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Judoca brasileiro treina ginástica artística para ter diferencial em Paris

Quinto colocado ranking olímpico do judô, Willian Lima deverá ser cabeça de chave na Olimpíada, mas sabe que precisa de um algo a mais para medalhar em Paris. Foi um busca deste diferencial que ele começou a treinar ginástica artística.

A novidade surgiu por uma iniciativa de Francisco Barreto, que fez parte da equipe de ginática nas últimas duas Olimpíadas, é formado em educação física e se ofereceu para ajudar na preparação do time de judô do Pinheiros, clube dele e de Willian.

"Eu brinquei com o Leandro Guilheiro [head coach do judô do Pinheiros] e falei: 'Esses meninos precisam de mobilidade, são muito duros! Deixa eu brincar meia hora antes do treino com eles, passar um pouco de mobilidade, fazer uma ativação. Super rolou, foi uma troca de experiência muito bacana", conta Chico.

Um dos impactados foi Willian Lima, que percebeu quão "durão" é — e não no bom sentido. "Eu nunca fui um atleta de muita mobilidade e percebi que precisava melhorar isso, tanto por conta de lesão quanto pelo conhecimento corporal. Os atletas de ginástica têm um conhecimento do corpo muito grande. A percepção que eles precisam ter para fazer o que eles fazem é bizarro", explica William.

O judoca, de 24 anos, pediu para Chico ajudá-lo além daquelas atividades passadas para toda a equipe de judô. É tudo na base da amizade, quando os dois estão no clube. E tem dado certo. "A gente tem feito bastante coisa de mobilidade, fortalecimento, e assim que eu estiver com o ombro bom de novo já falei para ele que eu quero tentar fazer uma barra fixa, tentar fazer uns mortais", conta.

Chico também está empolgado com a parceria. Formado em educação física há mais de 10 anos e atleta da seleção até hoje, aos 24 anos, ele defende que a ginástica artística seja o esporte base de todas as modalidades. "Não que todo atleta tem que ser especialista em ginática, mas tem alguns padrões básicos que dão coordenação, consciência corporal, flexibilidade. Aprendo muito porque acabo lidando com outra modalidade, especificidade de outra modalidade."

Ele reconhece que um trabalho assim, intermodalidades, é bastante incomum, porque cada esporte é fechado dentro da sua bolha de profissionais. Cita um exemplo: só quem tem experiência dentro da ginástica vai entender quando ele chegar e reclamar que sente dor fazendo um Tkachev (movimento da barra fixa).

Mas acredita que essa troca é positiva, porque apresenta pontos de vista novos. "Ele tinha algumas dores, no ombro, no joelho, tava com dor nas costas. Nada muito grave, nada de lesão, mas que a gente corrigiu com ativação muscular, trabalho de escápula, ativação de escápula, que é muito usada na ginátstica. Se melhorar a questão de lesão, ajudar no alongamento, o impacto na performance é imediato", avalia o ginasta.

Enquanto Chico está tirando o pé do acelerador, e cobrando que os mais novos tenham notas melhores do que as dele na ginástica, Willian está no auge. Nos últimos 60 dias, foi bronze em duas etapas de Grand Slam e venceu o Campeonato Pan-Americano e da Oceania. Desde agosto do ano passado, chegou ao quadro final, entre os oito primeiros, de todos os torneios que disputou.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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