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Rafael Reis

Com segunda onda da pandemia, futebol pode ser paralisado de novo na Europa

Cristiano Ronaldo é um dos contaminados pela segunda onda do coronavírus na Europa - Tiziana FABI / AFP
Cristiano Ronaldo é um dos contaminados pela segunda onda do coronavírus na Europa Imagem: Tiziana FABI / AFP

16/10/2020 04h00

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Cristiano Ronaldo foi infectado pelo coronavírus e vai desfalcar a Juventus pelas próximas duas semanas. O último jogo da equipe italiana, aliás, nem chegou a acontecer porque o Napoli apresentou dois casos positivos de Covid-19 no elenco e foi proibido pelas autoridades italianas de viajar para Turim.

O Tottenham também viveu uma situação semelhante. No fim do mês passado, classificou-se para as oitavas de final da Copa da Liga inglesa porque o Leyton Orient teve um surto da doença e não pode ir a campo. E a fase preliminar da nova temporada da Champions registrou dois WO devido a contaminações pelo vírus.

O agravamento da segunda onda da pandemia na Europa colocou o futebol mais poderoso do mundo em estado de alerta. Já há discussões sobre a possibilidade de alguns campeonatos serem paralisados mais para desacelerar esse novo crescimento no número de casos.

Dos países do primeiro escalão da bola, a Itália é quem tem levado essa ideia mais a sério. Na última terça-feira, o país registrou sua maior quantidade diária de novos infectados (5.901, com 41 mortes) desde o fim de março.

Boa parte dos elencos da primeira divisão do Calcio registrou testes positivos nas últimas semanas. O atacante sueco Zlatan Ibrahimovic, outro dos principais astros da competição, desfalcou o Milan em seus últimos quatro compromissos por causa da Covid-19.

No final do mês passado, o jornal "Corriere della Sera" publicou que a liga que organiza a Série A italiana estava cogitando interromper o campeonato durante duas semanas devido à proliferação de casos entre os jogadores.

A paralisação do futebol profissional, pelo menos por enquanto, ainda não aconteceu, mas as peladas entre os amigos e as competições amadoras de qualquer esporte de contato foram novamente proibidas pelo governo.

De acordo com a agência Ansa, a Itália também cogita criar um sistema de bolha (semelhante ao usado na última temporada da NBA, em que todos os jogadores ficaram hospedados e atuaram no complexo da Disney) para viabilizar a continuidade pelo menos da sua primeira divisão.

França e Reino Unido são outros dois países do alto escalão do futebol europeu que têm endurecido diariamente suas medidas de contenção à pandemia e podem, em breve, ter de tomar alguma nova atitude relacionada aos eventos esportivos.

O presidente francês, Emmanuel Macron, decretou ontem toque de recolher na região metropolitana de Paris e em outras oito cidades importantes do país. Já o Reino Unido voltou a restringir o funcionamento dos pubs, bares onde normalmente os torcedores se reúnem para acompanhar os jogos dos seus times de coração.

A temporada 2019/20 do futebol europeu foi seriamente prejudicada pelo coronavírus. Alguns campeonatos nacionais, como o Francês e o Holandês, foram simplesmente encerrados mais cedo, lá em março. A maioria, no entanto, foi até o fim, mas chegou a ficar paralisada durante três meses.

Com jogos cancelados ou disputados sem presença de torcedores e acordos comerciais não sendo cumpridos, o mundo do futebol acumulou prejuízos financeiros que ainda não foram devidamente calculados.

Mas um raio-x do Mercado da Bola ajuda a entender o tamanho desse estrago. Enquanto a janela de transferências global de 2019/20 movimentou 7 bilhões de euros (R$ 45,8 bilhões) em negócios de compra e empréstimos de jogadores, a desta temporada ficou na casa dos 4,1 bilhões de euros (R$ 26,8 bilhões).