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Pressão de associados faz Pinheiros voltar atrás e fechar clube

Alameda interna do Esporte Clube Pinheiros - Divulgação
Alameda interna do Esporte Clube Pinheiros Imagem: Divulgação

17/03/2020 10h04

Maior clube da elite paulista, o Esporte Clube Pinheiros anunciou na noite de ontem (16) que, diferente de praticamente todos os seus pares, não fecharia as portas por causa da pandemia de coronavírus. Adotaria algumas medidas restritivas, mas que quadras, piscinas, pista de atletismo, bares e restaurantes seguiriam abertos normalmente para os sócios, apesar da preocupação com o novo coronavírus. Só atletas, inclusive os de alto rendimento, os que mais precisam continuar usando os equipamentos, porque se preparam para a Olimpíada, seriam proibidos de treinar.

Ninguém gostou. Enquanto atletas se revoltavam em grupos de Whatsapp, informados que seriam proibidos de treinar enquanto o clube seguiria aberto, no Facebook associados saíram em defesa dos funcionários. Em três horas o clube revogou a própria decisão colegiada, estudada durante todo o dia, e anunciou que fechará as portas a partir da meia-noite de quarta (19).

"Participei da reunião do grupo de contingência do coronavírus e não participei como presidente da votação das decisões pela manutenção parcial do funcionamento do clube. Acatei a decisão da maioria expressiva como republicano que acho que devemos ser. Em virtude das ponderações que recebi de vários associados, determino que o clube seja fechado a partir da meia-noite de quarta para quinta-feira, por tempo indeterminado", escreveu o presidente Ivan Castaldi por volta das 23h.

Era pouco depois das 20h quando o Pinheiros anunciou o resultado de uma reunião que começou as 15h e em que um "comitê de monitoramento" formado principalmente por diretores ligados à área social do clube decidiu que manteria abertos todos os três campos de futebol, todas as quadras, pista de atletismo e dois vestiários. Também um estacionamento continuaria aberto, o da Faria Lima, pelo qual o acesso ao clube se dá por elevador. Os bares e restaurantes também funcionariam normalmente, desde cedo (7h) até o fim da noite (23h).

Restrições só a aulas, a eventos, serviço de personal trainer e "treinamento esportivo". Nadadores que se prepararam para a seletiva olímpica, que segue marcada, por exemplo, ficariam proibidos de utilizar a piscina. O sócio não. Como o Olhar Olímpico mostrou na semana retrasada, o Pinheiros tem tomado medidas que afetam o esporte de alto rendimento, que tem se sentido desvalorizado. O clube alega que, pelo contrário, aumentou em R$ 3,5 milhões seu investimento em apenas três meses.

Ainda que a decisão pelo fechamento parcial tenha sido tomada no meio da tarde, ela só foi anunciada no começo da noite, depois que o prefeito Bruno Covas (PSDB) havia anunciado estado de emergência na cidade. Isso e as queixas relativas à saúde dos funcionários fizeram o Pinheiros voltar atrás e fechar o clube de forma geral. "Acho que o clube deveria exercer sua responsabilidade social com sócios e, principalmente, com seus funcionários. Fechem as portas", postou um associado no Facebook. Outros concordaram: "Precisa fechar o clube! Não é justo com os funcionários!".

Desde sábado, a grande maioria dos clubes sociais de São Paulo já fechou as portas. O Palmeiras foi um dos primeiros. Harmonia, Monte Líbano, Paulistano, Paineiras e Círculo Militar seguiram pelo mesmo caminho. As exceções, por enquanto, são a Hebraica, que alega que sua comunidade tem "suas particularidades" e o Clube Alto de Pinheiros.