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Rafael Reis

A história do ídolo brasileiro do City que só jogou 10 minutos pelo clube

Gláuber teve uma passagem relâmpago pelo Manchester City e caiu nas graças pela torcida - Reprodução
Gláuber teve uma passagem relâmpago pelo Manchester City e caiu nas graças pela torcida Imagem: Reprodução

06/08/2020 04h00

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No fim da década passada, o torcedor do Manchester City estava eufórico. O clube havia acabado de se tornar um dos "novos ricos" do futebol europeu após ter sido comprado por um fundo de investimento dos Emirados Árabes Unidos, que lhe renderia 14 títulos em 12 anos.

Quem ia ao Etihad Stadium (ainda chamado de City of Manchester Stadium) tinha a oportunidade de gritar por nomes consagrados como Robinho, Craig Bellamy e Nigel de Jong. Mas, muitas vezes, preferia cantar "Berti, Berti, Berti".

Berti é o sobrenome do ex-zagueiro brasileiro Gláuber, que disputou apenas dez minutos de uma única partida de Campeonato Inglês pelo City, lá na temporada 2008/2009. E que, mesmo assim, virou um "ídolo alternativo" do clube.

"Quando eu entrei, o estádio veio abaixo. A torcida inteira começou a gritar o meu nome. Cada vez que eu tocava na bola, era uma festa como se tivéssemos acabado de fazer um gol", relembra o jogador, aposentado desde 2013, sobre sua participação na vitória por 1 a 0 sobre o Bolton, pela última rodada da Premier League.

Antes de ser enfim aproveitado pelo técnico Mark Hughes, Gláuber ficou incríveis vinte partidas no banco de reservas sem ser utilizado por sequer um minuto. Essa situação fez com que ele caísse nas graças dos torcedores dos Citizens.

"Como os treinos do City eram abertos na época, a torcida via minha dedicação e percebia que eu treinava bem. Só que eu era relacionado, ia para o banco e nunca entrava. Então, eles começaram a cantar durante as partidas pressionando o técnico para que me colocasse", conta, por telefone.

Na época, os principais zagueiros da equipe inglesa eram Richard Dunne, Nedum Onuoha e Tal Ben Haim. Quando necessário, Hughes ainda podia improvisar no setor o lateral direito Micah Richards ou o então volante Vincent Kompany. Só depois de todas essas opções vinha Gláuber.

Glauber e Jô no Manchester City - Getty Images - Getty Images
Imagem: Getty Images

"Acredito que eu poderia ter tido mais oportunidades. Apesar de todo o carinho que recebi da torcida, ir para o City acabou não sendo a melhor escolha. O pós-passagem pela Inglaterra foi terrível. Como fiquei sem jogar, o mercado se fechou para mim."

Revelado na base do Atlético-MG, Gláuber se destacou no Palmeiras e chegou a disputar uma partida pela seleção brasileira (despedida de Romário). Em 2005, transferiu-se para o Nuremberg, da Alemanha, onde considera ter vivido os melhores momentos da sua carreira. De lá, foi para o City. Depois, ainda jogou no São Caetano, na Romênia e nos Estados Unidos.

"A passagem pelo City foi um divisor de águas para mim. Se eu tivesse me firmado por lá, acredito que teria tido novas chances na seleção e tudo teria corrido por um outro caminho", completa o ex-zagueiro, que hoje trabalha como empresário de jogadores e vive na ponte aérea Brasil-Alemanha.

Vice-campeão inglês desta temporada, o Manchester City reestreia amanhã na Liga dos Campeões da Europa. O time de Pep Guardiola recebe o Real Madrid no jogo de volta das oitavas de final da competição.

Como venceram por 2 a 1 na Espanha, em março, antes da paralisação do futebol por conta da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), os ingleses podem até ser derrotados por 1 a 0 que continuarão vivos na briga pelo primeiro título de Champions da sua história.

O vencedor do confronto entre City e Real terá como adversário na próxima rodada Juventus ou Lyon, que também completam amanhã seu confronto mata-mata (os franceses ganharam por 1 a 0 na ida).

A partir das quartas, todos os mata-matas do torneio continental serão disputados em jogo único e em um só país, Portugal. A decisão está marcada para o dia 23 de agosto, no estádio da Luz, em Lisboa.