Mauro Cezar Pereira

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O futebol não decide nada, vale pouco na eleição de 2.000 votos no Flamengo

por José Peralta*

O Flamengo tem um programa de prioridades e descontos na compra de ingressos e só. O Nação Rubro-Negra não passa disso. O fato de algumas pessoas pagarem apenas pra ajudar o clube não faz dele algo maior do que isso.

Aliás, hoje entendo que o Nação não deve dar direito ao voto. A Ambev criou essa expressão com "sócio" no nome, mas que de sócio não tem nada. Na melhor das hipóteses é carnê pra jogos + clube de vantagens.

O que eu gostaria de ver é a criação do sócio off-Gávea. Sem vantagens na compra de ingressos (isso é pro sócio torcedor) e sem direito a jogar beach tennis ou fazer sauna no clube, mas participando das decisões da razão do Flamengo ser gigante: o futebol.

Poderiam fazer diferentes categorias, com algumas, depois de algum tempo de vida associativa, tendo direito a participar de reuniões online e votar remotamente. De repente assim o crônico déficit do clube social acabaria.

Óbvio que não seriam planos de 10 reais, não dá pra ser inocente - não que esses não possam existir, com outros benefícios. De qualquer forma, seja 10 ou 100, isso nunca irá sair. O minúsculo colégio eleitoral (em 2021 foram 2.011 votos) mantém um ciclo vicioso terrível.

O destino do futebol masculino profissional, que banca tudo, é definido na piscina e no parquinho. Sobra aos 40 e tantos milhões de trouxas apenas pagar DARF, comprar pulseirinha, tijolinho e produtos licenciados, tomar Carabao, abrir conta no BS2 e BRB, doar pro Anjo da Guarda, assinar mycujoo, FlaTV+ e PPV, se associar ao Nação e engajar em ações com os patrocinadores.

E como o futebol vale menos que a bocha na hora do voto, nosso 'core business' fica em segundo plano. Sonhamos com alteração do modelo societário, de cultura, de práticas de gestão corporativa, de padrões profissionais...

O que temos: VPs loteadas, milícias organizadas no bolso, amadorismo remunerado e dezenas de milhões de palhaços. Agora imaginem se o Flamengo tivesse 50 mil (pra não pedir muito) sócios e voto remoto. Repito, não vai acontecer, mas só imaginem.

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Qual a chance de alguém ser reeleito ou eleger alguém de seu grupo político depois de tudo que aconteceu em 2023 e 2024?

Será que o futebol ficaria nas mãos de um amador bronco e um diretor de futebol sem formação na área?

Será que não haveria comissão permanente?

Será que o clube perderia staff porque os remunera pior do que os outros cariocas?

Será que o clube iria menosprezar áreas como inovação, tecnologia, psicologia e outras ciências aplicáveis ao esporte?

Será que haveria melhores profissionais nas categorias de base?

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Aliás, o bilionário Flamengo deveria ter os melhores do mercado, os melhores do continente, os melhores que o dinheiro pode pagar, do fotógrafo ao nutricionista, do psicólogo ao fisiologista, do social media ao analista de mercado, do scout ao agrônomo. Temos?

Numa eleição de dois mil votos, o futebol não decide nada. O futebol vale muito pouco.

* José Peralta é advogado, especialista em direito tributário e torcedor do Flamengo.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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