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Newsletter: Medalha não é tudo igual, e Copa do Mundo não é Mundial

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Imagine um clube de futebol do Brasileirão anunciando um jogador pouco conhecido: "Fulano de tal já ganhou dez medalhas". Você consegue imaginar algum formador de opinião se tranquilizando, sem se perguntar: "tá, mas quais medalhas"?

Por alguma razão, quando se trata de esporte olímpico, aceita-se que atletas sejam resumidos a número de conquistas, não à qualidade delas. "Nossa, fulano ganhou 64 medalhas de ouro ao longo da carreira", impressionante. De quais provas? Em que campeonatos? De que nível? Não importa. São 64 medalhas!

Não que, para quem conquistou, as medalhas não sejam extremamente relevantes. São, e devem mesmo ser.

Mas a opinião pública não pode ser formada sem observá-las em perspectivas. Se no futebol ninguém coloca um jogador que ganhou Campeonato Goiano (nada contra) e o Romário na mesma caixinha só porque ambos já foram campeões de alguma coisa, por que no esporte olímpico é aceitável que se coloque?

Na semana passada, essa discussão veio à tona em um texto deste Olhar Olímpico sobre o coach Joel Jota, convidado pelo COB a ser mentor do Time Brasil nas Olimpíadas. Escrevi que nadadores o tinham como charlatão, porque ele exagera muito os feitos da carreira esportiva e ganha dinheiro a partir de uma construção de personagem que começa nesse exagero.

Divulga que foi considerado um dos melhores nadadores do mundo (ou "eleito melhor do mundo", ou "um dos melhores do mundo em sua geração", varia de acordo com o espaço), sem explicar que é ele mesmo quem se considera.

E, quando questionado, argumenta que foi sétimo colocado em uma etapa de Copa do Mundo de Piscina Curta, sem explicar que Copa (um torneio com diversas etapas ao longo do ano que reúne, no máximo, 20% da elite da natação) é diferente de um Mundial. Pelo contrário, em mais de uma vez disse que foi a um 'Mundial".

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O caso deu o que falar. Jota renunciou ao convite, passando a dizer que havia sido chamado só para ser padrinho, ainda que o convite, feito em vídeo e publicado por ele, fosse para ser "mentor" de atletas e treinadores, o lettering da postagem no Instagram fosse "mentor do Time Brasil" e o release dele tivesse o título "Joel Jota inaugura papel de mentor do Time Brasil"

É inacreditável, mas, 36 horas depois de tudo isso ser publicado, ele conseguiu convencer milhares de pessoas que a ideia de mentor nunca existiu.

Há sempre quem esteja propenso, disposto, faminto por acreditar em mentiras. Do outro lado, estará a informação, separando o joio do trigo.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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