Comoção corintiana no aeroporto tem paixão, política e esperança misturadas
Eterna lembrança da frase do ex-presidente do Internacional, Fernando Carvalho: "Aeroporto não é lugar de receber jogador recém-contratado. É para recepcionar time campeão". Como foi dita três anos antes de a torcida colorada receber Adriano Gabiru aos gritos de "Me perdoa!" e "Campeão do mundo!", o valor daquela sentença é inestimável.
Aeroporto não é lugar de receber craque também pelo transtorno para passageiros que chegam e saem.
Por outro lado, não é digno de quem pretende analisar futebol desprezar 2.000 pessoas (talvez menos) presentes ao saguão do Terminal 3, a 29 quilômetros da Praça da Sé, às 5h da manhã, para receber Memphis Depay aos cantos de "Corinthians veio pra vencer."
Dentro do Parque São Jorge, entende-se que a operação Memphis Depay não carrega risco e está dentro do contrato da Esportes da Sorte. Mesmo que os sócios da empresa de apostas permaneçam presos, o contrato terá de ser cumprido.
A ver.
Também não se sabe qual será o desempenho de Memphis Depay. Sabe-se que é jogador de talento, com duas Copas do Mundo e duas Eurocopas no currículo.
E ainda chega dizendo "Vai, Curintia!"
Não é um fenômeno exclusivamente corintiano. Já aconteceu, de maneiras diversas, com Ronaldinho Gaúcho no Flamengo, com Borja no Palmeiras, com Ronaldo no Corinthians, com Luís Fabiano no São Paulo. Nem todas com sucesso garantido.
A novidade da quarta-feira de manhã, no entanto, é a torcida do Corinthians. Parte foi a Guarulhos pela política, pelo apoio ao presidente. Parte foi por paixão. Parte foi por ser absolutamente crédulo e ingênuo. Parte por acreditar no talento de um jogador de Copa do Mundo e Champions League. Tudo misturado e gritando "Vai, Curintia!"
Nenhuma análise isenta deve partir de um pensamento único, do tipo eu estou certo e todo mundo está errado. Parece necessário olhar para fora e observar o que se passa com cada reação corintiana à contratação de Memphis Depay. A palavra, para esse povo no aeroporto, é esperança.
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