destacando no cenário internacional aos 39 anos.
Mesmo assim, Fangio teve tempo para construir uma carreira brilhante no Mundial, registrando 24 vitórias, 29 poles e 5 títulos mundiais em apenas 51 corridas até 1957.
Além dele, Carlos Reutemann também marcou época. Ele correu na F1 entre 1972 e 1982, defendendo as equipes Brabham, Ferrari, Lotus e Williams. Ele ganhou 12 corridas e subiu ao pódio 45 vezes.
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