Topo

Casagrande

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Maurício Souza e Fittipaldi misturam esporte e política da pior forma

O ex-jogador de vôlei Maurício Souza e o deputado federal Eduardo Bolsonaro - Reprodução/Instagram
O ex-jogador de vôlei Maurício Souza e o deputado federal Eduardo Bolsonaro Imagem: Reprodução/Instagram

Colunista do UOL

23/08/2022 04h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Ainda existe gente que diz que política e esporte não podem se misturar. Mas a questão é que tipo de esportista se envolve com política e qual tipo de político se envolve com o esporte.

Indo por esse caminho, e com base nas colunas Olhar Olímpico, do Demétrio Vecchioli, e do Flavio Gomes, que foram publicadas ontem (22) no UOL, podemos fazer uma viagem por essa mistura. Infelizmente, nesses dois casos, uma mistura macabra.

Queria começar pelo Maurício Souza, candidato a deputado federal por Minas Gerais pelo PL (partido do presidente). Todos lembram muito bem como foi a saída do seu ex-time, o Minas Tênis Clube. Maurício fez postagens homofóbicas constantes nas suas redes sociais, mas a gota d'água foi um comentário sobre um beijo gay do filho do Superman numa história em quadrinhos.

Maurício foi lançado candidato para a Câmara dos Deputados por um grupo suprapartidário pró-armas e, no final do ano passado, foi preso em flagrante numa blitz com arma e munição no carro. Pasmem: o candidato não sabia nem o nome e nem tinha o contato do traficante que lhe vendeu a arma — e, diga-se de passagem, isso pode caracterizar como financiador do tráfico de armas. Defender armas é uma covardia com um povo que está passando fome, com um governo destruindo a educação e a cultura. A desculpa dessas pessoas é que temos que nos defender, mas isso é papel da polícia, não do cidadão.

Agora o Ministério Público Eleitoral pediu o indeferimento da candidatura, porque Maurício não está quite com as suas obrigações eleitorais. E qual foi a forma usada pelo Maurício para tentar resolver essa situação? A mentira. Ele disse que não pôde votar porque estava defendendo a seleção de vôlei e, por ser um patriota, não se negava a defender sua pátria. Demétrio Vecchioli mostrou, no entanto, que ele não estava defendendo o Brasil em época de eleições.

Ou seja, Maurício é um patriota da mentira e do preconceito. Mas temos que reconhecer a sua coerência nas mentiras, afinal, é aliado do atual presidente e dos filhos dele.

Mas se a gente acha que tudo está ruim, precisa prestar atenção, porque ainda pode piorar. E aí aparece o Emerson Fittipaldi, bicampeão de Fórmula 1, saindo como candidato ao Senado lá na Itália pelo Fratelli d'Italia, um partido fascista, como escreveu o Flavio Gomes.

Como bem disse o Flavio, Fittipaldi — que está devendo uma fortuna para credores e para a Receita Federal — passou a adular o atual presidente prometendo mostrar aos europeus que eles estão "errados" quando o criticam porque é contra vacina, deixa queimar a Amazônia, ataca o sistema eleitoral, entre vários outros desmandos desse desgoverno federal.

Por fim, os dois ótimos textos mostram que quando esportistas de direita, preconceituosos, mentirosos, fascistas, entram na política, aquelas pessoas que dizem que esporte e política não devem se misturar simplesmente se calam.

E aí eu digo que o Maurício Souza e Emerson Fittipaldi têm o direito de estarem na política, mas espalhar preconceito, mentir e enganar, não. No entanto, se o Brasil quiser mesmo mudar, essas pessoas não deveriam ser eleitas para nada.

Clássico inglês esquentou uma segunda-feira fria

Sancho deixou Milner no chão antes de abrir o placar para o Manchester United diante do Liverpool - Michael Regan/Getty Images - Michael Regan/Getty Images
Sancho deixou Milner no chão antes de abrir o placar para o Manchester United diante do Liverpool
Imagem: Michael Regan/Getty Images

Ontem foi uma segunda-feira fria aqui em São Paulo, mas com Manchester United x Liverpool, não dá para reclamar. Foi uma partida fantástica, de verdade, o maior clássico do futebol inglês. E também quero destacar a ótima equipe de transmissão da ESPN, com Paulo Andrade, Mário Marra, Natalie Gedra e Carlos Eugênio Simon.

Os dois times tiveram um início ruim no campeonato, mas começaram jogando aberto, tentando a vitória o tempo todo. Nada de segurar resultado. E é isso: toda semana tem o show da Premier League, com grandes jogos e muitos gols. Podem até reclamar mas, para mim, não temos campeonato igual a esse.

Manchester United e Liverpool são os dois times que eu mais gosto, desde sempre. Quando jogava na Itália, assistia o Campeonato Inglês aos sábados à tarde, quando estava concentrado. Naquela época, o jogo era chuveirinho na área o tempo todo. Só o Liverpool era diferente, com John Barnes, Ian Rush e Peter Beardsley, o ataque do time ali pelo fim da década de 1980. Hoje, se joga um futebol melhor na Inglaterra, muito por causa dos estrangeiros, mas também pela evolução técnica e mudança de estilo de jogo.

Mas falando desse jogo de ontem, que terminou 2 a 1 para o Manchester United, quero destacar os gols. Primeiro o golaço do Sancho, que deixou o Milner e o Alisson estatelados no chão, para depois dar um tapa com toda tranquilidade do mundo. Já o gol do Rashford... se fosse aqui no Brasil, o VAR teria assinalado impedimento, como faz na maioria dessas jogadas ditas "ajustadas". Sorte dele é que na Inglaterra vale, e aí o United fez 2 a 0. No final, o Salah descontou para o Liverpool com todo oportunismo do mundo e com ótimo posicionamento na área.

Mas aí o ambiente já era outro no Old Trafford, com o United vencendo o primeiro jogo na temporada, justamente contra o seu maior rival, no dia da apresentação do Casemiro e com o Antony quase lá.

Acredito que o Manchester United vai brigar lá em cima da tabela. Não sei se vai disputar o título, mas a vaga na Champions, acho que sim.