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Olhar Olímpico

Fratus diz que pode bater recorde mundial de Cielo: 'Por que não?'

Bruno Fratus comemora medalha de prata conquistada no Mundial de 2019 - ED JONES/AFP
Bruno Fratus comemora medalha de prata conquistada no Mundial de 2019 Imagem: ED JONES/AFP

04/07/2020 04h00

Por que não? É assim que Bruno Fratus reage à pergunta se o recorde mundial de Cesar Cielo nos 50m livre, 20s91, pode ser batido em breve e se pode ser ele a superar o rival. O nadador, dono da 16ª melhor marca da história, não gosta que duvidem dele.

"Quando eu tinha 16 anos e ganhei minha primeira medalha de Brasileiro, eu estudava de manhã e treinava a tarde na piscina do colégio marista de Natal (RN), estava para ganhar minha primeira medalha de ouro de categoria, eu abordei o Albertinho e perguntei: 'Tem espaço para mim na sua equipe?' Ele perguntou: 'Quem é você e o que você nada?' Isso foi em 2006 e 14 anos depois aqui estamos. Por isso que eu perguntou: Por que não?"

Depois de rodar diversos pequenas equipes do Nordeste, em Salvador, Aracaju, Natal, Fratus recebeu de Albertinho a chance de treinar no Pinheiros e, há dez anos - onze se contarmos a temporada paralisada de 2020 - é um dos 10 mais rápidos dos 50m livre.

"Quando você pergunta se é possível bater o recorde, o que eu escuto é se 20s91 é impossível de ser quebrado. E não é impossível. Alguém vai bater isso cedo ou tarde. E pode ser eu? Por que não? Se você acreditar, colocar tempo e esforço... É a única pergunta que vale a pena ser perguntada: Por que não? Posso bater o recorde mundial? Por que não? Posso ser campeão olímpico? Por que não? Em 2008, ainda de maiô, eu sonhava nadar para 21, hoje eu sou o cara que mais nadou para 21s".

Partindo desse princípio, de que nada é impossível, Fratus mexeu em time que estava ganhando. Depois de três Mundiais seguindo indo ao pódio, mas não na posição mais alta, foi atrás de um novo técnico e reencontrou Arilson Silva, o Ari, que já o havia treinado no passado.

Mais do que treinador, Ari é seu sócio. "Eu tô numa fase onde meus técnicos, minha equipe técnica, a gente tem o relacionamento de sócios. As decisões são tomadas em conjunto, a gente discute tudo muito de igual para igual. Sempre fui interessado em aprender sobre os diferentes aspectos da performance, sejam eles psicológicos, fisiológicos, nutrição, a parte de preparação física, o treino dentro e fora da água. Hoje em dia eu consigo ter uma conversa mais nivelada com meu preparador físico, meu técnico, minha psicóloga."

Ainda longe de atingir todos os objetivos de carreira - a saber, "o infinito, o além, o estrelado", como contou ontem o UOL Esporte -, Fratus ainda não pensa em aposentadoria, aos 30 anos. Chegou a cogitar essa possibilidade em 2016, depois de ser apenas o sexto colocado na Olimpíada do Rio e entrar em depressão.

Ele quer ir aos Jogos de Paris e continuar nadando enquanto estiver sendo rápido. "Eu não tenho muito plano de ficar tentando arrastar minha carreira enquanto eu não esteja sendo competitivo, enquanto eu estiver competindo bem. Quando eu sentir que a molecada está passando carro, tá me atropelando não tem por que. Deixa os caras voarem e vai".

Quando isso acontecer, Fratus deve se tornar treinador, seguindo caminho parecido com do seu ex-treinador Brett Hawke, australiano que saiu da piscina direto para ser um dos melhores técnicos de velocidade do mundo. "Quero ter envolvimento direto com performance, atleta. Estou nessa há muito tempo para jogar fora tudo que eu aprendi, tudo que eu passei. Eu preciso fazer alguma coisa com atletas. Mas não é um plano que parei para traçar, é baseado em impressões."